Antevisão: Hellcard

Hellcard é um jogo no mesmo universo de Book of Demons. A equipa de desenvolvimento é a mesma e lançar o jogo inclusivamente abre um ecrã com os vários projetos do estúdio. Não sei porque razão a equipa acha boa ideia eu abrir um jogo para lá dentro poder abrir outro, mas nota positiva pela inovação acho eu. Book of Demons é um dungeon-crawler com jogabilidade hack-and-slash que não tendo o mesmo estatuto que outros jogos do género, é um jogo que vendeu bem e angariou boas opiniões da crítica.

Como o nome do jogo deixa de certa forma antever, Hellcard é um jogo de cartas, pelo menos em grande medida. Não é um jogo de cartas como Hearthstone, mas é um jogo de cartas. É também sobretudo um roguelike, portanto convém que gostem de ambos os géneros, ou irão ter alguns problemas com Hellcard. O jogo pede emprestado muitos dos aspetos de Book of Demons, além do mesmo mundo/universo, fazendo uso da direção artística e design. Hellcard separa-se dos outros jogos do género graças ao seu sistema de combate exclusivo. As personagens dos jogadores estão paradas dentro de um círculo e os inimigos na área atacam primeiro.

Dado o sucesso de Book of Demons, e com Hellcard partilhando o seu mundo, vários elementos de design, há uma certa expetativa do jogo e a maioria é justificada e atendida. Neste momento Hellcard encontra-se ainda em acesso antecipado, pelo que muito do que não está presente ou não funciona tão bem, tem ainda tempo para aparecer ou ficar resolvido até ao lançamento final. Tal como acontece com muitos jogos do género roguelike, a história não existe. A falta de história não é um problema para um roguelike, mas é algo bom de se ter e pessoalmente gosto de ter algum contexto nas minhas ações.

A jogabilidade é o que torna o jogo um sucesso ou um fracasso e Hellcard é uma mistura. Apesar de ser divertido na maioria das vezes, o jogo apoia-se demasiado no aspeto cooperativo da exploração de masmorras. Os jogadores podem-se juntar, tentar jogar sozinhos ou juntar-se a NPCs que substituem a opção cooperativa por um baralho adicional controlado pelo jogador. O modo cooperativo é a verdadeira maneira de jogar Hellcard e é onde o jogo se sente mais equilibrado. Isto não quer dizer que as outras formas de jogar não venham a ficar melhores até ao lançamento final, ou até que sejam verdadeiramente más neste momento, simplesmente jogar em cooperativo com outro jogador é a forma como o jogo foi pensado para ser jogado. Hellcard é um roguelike bastante direto. No início de cada corrida o jogador escolhe o tipo de classe, guerreiro, arqueiro ou mago e à medida que avança no jogo, desbloqueia artefatos e novos subtipos que são também uma espécie de progresso permanente do jogo.

Assim que uma corrida começa, a nossa personagem ocupa um círculo no centro de um nível cercado por inimigos. Temos acesso a cinco cartas no início, vindas de um baralho com o qual a personagem começa. O combate ]e baseado em turnos, com o jogador a usar essas cartas juntamente com o recurso de energia. O jogador é capaz de ver qual ação um inimigo fará no seu turno, tendo de planear as suas ações com isso em mente. Se o inimigo vai lançar um escudo protetor de 10 de defesa, não faz sentido usar o turno para o atacar com menos do que 10. No final do combate, somos recompensados com novas cartas para o baralho, dinheiro e, às vezes, uma oportunidade de recrutar um NPC para a equipa. Esses NPCs ocuparão uma nova fatia no círculo de combate para os inimigos se concentrarem, além de virem com seu próprio baralho de cartas com o tema de sua classe, também aumentarão o número de inimigos que enfrentamos em combate.

Depois de recebermos as recompensas do combate, temos a opção de gastar odinheiro antes de escolher o caminho que vamos percorrer no turno seguinte. Escolher o seu caminho é o que decide que tipo de inimigos vamos enfrentar. Isto no início diz-nos muito pouco, mas há medida que vamos conhecendo melhor o jogo, isto passa a ser uma informação valiosa. As opções sobre como gastar dinheiro incluem artefatos, novas cartas ou poder curar a nossa ou nossas personagens. Existe ainda a possibilidade melhorar cartas mas no início penso que se irão manter com estas opções.

Em termos de apresentação o jogo cola-se a Book of Demons, talvez até demais. Enquanto que esse estilo funciona muito bem num jogo mais focado em ação, num jogo parado como Hellcard não funciona tão bem. Usar o mesmo estilo ajuda a juntar os dois jogos, como se fizessem parte do mesmo pacote. Acredito que seja algo que o estudio procura, mas neste caso quem fica por cima é claramente o jogo anterior. Em termos de som o jogo safa-se muito bem, com bons efeitos e ambiente.

Hellcard tem ainda espaço para melhorar. O progresso é um pouco lento e sinto falta de uma narrativa por exemplo. Mas este é um roguelike bastante diferente do normal. A jogabilidade goste-se ou não, é bastante única. Não sei até que ponto posso recomendar o jogo nesta fase. Por um lado diverti-me bastante a jogar Hellcard, mas por outro não acredito que o jogo tenha atingido até aqui todo o seu potencial.

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