Análise: EA Sports PGA Tour

A mais recente entrada da EA no mundo do golfe não é a experiência consistente que muitos jogadores gostariam, especialmente depois de uma pausa de oito anos. Pendendo o nome de um atleta no nome do jogo pelo caminho, algo que se tinha tornado tradicional no jogo, pelo menos desde o lançamento de 98, EA Sports PGA Tour tem uma apresentação soberba, mas a jogabilidade deixa um pouco a desejar. No entanto, a EA saiu vitoriosa no licenciamento, incluindo o Masters e campos importantes como Pebble Beach. O primeiro dia do Masters é muito bem apresentado, incluindo as tacadas iniciais de grandes jogadores. Os comentários silenciosos durante os sobrevoos dos campos são úteis para entender melhor cada buraco também.

Os campos são visualmente deslumbrantes, com cada folha da relva renderizada individualmente e os espectadores ao redor dos buracos a serem o mais realistas que a tecnologia permite neste momento, pecando apenas por não reagirem quando uma bola os atinge, mas a culpa neste caso é minha. Acertar com bolas de golfe em inocentes é para outro jogo. A EA pode ainda melhorar a jogabilidade num futuro patch e a ausência de um ano no nome do jogo pode ser uma dica de que este jogo é para durar vários anos, havendo espaço para melhorias ao longo do tempo e para tornar a experiência de jogar golfe ainda mais realista e envolvente.

O preço do prestígio pode ser alto, mas quando se trata deste simulador de golfe é aterrorizante. Os fairways e greens parecem estar na sua configuração mais difícil e rápida, tornando o jogo ainda mais complicado. Embora o balanço do analógico funcione corretamente, os resultados são imprevisíveis, sem muito feedback sobre o que causou uma tacada inicial perdida. Não me parece que o jogo tenha um problema na jogabilidade em si, mas enquanto jogadores sentimos que estamos a fazer tudo correto e resultados errados. Cada tacada é crucial, levando em conta a velocidade, o comprimento, o loft e o vento. Sabemos que isso é verdade no desporto real, pois qualquer um desses fatores pode resultar numa tacada perdida. No entanto, o jogo não dá ao jogador uma ideia clara do que está a fazer de errado.

Quando a bola está no ar, uma pequena janela mostra o movimento do stick analógico, e qualquer desvio para a esquerda ou direita pode resultar num verdadeiro desastre. Mesmo no nível mais fácil, o jogo não nos dá descanso. Se a tacada estiver um pouco fora do poder ou da direção, a bola erra, independentemente da distância. Os greens apresentam um guia para ajudar na trajetória da bola, mas não há indicação clara sobre o que aquela linha representa para ajudar na mira. A EA não precisa de trabalhar na jogabilidade em si, mas precisa de investir tempo em melhorias que permitam uma jogabilidade mais intuitiva, proporcionando feedback mais claro e útil para os jogadores. Conseguimos encontramos a série de golfe da EA Sports, com alguma crise de identidade, com elementos do antigo jogo de Tiger Woods ainda presentes. Os casos mediáticos de Tiger Woods acabaram por causar vários problemas, obrigando a EA a tentar várias soluções para resolver o problema, mas pelo menos nessa altura a série tinha uma identidade mais definida.

Existem várias novidades, sendo uma das adições mais notáveis um botão de força que permite adicionar um giro irreal à bola. O modo de carreira é o único modo single-player de longo prazo, mas o criador de personagens é um pouco limitado. A acumulação de XP é rápida no início, mas torna-se muito lenta nas etapas finais, e o jogo pressiona os jogadores a gastar dinheiro real para avançar mais rapidamente. Este não é um problema apenas deste jogo ou até só da EA enquanto editora, mas é um problema da industria global que continua a forçar as compras de cosméticos depois de gastarmos num jogo tanto dinheiro. Os jogadores são incentivados a gastar pequenas quantias para comprar novas roupas ou aumentar o poder do clube e para quem não paga, a sensação é de que a progressão é lenta e a pressão para gastar dinheiro real é evidente. Podemos gastar muito tempo a falar apenas disso e as queixas dos jogadores são mais do que válidas, mas também por vezes esquecemos-nos que os jogos custam praticamente o mesmo há quarenta anos e os custos de desenvolvimento mudaram da noite para o dia.

Sobre o resto do jogo é importante referir que os desafios de treino não são tão bons quanto poderiam ser. Estes exercícios até oferecem patrocínios e XP, mas são um pouco aborrecidos. Cada desafio normalmente só dura algumas rondas e, em seguida, devolve o jogador para um ecrã de carregamento e para o menu principal. Algo que não podemos negar é que o jogo é bonito. Às vezes, a beleza gráfica até pode atrapalhar a jogabilidade, com a relva alta a ser um problema também, pois pode obstruir a vista do medidor, tornando o jogo injustamente difícil. Mesmo com o nivelamento, que permite diferentes tipos de swing para facilitar o jogo, o sistema de habilidades ainda parece estranho num jogo de simulação de golfe.

Embora o EA Sports PGA Tour capture as nuances do desporto real, alguns dos seus sistemas encontram-se em lados opostos do espectro da simulação. Existem aqui promessas de algo muito bom e há espaço para melhorar se assim pretenderem. Pode ser uma opção divertida para os jogadores que procuram uma experiência de golfe diferente.

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