Análise: Terra Nil

O mundo dos jogos frequentemente aborda o tema de salvar o mundo de uma catástrofe iminente. Em geral, estas catástrofes são causadas por supervilões, invasores de outros planetas ou entidades malignas ancestrais mas raramente tentam abordar a ideia de que a maior ameaça à Terra somos nós mesmos. Esse é o trabalho que Terra Nil faz. O jogo, desenvolvido pela Free Lives, coloca o jogador no papel de um administrador encarregado de recuperar um mundo devastado pelas consequências do aquecimento global e da destruição ambiental provocada pela humanidade. O resultado é um jogo inovador que mistura elementos de estratégia ecológica com uma mensagem importante.

O mundo do jogo é um verdadeiro deserto. Pradarias exuberantes, belas florestas e rios foram reduzidos a paisagens desoladas e tóxicas. Mesmo as grandes metrópoles do passado são agora apenas ruínas abandonadas, sendo a missão do jogador ajudar a natureza a se recuperar deste estado, plantando árvores, purificando a água e recriando habitats naturais para a fauna local. Com uma abordagem habitual e que irá soar familiar aos jogadores de construtores de cidades, é possível ajudar o planeta a recuperar. Cada área segue uma progressão semelhante, com o jogador a d ter de limpar o solo e a água, restaurar os biomas locais, reintroduzir a fauna e, por fim, reciclar todos os equipamentos utilizados. Temos de utilizar as diversas máquinas e ferramentas para revitalizar a vida vegetal e conseguimos ver o mapa a transformar-se do estado inicial num mundo repleto de vida.

A utilização consciente dos recursos é fundamental para o sucesso, pois não há opção de reciclagem até o final do jogo. Essa situação acaba por ser frustrante e prejudica a experiência de jogo, já que por vezes temos que voltar atrás porque ficamos num cenário de perda sem retorno. À medida que vamos avançando pelos quatro principais mapas, os o jogo fornece instruções claras para cada fase, o que acaba tornando o jogo um tanto enfadonho, não dando espaço a que o jogador tenha que pensar no que fazer a seguir. Quem espera por uma experiência mais aberta vai ficar um pouco desiludido, já que do início ao fim não existe a sensação de liberdade e criatividade associada ao género. Em algumas ocasiões em que o jogo não oferece instruções explícitas, o jogo também sofre e acabamos por nos sentir sem rumo. É um pouco estranho que o jogo consiga ficar nos dois extremos mas é verdade.

Assim que as mecânicas começam a parecer naturais e pensamento do jogador se alinha mais com o dos criadores do jogo a campanha principal termina. É possível revisitar as quatro regiões e jogar mapas alternativos com mecânicas diferentes, mas o jogo não deixa de ser um pouco curto, nunca nos dando a sensação de liberdade que o modo sandbox normal de um jogo deste género nos dá. Terra Nil é um jogo que oferece uma abordagem única para o género de construção de cidades. Em vez de se concentrar na expansão humana e no progresso tecnológico, o jogo coloca o jogador no papel de um restaurador ambiental, encarregado de curar um mundo devastado pelos efeitos das mudanças climáticas e da atividade humana. É uma premissa refrescante e bem-vinda, que destaca a importância da preservação do meio ambiente e da vida selvagem.

Embora a jogabilidade seja geralmente agradável, às vezes pode ser interrompida por mecânicas irregulares. No entanto, essa é uma pequena falha em uma experiência geralmente bem projetada e altamente envolvente. Embora os criadores forneçam instruções específicas na maioria das fases, alguns jogadores podem se sentir limitados pela falta de liberdade criativa em certos momentos. No entanto, essa sensação é aliviada quando o jogador termina a campanha principal e desbloqueia mapas alternativos com mecânicas diferentes. Terra Nil é uma boa experiência para quem busca uma nova reviravolta no género de construção de cidades.

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