Análise: Fall of Porcupine

Com a crise na saúde no centro das atenções em Portugal, temos um jogo que procura abordar essa mesma questão de uma forma diferente. Fall of Porcupine procura abordar o tema de forma acessível, permitindo que os jogadores vistam a pele de médicos de animais num ambiente 2D. Infelizmente, o mais recente lançamento da Critical Rabbit não entrega o drama médico emocionante envolto em uma narrativa cativante que todos nós esperávamos. Embora seja um jogo adorável e com muito potencial, faltou algum cuidado e uma narrativa mais focada. Um trabalho de pesquisa impressionante foi realizado, como evidenciado pelos comentários detalhados presentes no jogo. É uma pena que toda essa pesquisa resulte numa história superficial e mecânicas de jogo repetitivas. No jogo, o jogador assume o controle de Finley, um pombo antropomorfizado e o mais novo médico do Hospital St. Ursula, na cidade de Porcupine. Enquanto atende os pacientes, o chefe, a chita Dr. Krokowski, está constantemente desapontado com as habilidades da nossa personagem.

Existem muito mais personagens para conhecer também, mas em termos gerais, Fall of Porcupine é principalmente um jogo de plataformas 2D com elementos leves de side-scroller. O jogador experimenta o trabalho, a vida e os sonhos de Finley e acessa as tarefas por meio de um telefone no jogo, que também mantém um registro do elenco e das mensagens de texto anteriores ao início do jogo. Essas mensagens de texto pareciam sugerir uma história mais abrangente, mas como referi acima, o que temos é algo muito simples. A história decai nos primeiros dois terços do jogo, com longas sequências em que Finley conversa com uma máquina de venda automática ou goza com o seu chefe enquanto joga um jogo de palavras. Sempre que algo interessante parecia que ia acontecer, nada acontece. A narrativa insatisfatória é intercalada com minijogos que principalmente retratam Finley a realizar as suas tarefas no hospital. Os melhores minijogos incluem puzzles de correspondência de cores e um jogo de símbolos.

No entanto, muitos dos minijogos mal podem ser considerados como tais, consistindo apenas em segurar vários botões ao mesmo tempo em posições desconfortáveis ou resolver pequenos enigmas obscuros através de diálogos com personagens secundários. Às vezes, até mesmo combates por turnos são incluídos, aparentemente sem motivo aparente. Ao longo do jogo, podemos tomar decisões através de opções de diálogo e outras pequenas ações, como apanhar o autocarro ou caminhar. No entanto, não fica claro se essas escolhas afetam os níveis de amizade ou os arcos da história. Num jogo como este, seria de esperar que o jogador tivesse uma compreensão clara de como as escolhas influenciariam o resultado. Para uma cidade pequena, Porcupine certamente tem uma grande quantidade de moradores. No entanto, todos eles falam muito sem realmente dizer muito. As suas motivações muitas vezes não são explicadas e o seu comportamento é inconsistente ao longo do jogo. Como resultado, é difícil criar empatia por eles nos seus momentos de dificuldade. Embora alguns eventos tentem evocar emoções, muitas vezes parece que estamos apenas seguindo o que nos dizem.

Fall of Porcupine também sofre de vários problemas de desempenho. A ausência de um sistema de gravação manual é frustrante, e os pontos de gravação automáticos são escassos e pouco frequentes. Embora esses problemas possam ser corrigidos em futuras atualizações, lidar com essas frustrações adicionais, juntamente com a natureza já repetitiva do jogo, acaba por afetar o resultado final. O ponto forte de Fall of Porcupine é, sem dúvida, o seu estilo de arte adorável. Os visuais em estilo de pintura 2D apresentam uma paleta de cores vibrantes para dar vida à atmosfera de Porcupine e do Hospital St. Ursula. As noites chuvosas parecem frias e húmidas, os fins de semana são retratados com cores felizes e as paredes brancas do hospital são limpas e clínicas. Se o estilo visual é o coração de Fall of Porcupine, então a música é não fica atrás. A banda sonora combina elementos de folk, acústicos de ritmo lento e tensões dramáticas para transmitir a atmosfera do jogo Efeitos sonoros, como estrondos, gritos e trovões, também ajudam a criar o ambiente em algumas cenas.

É difícil dar uma opinião extremamente positiva para Fall of Porcupine após jogar outros títulos do género. Embora o estilo de arte e a música se destaquem, eles não são suficientes para compensar as deficiências na história e na jogabilidade. O jogo tem potencial mas fica aquém do esperado. O estilo de arte adorável e a banda sonora são os principais pontos positivos, mas as personagens de animais com olhos grandes não conseguem esconder os problemas da história inconsistente e da jogabilidade pouco envolvente.

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