Análise: ghostpia Season One

ghostpia é uma novela visual que tem como palco que que dizem ser uma cidade ideal, uma verdadeira utopia mas para fantasmas. Mas será que podemos realmente atribuir o título de utopia a este lugar? Para Sayoko, mais do que tudo, o seu desejo é voltar a casa, mas isso pode se provar mais difícil do que parece. Com memórias perdidas a serem recuperadas e uma rapariga misteriosa a ser investigada, Sayoko não tem tempo a perder. ghostpia é uma novela visual que apresenta um visual colorido, remanescente de um livro ilustrado. O jogo é inspirado num profundo sentimento de saudade e nostalgia. Sayoko procura respostas nesta cidade, cercada por um vasto deserto de neve e incapaz de se adaptar ao ambiente fantasmagórico.

À primeira vista, pode ser difícil compreender o apelo do jogo, especialmente quando comparamos o jogo com o restante catálogo da PQube. Mas esta empresa não é negligente quando se trata de romances visuais. A PQube tem-nos trazidos os títulos mais marcantes do género nos tempo recentes. Eles conhecem bem o género e portanto temos que ignorar o primeiro impacto, já que esse é talvez o pior aspeto do jogo. É depois dos primeiros minutos de jogo que descobrimos que este jogo merece muito mais do que aparenta. A estética de livro infantil é encantadora no contexto em que se encontra e além disso, é utilizada de forma inteligente, contribuindo para melhorar a história.

ghostpia Season One passa-se como referi acima numa cidade habitada exclusivamente por fantasmas. Durante o dia, esses fantasmas desaparecem, mas renascem à noite. Ao longo de milénios, eles foram perdendo a memória das coisas, mas, apesar disso, continuam a viver de forma estranhamente normal. Às vezes, tudo parece encantador. Os personagens embarcam em aventuras que lembram os livros infantis, brincando de uma maneira que é perfeita para um livro infantil. A música é alegre e vibrante e no geral o jogo e ambiente é bonito.

Existem aqui contrastes que começam a parecer assustadores. Existe uma viagem que todos os personagens principais parecem estar deliberadamente a esquecer, mas parece ter sido uma experiência terrível. Além disso, existem rachaduras nas personalidades do grupo e a cidade é governada por uma igreja autoritária, cujo prédio lança uma sombra longa sobre a população. A presença de uma igreja desse tipo nunca é um bom sinal. Há também uma enorme bomba na cidade, o que me fez pensar em Fallout 3. Num jogo deste género nunca é bom falar demasiado da história e portanto vou parar por aqui. Vou apenas dizer que o jogo aborda uma ampla gama de temas de forma impactante. Explora desde assuntos relativamente simples, como amizade e solidão até questões filosóficas mais profundas.

Esta é apenas a primeira temporada do jogo e espero que não aconteça como outros jogos onde o jogador passa um jogo inteiro a jogar algo que fica a meio, com grande parte da experiência a ser focada em antecipar o que vai acontecer a seguir, apenas para a sequela ser cancelada e ficarmos com uma história contada pela metade ou menos do que isso. O jogo é incrivelmente pequeno, considerando o jogo como um todo. Embora o jogo não apresente nenhuma jogabilidade interativa, já que não podemos tomar decisões no diálogo e é puramente um romance visual, a interface do usuário é má também.

Naquilo que é importante, o jogo é muito bom e deixa-nos ansiosos pela segunda temporada. A estética peculiar está presente em abundância e o jogo ganha muito com isso, não se misturando com outros jogos do género. Se gostam de visual novels, ghostpia Season One é uma excelente e envolvente proposta.

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