Análise: Landlord’s Super

Com o mercado imobiliário a chegar a preços ridículos, era só uma questão de tempo até termos uma versão jogável de como é ser um senhorio. Muitos jogos já abordaram o tema, de forma mais ou menos bem conseguida, mas nenhum o fez da mesma forma que Landlord’s Super. O jogo não se baseia naquela ideia do Reino Unido que talvez todos tenhamos, mas sim numa visão distorcida da Grã-Bretanha pós-industrial. Uma atmosfera única e impactante que é também um retrato desolador da época, onde as consequências do thatcherismo são evidentes e o desespero permeia todos os aspectos da vida. É uma experiência que envolve o jogador e o faz refletir sobre as condições sociais e econômicas da época.

Embora essa descrição possa parecer sombria, é precisamente essa atmosfera e narrativa única que torna o jogo cativante. É um olhar cru e desafiador para uma época marcante da história britânica. Neste jogo, o jogador assume o papel do filho de um imigrante que teve a sorte de adquirir uma propriedade através do direito de compra nos arredores da cidade. Com o objetivo de escapar das amarras da classe trabalhadora e se tornar um proprietário, o jogador tem a tarefa de renovar a antiga casa do conselho para alugá-la a alguém em uma posição social um pouco abaixo da sua.

Num jogo de fantasia que retrata a vida de um senhorio, aquilo temos de sujar as mãos literalmente. Construir fundações, misturar e despejar cimento, espalhar argamassa, assentar tijolos e colocar telhas no telhado são algumas das tarefas que vamos realizar. O trabalho necessário para reformar a casa é fixo, seguindo uma sequência linear de tarefas predefinidas, mas cada uma delas é distintamente interativa. Os materiais de construção e ferramentas não surgem magicamente de bolsos infinitos, mas estão fisicamente presentes no espaço do jogo, normalmente em pilhas desorganizadas espalhadas pela propriedade em obras. Cada tijolo e tábuas individuais devem ser adquiridos, carregados e posicionados manualmente, cada prego precisa ser martelado no lugar.

Essa abordagem confere ao jogo uma sensação real de trabalho árduo, reforçada por um medidor de energia que diminui a cada saco de cimento despejado e um medidor de higiene que fica sujo à medida que trabalhamos na lama.Essa imersão detalhada e física na rotina de um senhorio cria uma experiência única e desafiadora. O jogador vê-se envolvido nas tarefas diárias de um empreendimento de construção, enfrentando as dificuldades e recompensas que surgem ao longo do caminho. Embora o jogo possa retratar um trabalho árduo e exigente, essa abordagem realista e interativa adiciona uma camada de profundidade à narrativa e proporciona uma perspectiva única sobre as lutas enfrentadas pelos imigrantes e trabalhadores de classe baixa em busca de uma vida melhor.

Aqui temos também a oportunidade de explorar os pontos turísticos de Sheffingham, que nesta versão são limitados a algumas lojas de ferramentas, um centro de empregos e um pub. Vamos andar pela cidade a pé ou de autocarro. No início do jogo, temos de trabalhar no pub local para ganhar dinheiro suficiente para comprar o passe do autocarro e materiais de construção. Com o tempo, quando estivermos mais estabelecidos, podemos solicitar novos materiais por telefone. Isso convocará um caminhão de entrega que temos de descarregar manualmente, a menos que tenhamos economizado dinheiro para comprar um empilhador.

Visualmente jogo apresenta uma representação realista e artística de uma cidade degradada, explorando a monotonia e a falta de perspectiva de um ambiente urbano. A sensação de vazio e desespero é retratada de maneira autêntica, proporcionando uma experiência que faz refletir sobre as dificuldades enfrentadas por comunidades negligenciadas e economicamente desfavorecidas. Landlord’s Super tem tanto de único como de experiência limitada. É um jogo interessante, mas não faz nada de realmente único, no entanto oferece um ângulo diferente do tipo de jogo que é.

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