Análise: Monochrome Mobius: Rights and Wrongs Forgotten

Monochrome Mobius: Rights and Wrongs Forgotten é uma criação dos mesmos mestres por trás de Utawarerumono. Esta é uma obra que tecnicamente se encaixa entre Utawarerumono: Prelude to the Fallen e Utawarerumono: Mask of Deception, mas é importante notar que Monochrome Mobius está mais ligado ao último título da série. Apesar disso, é possível retirar valor de jogar este jogo sem jogar os outros jogos em que este jogo encaixa. Obviamente que vão retirar muito mais valor do jogo se realmente tiverem joga esses jogos, mas não é algo que eu possa considerar obrigatório. Neste jogo, somos convidados a mergulhar na ascensão à proeminência e poder do protagonista Oshtor, uma personagem central nos jogos Utawarerumono.

O encontro com Shunya, uma jovem misteriosa que afirma ser filha do seu pai, desencadeia uma demanda pela verdade sobre o seu pai e Shunya. Oshtor se torna, assim, um fiel servo do governante divino de sua terra, o Mikado, seguindo os passos do seu pai. Mikado também desempenha um papel fundamental em Utawarerumono. Até mesmo os terceiro e quarto membros do grupo, Munechika e Mikazuchi, são figuras conhecidas dos jogos Utawarerumono. Monochrome Mobius: Rights and Wrongs Forgotten está fortemente entrelaçado com os outros jogos da série em vários níveis. Muitos locais, personagens e conceitos são introduzidos sem muita explicação, deixando aqueles que entram na série aqui, um pouco à deriva. A maioria desses elementos é posteriormente desenvolvida nos jogos Utawarerumono. Assim, parece que Monochrome Mobius: Rights and Wrongs Forgotten foi concebido como uma peça complementar para os fãs de longa data.

No entanto, este jogo tem mais a oferecer do que simplesmente referências e conexões com a série anterior. Um dos pontos altos é o cenário rico e único, inspirado na cultura Ainu. É a primeira vez que os jogadores têm a oportunidade de explorar este mundo em 3D, e essa mudança é notável. As personagens têm personalidades distintas e numerosas cenas opcionais que ajudam a aprofundar os seus desenvolvimentos individuais. No que diz respeito à jogabilidade, Monochrome Mobius surpreende com o seu sistema de batalha envolvente. As batalhas, à primeira vista, podem parecer simples, com opções de ataque, uso de habilidades ou itens, defesa e fuga. No entanto, o jogo traz uma reviravolta interessante na ordem dos turnos.

Os ícones que representam o nosso grupo e os inimigos são dispostos em anéis concêntricos chamados Action Ring, onde o movimento nos anéis determina a ordem dos turnos. Os anéis internos têm um ritmo mais rápido, resultando em turnos mais frequentes. Empurrar inimigos para os anéis externos e mover-se para os internos é uma estratégia-chave. Além disso, os buffs e debuffs afetam personagens nos anéis de maneiras diversas, adicionando camadas de complexidade à jogabilidade. O sistema de Zeal acrescenta ainda mais profundidade às batalhas, permitindo que personagens ativem o Overzeal quando acumulam energia suficiente. Isso proporciona um turno adicional, aumentando as nossas estatísticas e desbloqueando movimentos mais poderosos. A gestão do Zeal e do Overzeal pode ser decisiva em momentos críticos de combate.

O jogo também surpreende com suas missões secundárias. Muitas delas levam os jogadores a novas áreas e recompensam-nos com tesouros poderosos, ao mesmo tempo que oferecem informações adicionais sobre o mundo e os personagens. A exploração do vasto mundo de Monochrome Mobius: Rights and Wrongs Forgotten é recompensada com baús, materiais, visuais deslumbrantes e encontros com bosses desafiadores. Embora o jogo brilhe em termos de jogabilidade, existem algumas áreas que merecem atenção crítica. O humor do jogo, por vezes, tende a ser juvenil, grosseiro e até mesmo desconfortável, com algumas piadas parecerem reforçar estereótipos de género. O design de personagens também tende a sexualizar muitas personagens femininas, o que pode não agradar a todos os jogadores.

Visualmente o jogo não se destaca. As texturas são cruas e em alguns lugares a distância de renderização não é impressionante. A câmara também pode ser um pouco problemática. No entanto, as animações de combate e algumas cutscenes são impressionantes, o que compensa as deficiências gráficas. Por outro lado, a banda sonora é muito boa, criando uma atmosfera envolvente e misteriosa que enriquece a experiência. Um dos principais pontos negativos do jogo é o seu ritmo. Monochrome Mobius: Rights and Wrongs Forgotten sofre com momentos em que a história se arrasta, deixando-nos presos em longas cenas de diálogo e cutscenes. Isso é agravado pelo facto de que só podemos salvar em determinados pontos, o que pode ser frustrante em momentos de muita conversa. É importante notar que o jogo recebeu atualizações após o lançamento, abordando alguns problemas, como animações de movimento.

Este é um jogo que certamente atrairá fãs de longa data de Utawarerumono. Embora possa não ser acessível a todos devido às suas conexões com a série anterior e algumas questões de ritmo e escrita, o jogo oferece uma jogabilidade cativante e uma exploração envolvente de um mundo inspirado na cultura Ainu.

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