Análise: Life of Delta

Life of Delta é um jogo que, à primeira vista, cativa com sua estética visual deslumbrante e um cenário futurista pós-apocalíptico. Não se deve julgar um livro pela capa, e o mesmo se aplica a este título. Apesar do seu brilho em termos de design, o jogo deixa muito a desejar quando se trata de história e desafio. A história do jogo leva-nos a um futuro distópico no qual os humanos desapareceram, deixando robôs e lagartos bípedes conscientes no controlo. Encarnamos Delta, um robô de baixa estatura prestes a ser desativado num tanque de ácido. Entretanto, um ato de misericórdia por parte de outro robô, Joe, muda o curso da vida de Delta. Joe retira Delta do líquido tóxico e começa a fazer reparações, o que resulta em sérios problemas para Joe, que acaba capturado pelos lagartos e levado para uma base militar distante.

A premissa inicial do jogo é promissora, criando um cenário intrigante para a narrativa. Contudo, ao longo das três horas de jogo, a história não consegue cumprir as suas promessas e se torna insuficiente. Os encontros de Delta com outros robôs frequentemente se resumem a discussões superficiais sobre o problema imediato, enquanto as interações com os lagartos, que desempenham um papel central, muitas vezes se limitam a ações de polícia ou de guarda. Essa falta de desenvolvimento da história cria um vácuo, e o mundo rico e distópico do jogo clama por mais exploração e informações de fundo. Um maior aprofundamento no cenário e nas motivações dos personagens teria acrescentado uma camada de complexidade à experiência, tornando-a mais envolvente e significativa.

No que se refere à jogabilidade, Life of Delta segue as convenções do género de jogos de aventura point and click. Os jogadores navegam por vários ecrãs, interagem com objetos e recolhem itens para resolver puzzles. Há um inventário que possibilita combinar itens e armazená-los para uso posterior. Apesar da mecânica ser familiar, a execução deixa a desejar. A interação com o ambiente frequentemente parece desajeitada, com atrasos após diálogos, puzzles e ao clicar em objetos. Até mesmo mover Delta para a posição desejada com o rato pode ser uma tarefa frustrante. Além disso, o jogo falha em fornecer indicações visuais claras sobre quais objetos são interativos, levando a tentativas repetidas e frustrantes. Os puzzles do jogo são um aspecto problemático do jogo. Eles são notavelmente simples, com poucos itens e pontos interativos. Isso resulta em soluções óbvias que não requerem muito raciocínio. Além disso, uma vez que um item tenha cumprido a sua função, ele é automaticamente removido do inventário, tornando a experiência excessivamente linear.

Os puzzles também carecem de originalidade e variedade. Num cenário futurista, esperaríamos soluções criativas e inovadoras, mas muitos dos puzzles têm uma sensação quase medieval. Algumas soluções são previsíveis e não oferecem espaço para desvios ou resultados surpreendentes. No entanto, o jogo apresenta alguns momentos mais desafiadores, especialmente por meio de terminais e máquinas que criam puzzles estilo de jogo em flash. Esses puzzles envolvem mecânicas únicas, como redirecionar projéteis ou criar circuitos elétricos, oferecendo um nível moderado de desafio. A principal força de Life of Delta é a sua estética visual. O jogo cria um mundo futurista que combina um deserto árido com uma cidade cyberpunk, tudo apresentado com grande qualidade artística. Embora os elementos individuais não sejam especialmente únicos, a combinação é impressionante. A banda sonora, que mistura melodias suaves do deserto com instrumentos asiáticos contribui para criar um ambiente interessante.

As personagens e ambientes são visualmente atraentes, com designs detalhados e intrigantes. As criaturas lagartas, que lembram uma mistura entre dinossauros e personagens de jogos como Duke Nukem, são particularmente cativantes. Os diálogos das personagens, acompanhados por vozes distorcidas que lembram os aliens de Star Wars, contribuem para a atmosfera do jogo. Entretanto, apesar do brilho visual, o mundo do jogo permanece em grande parte estático, com os cenários que permanecem fixos na maior parte do tempo. Life of Delta é um jogo que impressiona à primeira vista com sua estética visual deslumbrante e cenário intrigante. No entanto, a narrativa rasa e os desafios superficiais deixam muito a desejar.

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