Análise: Disgaea 7: Vows of the Virtueles

Disgaea 7: Vows of the Virtueless surge como uma promissora continuação da já longa série da Nippon Ichi, trazendo consigo uma mistura inteligente de elementos inovadores e tradições consagradas. Este sétimo capítulo, lançado após o controverso Disgaea 6: Defiance of Destiny, demonstra uma resposta sensata às críticas recebidas, solidificando-se como uma experiência cativante para fãs de RPG de estratégia. A narrativa situa-se em Hinomoto, um conjunto de Netherworlds inspirado no Japão do período Edo, onde Pirilika, uma otaku mimada, e Fuji, um samurai avarento, unem forças para restaurar o perdido código Bushido, agora nas mãos do malvado shogun Demmodore Opener. A história encontra-se em linha com a tradição da série e está repleta de absurdos e piadas, criando uma atmosfera descontraída que caracteriza o universo peculiar de Disgaea. Os primeiros dois jogos continuam a ser uns dos meus jogos favoritos do género e no geral a série não tem perdido qualidade ao longo dos anos.

O jogo abraça uma abordagem de voltar às origens, como indicado pelo diretor Shunsuke Minowa, tentando equilibrar inovação e nostalgia. Os gráficos em 3D, herança de Disgaea 6, são novamente utilizados, apresentando melhorias nos modelos de personagens e animações mais extravagantes. Visualmente, o jogo parece ter mais confiante, proporcionando uma experiência mais agradável em comparação com seu antecessor. Apesar disso, tenho quase a certeza que estes jogos irão envelhecer um pouco pior que os clássicos 2D. A jogabilidade, um pilar fundamental da série, mantém a essência do RPG de estratégia por turnos. Contudo, Disgaea 7: Vows of the Virtueles revela uma dualidade interessante, a jogabilidade e o metagame. No primeiro, a mecânica é direta, com batalhas por turnos e uma variedade de classes a explorar. As inovações introduzidas em Disgaea 6, como a Jumbificação, adicionam camadas estratégicas às batalhas, proporcionando um equilíbrio tenso entre poder e risco.

Com mais de quarenta classes à disposição, a variedade oferecida ao construir as equipas é impressionante. Desde os clássicos Gunner e Cleric até novas adições como Maiko e Zombie Maiden, cada classe traz consigo nuances únicas. A narrativa de trinta horas, embora repleta de humor excêntrico, serve como um tutorial para a verdadeira profundidade do jogo, o metagame. O metagame em Disgaea 7: Vows of the Virtueles é uma jornada complexa e desafiadora que se desenrola gradualmente. O jogo apresenta uma miríade de mecânicas e sistemas que oferecem controlo detalhado sobre as estatísticas das personagens. O Mundo dos itens, por exemplo, permite que os jogadores melhorem individualmente cada peça de equipamento, explorando andares de inimigos e ajustando Inocentes para aumentar ainda mais as estatísticas. A abordagem meticulosa do min-maxing é central para o metagame de Disgaea 7: Vows of the Virtueles, um território que nem todos os jogadores apreciarão. A reencarnação de itens, a fusão de Inocentes e a constante procura por otimização tornam-se os pilares da experiência de final de jogo, que os desenvolvedores alegam levar cerca de 400 horas para ser concluída. Seja ajustando habilidades, comparando estatísticas ou experimentando composições de classe, a profundidade do metagame é um convite para os jogadores que procuram uma experiência verdadeiramente desafiadora.

A batalha automática, reintroduzida do Disgaea 6, assume um papel crucial, mas agora é controlada por um recurso consumível chamado Poltergas. Essa mudança, embora exija mais envolvimento do jogador, evita que a automação se torne uma muleta, equilibrando a experiência de moagem de final de jogo. A implementação da batalha automática não se limita à moagem, sendo também parte integrante do novo modo multijogador online competitivo. O modo multijogador online oferece uma reviravolta interessante, onde os jogadores constroem equipas automáticas para competir em classificações. Embora não permita confrontos diretos ao vivo, este modo traz uma camada competitiva valiosa, incentivando os jogadores a ajustar suas estratégias para ascender nas tabelas de classificação. Esta novidade de Disgaea 7: Vows of the Virtueles, embora peculiar, amplia a longevidade e a jogabilidade competitiva do título. O estilo de arte 3D, mantido de Disgaea 6, encontra seu espaço em Disgaea 7: Vows of the Virtueles, com modelos de personagens melhordos e animações mais fluidas. A decisão de manter essa estética, apesar da preferência por sprites nos jogos anteriores, parece mais acertada agora, especialmente com a melhoria de desempenho.

Disgaea 7: Vows of the Virtueless é uma adição notável à série, oferecendo uma experiência refinada e desafiadora. A fusão de elementos inovadores com tradições estabelecidas cria uma experiência envolvente para fãs de longa data e novos jogadores. A profundidade do metagame, embora possa ser intimidante para alguns, é um convite para aqueles que procuram uma jornada de estratégia e o humor da série continua tão divertido como sempre. Seja na narrativa hilária, nas batalhas estratégicas ou na procura incessante pela perfeição estatística, Disgaea 7 oferece uma jornada repleta de horas de diversão e desafios.

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