Análise: Wartales

Wartales, o mais recente lançamento da Shiro Games, oferece aos jogadores uma experiência envolvente de RPG tático num mundo aberto sandbox. Desenvolvido pelos criadores de títulos como Northgard, Evoland e Dune: Spice Wars, Wartales introduz uma abordagem ligeiramente diferente, apresentando um tom mais sombrio e a introdução de mecânicas de morte permanente para cada membro da equipa de mercenários. A essência de Wartales reside na combinação de elementos de RPG tático com um vasto mundo aberto. Os jogadores são desafiados a navegar por um mapa expansivo, viajando de uma localização-chave para outra, enquanto param em centros como cidades para se recuperarem entre missões. Uma característica distintiva é a mecânica de turnos, onde as personagens do jogador têm a flexibilidade de agir em qualquer ordem durante o seu turno, proporcionando uma estratégia única e permitindo antecipar os movimentos da IA inimiga.

As missões são predominantemente conduzidas por combates em campos de batalha baseados em grelha. Este sistema de combate introduz algumas decisões de design notáveis, como a ordem de movimento previsível da IA, que os jogadores podem explorar para ganhar vantagem. Além disso, o envolvimento em combate corpo a corpo resulta num sistema de engajamento, adicionando uma camada tática ao jogo e incentivando a consideração da composição da equipa para lidar efetivamente com inimigos à distância e corpo a corpo. No entanto, Wartales não é apenas sobre combates. A gestão dos mercenários fora do campo de batalha é crucial, exigindo que os jogadores atendam às necessidades básicas da sua equipa, como alimentação e manutenção das armaduras.

A introdução de elementos de perigo, como a propagação de uma praga e criaturas fantasmagóricas, oferece oportunidades e desafios adicionais para os jogadores explorarem, tornando a experiência mais rica e dinâmica. Apesar desses pontos positivos, a escassez de materiais necessários para melhorar o equipamento e a necessidade de recolher recursos de forma grindy podem tornar o progresso lento e desafiador. A ordem de turno peculiar também pode criar desequilíbrios, incentivando estratégias que não se alinham necessariamente com o senso comum. Essas questões, embora não comprometam a experiência geral, podem ser áreas de atenção para futuras iterações do jogo. Wartales utiliza a guerra como pano de fundo, criando uma crise massiva de refugiados que impulsiona as histórias iniciais do jogo. No entanto, a narrativa não se destaca como o ponto central, muitas vezes limitada a contratos e batalhas, carecendo de uma conexão mais profunda entre as histórias individuais.

Apesar disso, o jogo compensa essa limitação ao permitir que os jogadores criem as suas próprias histórias, moldando o destino do seu grupo de mercenários através de escolhas em contratos e missões. O mundo aberto é representado visualmente por gráficos medievais sombrios e uma atenção meticulosa aos detalhes nas obras de arte. No entanto, alguns elementos da interface, como a falta de destaque em objetos interativos em ambientes, podem ser uma barreira para a imersão. Essas decisões de design questionáveis, contrastando com outros aspectos bem executados, podem causar desconforto aos jogadores. Wartales apresenta uma banda sonora original, embora não se destaque como notável. A música, embora adequada ao tema medieval, pode parecer familiar a jogadores que já exploraram outros títulos semelhantes. No entanto, a música e o design sonoro cumprem a sua função de forma eficaz, criando uma atmosfera coesa e envolvente.

No geral, Wartales oferece uma aventura ambiciosa num mundo aberto desafiador, combinando elementos estratégicos e narrativos. Os sistemas de jogo, embora inovadores, às vezes parecem desconexos, exigindo uma maior coesão para uma experiência mais envolvente. A narrativa, embora personalizável pelas escolhas dos jogadores, carece de uma abordagem mais interconectada para proporcionar uma experiência mais profunda.

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