Análise: Shines Over: The Damned

Shines Over: The Damned, desenvolvido pela Firenut Games, é um título que prometia uma experiência imersiva de horror, desafiando as convenções tradicionais do género ao focar-se na exploração e resolução de puzzles em vez do combate ou esconderijo de monstros. No entanto, apesar das suas boas intenções, o jogo falha em quase todos os aspectos, resultando numa experiência desapontante e frustrante para os jogadores. Desde o momento em que iniciamos Shines Over: The Damned, somos recebidos por um menu extremamente simples, sem opções de personalização ou configuração, o que já prenuncia a falta de profundidade que se seguirá. Esta abordagem minimalista poderia ter sido uma escolha estilística interessante, mas infelizmente, acaba por refletir a falta de cuidado e atenção ao detalhe presente em todo o jogo.

A narrativa de Shines Over: The Damned é apresentada de forma superficial e confusa. Logo no início, uma mensagem vaga sobre sacrifício e punição sugere que o protagonista busca redenção por algo. Contudo, esta é a única pista narrativa concreta que o jogo oferece. Ao longo da breve duração do jogo, que não ultrapassa as duas horas, os jogadores são confrontados com vislumbres de uma mulher misteriosa através de flashs. Estes momentos, no entanto, não contribuem para a construção de uma história coesa ou envolvente, deixando-nos a questionar se realmente há uma trama a ser descoberta ou se estamos simplesmente a testemunhar uma série de imagens desconexas e sem propósito claro. Um dos maiores problemas de Shines Over: The Damned é a sua falta de coesão. Os cenários, puzzles e até os monstros parecem existir sem qualquer ligação lógica entre si. Não há um esforço visível para criar um storytelling através dos ambientes ou de documentos que encontramos pelo caminho. Os únicos itens colecionáveis são orbes espalhadas pelos cenários, mas até estes parecem estar ali sem um propósito definido. Esta falta de direção narrativa faz com que a jornada do jogador se sinta vazia e desprovida de significado, prejudicando gravemente a experiência imersiva que o jogo tenta oferecer.

A jogabilidade de Shines Over: The Damned é talvez o seu aspecto mais decepcionante. Sem armas e com a companhia ocasional de um cão, as ações disponíveis para o jogador resumem-se a andar, correr, pular, defender-se de monstros pressionando repetidamente R1 e L1, e, num único cenário, controlar de forma rudimentar um barco. A progressão no jogo é linear, com cenários que incluem cavernas, montanhas e uma pequena vila, mas não há qualquer incentivo à exploração ou interação com o ambiente. Os puzzles, que deveriam ser um dos principais focos do jogo, são simplórios e frequentemente frustrantes devido à sua execução falhada. Um dos primeiros desafios envolve pular em pedras invisíveis para formar um caminho. Se o salto não for calculado com precisão, o personagem cai, resultando em game over. Este mesmo desafio é repetido em diferentes mapas, e em ambas as ocasiões os controles mostram-se pouco responsivos, com o jogo frequentemente a parar e fazendo o personagem cair, mesmo quando o salto é executado corretamente.

Embora Shines Over: The Damned se apresente como um jogo de terror, a sua tentativa de criar tensão e sustos é superficial e ineficaz. Os monstros aparecem ocasionalmente, tentando assustar o jogador com jump scares baratos e sons altos. O design dos monstros é repetitivo e sem criatividade, falhando em construir qualquer tipo de atmosfera assustadora. Além disso, a necessidade de pressionar rapidamente dois botões para se defender dos ataques dos monstros é frustrante devido à falta de responsividade dos controles, resultando frequentemente em game over e aumentando a sensação de frustração. Shines Over: The Damned falha igualmente na criação de uma ambientação memorável, um elemento crucial para qualquer jogo de horror. Os cenários são poucos e genéricos, incluindo uma vila, uma caverna e um lago, todos com visuais simplistas e pouco detalhados. As rochas e outros elementos do ambiente parecem mal renderizados e posicionados de forma descuidada, dando a impressão de que estamos a jogar uma demo técnica mal acabada.

A banda sonora, ou a falta dela, é outro ponto fraco do jogo. Embora muitos jogos de terror optem por utilizar sons ambientais para aumentar a tensão, Shines Over: The Damned apresenta um silêncio quase total na maior parte do tempo. Quando ocorrem jump scares, o som é abrupto e exagerado, mas falha em criar um verdadeiro impacto. A ausência de uma banda sonora envolvente contribui para a falta de imersão, fazendo com que a experiência de jogo se sinta monótona e desinteressante. O jogo é exclusivo para PlayStation 5, e, apesar de rodar a 60 FPS na maior parte do tempo, não apresenta opções gráficas ou de personalização visual. A experiência é crua e direta ao ponto, mas os problemas técnicos, como bugs frequentes e controles pouco responsivos, comprometem seriamente o desempenho geral do jogo.

Shines Over: The Damned é um jogo que prometeu uma experiência de horror imersiva, mas falhou em cumprir essas promessas. A narrativa é vaga e desconexa, a jogabilidade é simples e frustrante, e a ambientação é desprovida de qualquer elemento memorável. A combinação de puzzles mal desenhados, monstros pouco assustadores, gráficos simplistas e uma banda sonora inexistente resulta numa experiência decepcionante e sem brilho. A curta duração do jogo, juntamente com os numerosos bugs e problemas técnicos, tornam difícil recomendar Shines Over: The Damned a qualquer jogador.

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