Análise: Stellar Blade

Stellar Blade, um título desenvolvido pela Shift Up, prometia ser uma aventura empolgante repleta de ação e visuais deslumbrantes. Com uma protagonista carismática e um mundo visualmente impressionante, o jogo parecia ter todos os ingredientes para se tornar um clássico. No entanto, à medida que avançamos na história e enfrentamos os desafios propostos, percebemos que a realidade é um pouco mais complexa. Os momentos iniciais de Stellar Blade são, sem dúvida, impactantes. Encontramos Eve, a protagonista, a correr por uma praia infestada de inimigos, com enormes explosões a abanar cada um dos seus passos. Esta sequência inicial, adornada com gráficos incrivelmente bonitos, serve como um tutorial básico de combate. No entanto, desde cedo se nota um padrão, há muito estilo, mas falta substância. Esta impressão inicial acaba por refletir toda a experiência de Stellar Blade.

Stellar Blade é um jogo que se destaca visualmente. As sequências de ação são espetaculares, e os gráficos são de uma qualidade invejável. No entanto, à medida que se avança no jogo, começa a notar-se um problema de repetição. As mesmas mecânicas de combate e os mesmos tipos de inimigos surgem constantemente, tornando a experiência monótona. Além disso, a história e as personagens não conseguem cativar o jogador, faltando-lhes profundidade e interesse. O combate em Stellar Blade tem sido comparado aos jogos soulslike da FromSoftware, como Elden Ring e Dark Souls. Esta comparação é justificada, pois as mecânicas de bloqueio, desvio e leitura dos padrões dos inimigos são cruciais para a sobrevivência. No entanto, enquanto os jogos da FromSoftware lançam o jogador em situações extremamente desafiantes desde o início, Stellar Blade opta por uma abordagem mais gradual. Inicialmente, os inimigos são relativamente simples e fáceis de derrotar, o que pode tornar as primeiras horas do jogo aborrecidas para os jogadores mais experientes.

A protagonista, Eve, começa como uma soldada sem emoções, uma característica comum em muitos jogos. Contudo, espera-se que, à medida que o jogo avança, ela mostre algum desenvolvimento ou evolução. Infelizmente, isso não acontece. Eve permanece emocionalmente inexpressiva ao longo de toda a narrativa, o que desaponta, dado o potencial para um arco de personagem mais interessante. O mundo de Stellar Blade é, inicialmente, promissor. Enviada à Terra para eliminar os naytibas, monstros que devastaram o planeta, Eve enfrenta uma missão cheia de perigos. No entanto, as grandes revelações sobre a identidade de Eve, os monstros e as motivações da entidade que ela venera são previsíveis e pouco impactantes. A história acaba por ser um ponto fraco do jogo, faltando-lhe originalidade e profundidade.

Apesar de um início morno, o combate em Stellar Blade melhora significativamente mais tarde. Os inimigos tornam-se mais desafiantes, exigindo que o jogador utilize todas as suas habilidades de combate. As batalhas tornam-se mais estratégicas e envolventes, obrigando o jogador a considerar cuidadosamente cada movimento. Este aumento de dificuldade é bem-vindo, mas pode demorar entre cinco a sete horas de jogo para se manifestar, dependendo do tempo gasto em missões secundárias e exploração. Um dos pontos mais fracos de Stellar Blade é o platforming. As secções de plataforma são frequentemente frustrantes, com Eve a falhar em agarrar-se às superfícies corretas, resultando em saltos falhados e quedas fatais. Além disso, os limites dos perigos não são claramente delineados, o que aumenta a frustração. Ao contrário do combate, onde se aprende algo com cada morte, o platforming parece uma tentativa de atravessar secções mal desenhadas até descobrir o que o jogo pretende.

Outro problema notável em Stellar Blade é a repetição de padrões. O jogo parece construído a partir dos mesmos quatro blocos, uma masmorra linear, um mundo central, um mundo aberto com tema de deserto e um laboratório subterrâneo. Estes elementos são organizados de forma previsível, tornando a progressão do jogo monótona. Esta repetição torna-se evidente em encontros semelhantes com inimigos e bosses, onde a novidade inicial se esgota rapidamente. Apesar das suas falhas, Stellar Blade tem momentos de brilho. Uma das melhores lutas do jogo ocorre quando o jogador é obrigado a observar cuidadosamente o inimigo, bloqueando e desviando conforme necessário, sem ser ganancioso nos ataques. Este tipo de combate estratégico consegue replicar a euforia de derrotar um inimigo difícil em jogos como Sekiro: Shadows Die Twice ou Elden Ring. Infelizmente, esses momentos são raros e frequentemente interrompidos por secções de plataforma frustrantes.

Stellar Blade é um jogo que brilha nos seus momentos de combate mais intensos e nos seus visuais deslumbrantes. No entanto, sofre de uma falta de substância, com uma história previsível, personagens pouco desenvolvidas e um design de jogo repetitivo. As secções de plataforma mal executadas e a introdução lenta são desvantagens significativas que podem afastar muitos jogadores. Apesar destes problemas, há potencial em Stellar Blade. O combate, embora inicialmente aborrecido, melhora dramaticamente, oferecendo desafios que podem satisfazer os fãs de jogos soulslike. No entanto, é necessário paciência para chegar a essas partes mais interessantes do jogo. Recomendaria Stellar Blade a amigos com a condição de que estivessem preparados para superar as secções iniciais monótonas e as frustrações do platforming. Stellar Blade tem momentos que valem a pena, mas requer perseverança para aproveitá-los plenamente. É um jogo que pode frustrar e aborrecer, mas, para aqueles que persistem, oferece recompensas satisfatórias no combate e nos seus melhores momentos.

Stellar Blade é uma mistura de altos e baixos. Com um combate eventual satisfatório e gráficos impressionantes, é um título que poderia ter sido excelente com uma história mais envolvente e um design menos repetitivo. Para os fãs de jogos de ação e soulslike, pode valer a pena dar-lhe uma oportunidade, mas com expectativas moderadas e paciência para os seus momentos menos conseguidos.

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