Análise: Concord

Introdução

Concord é um hero shooter que tenta conquistar um espaço num género competitivo e saturado. Desenvolvido pela Firewalk Studios e publicado pela PlayStation , o jogo apresenta uma experiência de combate 5v5 focada em trabalho de equipa e objetivos de controlo. No entanto, apesar de algumas mecânicas interessantes, Concord falha em várias áreas fundamentais, sendo lançado num mercado onde a concorrência já estabeleceu um padrão muito elevado. Com um preço de 40 dólares, o jogo parece não justificar o valor pedido, especialmente considerando o nível de polimento e profundidade que os fãs de hero shooters esperam hoje em dia.

Jogabilidade

A jogabilidade de Concord tem como base o combate de equipa, mas rapidamente se torna claro que o jogo sofre de sérios problemas de ritmo e mecânicas pouco refinadas. A movimentação é lenta e pouco responsiva, o que prejudica a fluidez das partidas e dificulta a execução de estratégias mais dinâmicas. O tempo excessivamente longo para eliminar adversários torna as batalhas exaustivas, incentivando os jogadores a aglomerarem-se como um grupo em vez de explorar táticas mais diversificadas. As armas, apesar de variadas, não têm o impacto necessário, e as habilidades dos heróis, ou Freegunners, muitas vezes parecem mal implementadas ou desajeitadas.

Embora existam momentos isolados de diversão, como a combinação de habilidades de certos heróis, o design geral das partidas acaba por ser monótono. Sem habilidades “ultimate” ou momentos de grande virada, as partidas perdem rapidamente a tensão que deveria manter os jogadores envolvidos até ao final. Ao invés disso, a maioria das partidas acaba por se tornar uma troca lenta de tiros entre duas equipas que, na maioria das vezes, lutam para manter o interesse no decorrer do jogo.

Mundo e história

Se a jogabilidade de Concord falha em captar a atenção, o mesmo não se pode dizer do mundo que o jogo tenta construir. Situado num universo vasto e dominado por uma poderosa guilda mercantil, o lore de Concord revela uma profundidade surpreendente. As entradas de história espalhadas pelo jogo apresentam uma visão interessante deste mundo futurista, onde mercenários lutam por poder e recursos nas sombras de impérios destruídos. A guilda mercantil, que chega a deslocar luas inteiras para demonstrar a sua força, é um exemplo da ambição criativa que a Firewalk Studios tentou trazer para o seu universo.

No entanto, este cenário promissor é prejudicado por uma escrita pouco inspirada e diálogos forçados. Os Freegunners, os heróis do jogo, são caracterizados de forma superficial, com personalidades derivadas e pouco cativantes. Em vez de oferecerem um grupo carismático de personagens, como em Overwatch ou Valorant, os Freegunners de Concord parecem esquecíveis e pouco interessantes. Mesmo as tentativas de humor e diálogos sarcásticos soam forçadas e raramente contribuem para criar empatia com os personagens ou o enredo.

Grafismo

Visualmente, Concord é mediano. Os mapas são genéricos e carecem de personalidade, com um design que prioriza a simetria e o equilíbrio competitivo, mas que falha em capturar a imaginação dos jogadores. As arenas, que variam entre ruínas alienígenas e instalações de pesquisa, são demasiado estéreis e não oferecem a variedade visual que se espera de um jogo de ficção científica. Isso acaba por afetar a imersão no mundo, pois, apesar do lore interessante, o ambiente em que jogamos parece genérico e sem alma.

Os próprios Freegunners também não impressionam visualmente. Cada personagem parece uma versão reciclada de heróis de outros jogos, sem um estilo único ou marcante. A estética geral do jogo, embora funcional, não se destaca no meio de tantos outros títulos que oferecem muito mais em termos de design artístico e criatividade visual.

Som

O design de som em Concord é outro ponto onde o jogo deixa a desejar. Embora existam alguns elementos sonoros funcionais, como os sinais auditivos de armas a travar alvos ou habilidades a serem ativadas, falta ao jogo uma camada de impacto e peso nos efeitos sonoros. As armas, por exemplo, não transmitem a sensação de potência, e os tiroteios acabam por ser entediantes, já que a falta de um feedback auditivo forte contribui para a experiência geral de que tudo no jogo se arrasta sem força.

Os diálogos entre as personagens são outro ponto fraco. Como mencionado anteriormente, o humor e as tentativas de criar interações dinâmicas entre os Freegunners caem por terra devido a uma escrita fraca. A música de fundo também é esquecível, sem temas memoráveis ou trilhas que realmente elevem a atmosfera do jogo.

Conclusão

Concord é um jogo que tenta competir num género onde títulos como Overwatch, Valorant e Apex Legends já estabeleceram uma fasquia muito alta. Infelizmente, o que Concord oferece não é suficiente para justificar o preço de 40 dólares. Com uma jogabilidade lenta e desinspirada, personagens esquecíveis, mapas genéricos e um design de som sem impacto, o jogo não consegue competir com os melhores do género.

Apesar de ter um universo com potencial, o fraco desenvolvimento das personagens e uma escrita embaraçosa impedem que Concord se destaque. O lore interessante é insuficiente para salvar um jogo cuja jogabilidade não consegue agarrar os jogadores. No estado atual, Concord dificilmente será capaz de manter uma comunidade dedicada e, com um número de jogadores já em queda, parece improvável que o jogo consiga corrigir os seus problemas a tempo de se tornar relevante no mercado de hero shooters.

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