Análise: Men of War 2

A série Men of War sempre se destacou no género de estratégia em tempo real, principalmente pela sua abordagem detalhada e realista dos conflitos da Segunda Guerra Mundial. No entanto, Men of War 2 surge num momento em que o mercado de jogos deste género já se encontra saturado com títulos como Company of Heroes 3. Comecemos com o que Men of War 2 faz bem, as suas campanhas single-player. Embora o foco da equipa de desenvolvimento pareça estar mais inclinado para o multiplayer, não podemos ignorar a qualidade do conteúdo single-player. As campanhas são bem construídas e oferecem uma variedade de missões que conseguem manter o jogador envolvido do início ao fim. Desde missões de defesa desesperada até assaltos massivos e incursões noturnas, há uma diversidade impressionante de cenários que exploram bem os diferentes teatros da Segunda Guerra Mundial.

Este conteúdo é complementado por missões bónus, que, embora não sejam essenciais para a progressão da narrativa, adicionam valor significativo à experiência global. A variedade e a qualidade das missões fazem com que este seja um título apelativo para aqueles que preferem jogar sozinhos, e nesse aspeto, Men of War 2 não desilude. Uma das marcas registadas da série Men of War é o nível de micromanagement exigido, e Men of War 2 não foge à regra. Cada unidade no jogo pode ser controlada em detalhe, com o jogador a gerir não apenas os seus movimentos e ações, mas também o seu inventário individual, incluindo armas, munições e outros equipamentos. Este nível de controlo permite uma flexibilidade tática significativa, algo que os fãs de longa data da série certamente apreciarão.

Durante as missões, o jogador pode, por exemplo, ordenar a troca de armas entre soldados, recolher munições do campo de batalha ou até mesmo reparar veículos danificados. Esta gestão meticulosa é crucial em algumas missões, onde a sobrevivência depende da capacidade do jogador de utilizar de forma eficaz os recursos disponíveis. Este sistema de micromanagement é, sem dúvida, um dos aspetos mais desafiantes e recompensadores do jogo, proporcionando uma profundidade tática que poucos jogos conseguem igualar. No entanto, nem tudo é positivo em Men of War 2. Um dos maiores problemas do jogo reside na sua inteligência artificial e no pathfinding. Estes elementos têm sido uma pedra no sapato da série desde os primeiros jogos, e, infelizmente, Men of War 2 não consegue corrigir essas falhas.

Durante o jogo, é comum ver soldados a agir de forma irracional, ignorando inimigos à vista ou ficando parados em campo aberto sem procurar abrigo. Isto obriga o jogador a microgerir constantemente as suas unidades, o que pode ser frustrante, especialmente em missões onde várias coisas acontecem simultaneamente. Enquanto os tanques, devido ao seu grande alcance, raramente sofrem deste problema, as unidades de infantaria muitas vezes requerem uma atenção constante, o que pode tornar a experiência de jogo mais cansativa do que deveria ser. Além disso, a falta de alarmes eficazes que avisem o jogador quando as suas unidades estão sob ataque agrava ainda mais esta situação. Num jogo que exige tanta atenção ao detalhe, a ausência de um sistema de alerta robusto é uma omissão inexplicável.

Men of War 2 é, sem dúvida, um jogo que foi pensado para o público multiplayer. Desde o início, a Best Way deixou claro que queria atrair jogadores para o modo online, e isso é evidente na forma como o jogo está estruturado. Mesmo após completar missões da campanha single-player, as recompensas que o jogador recebe são, na sua maioria, direcionadas para o uso em multiplayer. Esta abordagem pode desmotivar jogadores que, como eu, preferem uma experiência single-player mais tradicional. O facto de o jogo exigir uma ligação constante à internet, mesmo para jogar em modo single-player, é outro ponto de discórdia. Embora a necessidade de estar sempre online seja compreensível num jogo focado no multiplayer, é difícil justificar esta exigência para os modos offline. Para muitos jogadores que não têm acesso constante à internet, ou que preferem jogar em locais onde a ligação é instável, esta pode ser uma barreira significativa. Embora a equipa de desenvolvimento esteja a trabalhar numa solução para este problema, a exigência atual pode afastar potenciais jogadores.

Visualmente, Men of War 2 é uma desilusão, especialmente quando comparado com outros jogos lançados em 2024. Os gráficos são datados, com animações humanas rígidas e pouco realistas. A interface do utilizador também é confusa e mal concebida, com barras de saúde em forma de losango que, além de serem esteticamente desagradáveis, são menos funcionais do que as barras de saúde tradicionais. As animações de armas e recarga são simplistas e pouco convincentes, muitas vezes reduzindo-se a um flash de cano e a um movimento de braço pouco natural do soldado. Embora os tanques e veículos estejam melhor representados e animados, a qualidade geral da apresentação visual fica muito aquém do que se espera de um jogo moderno. Por outro lado, o estilo gráfico mais colorido adotado em Men of War 2 pode ser polarizador. Men of War 2 é um jogo que se encontra numa posição estranha dentro do género de estratégia em tempo real. Por um lado, oferece uma experiência single-player robusta e envolvente, com missões bem desenhadas e um sistema de micromanagement que recompensa a atenção ao detalhe. Por outro lado, sofre de problemas técnicos persistentes, como uma IA fraca e um pathfinding problemático, que podem frustrar até os jogadores mais dedicados. O foco no multiplayer, juntamente com a necessidade de estar sempre online, indica claramente que este jogo foi feito para um público específico. Se são fãs do multiplayer e gostam de jogos de estratégia em tempo real, talvez encontrem aqui algo de valor.

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