Son of the Dragon King é um jogo de ação sidescroll que se destaca pela sua mistura entre o clássico género beat ’em up e elementos modernos de RPG e crafting. Situado num Japão feudal de fantasia, o jogo leva-nos numa missão épica onde a determinação e a coragem do jogador são postas à prova. Apesar das suas promessas e do potencial evidente, Son of the Dragon King ainda tem um longo caminho a percorrer antes de poder ser considerado um título essencial no seu género. A primeira impressão que temos ao iniciar Son of the Dragon King é a de um jogo visualmente apelativo. A estética em 3D traz vida aos ambientes ricos em detalhes, que capturam com fidelidade a atmosfera do Japão feudal, mas com uma camada de fantasia que torna tudo mais interessante. Os cenários são mais do que simples fundos estáticos: são parte integrante da jogabilidade. O mundo à nossa volta é interativo, com objetos destrutíveis que podem ser usados como armas improvisadas ou elementos essenciais para o crafting de novos itens. Esta abordagem adiciona uma camada de imersão e dinamismo ao jogo, fazendo com que o ambiente tenha um papel ativo na ação.
No entanto, por mais que o mundo de Son of the Dragon King seja envolvente, a jogabilidade deixa um pouco a desejar. O jogo adota um sistema de combate em tempo real que, na teoria, combina simplicidade com profundidade. Podemos saltar, socar e bloquear enquanto enfrentamos hordas de inimigos ao longo de 29 níveis distintos e dinâmicos. A adição de armas e itens que podemos encontrar espalhados pelos níveis oferece algum alívio estratégico, e a mecânica de crafting, embora básica, introduz uma componente de personalização que poderia ser muito interessante se bem explorada. Apesar dessas adições, o sistema de combate, que deveria ser o ponto forte de qualquer beat ’em up, sente-se um tanto desajeitado e pouco refinado. O jogo tem momentos em que a jogabilidade parece desajeitada, com animações que não fluem tão bem quanto deveriam e uma sensação geral de que o combate precisa de ser mais polido. Esta falta de fluidez pode frustrar os jogadores, especialmente quando enfrentamos inimigos em maior número, onde a precisão e a resposta rápida dos controlos são essenciais.
Outro problema que encontramos é a inteligência artificial dos inimigos. Em várias ocasiões, a IA mostra-se inconsistente, ficando presa em certos pontos do cenário ou tornando-se invulnerável quando está muito próxima de paredes ou objetos. Estes problemas não só quebram a imersão como podem dificultar o progresso nos níveis, obrigando o jogador a reiniciar secções inteiras para superar obstáculos que não deviam existir. A história de Son of the Dragon King é talvez o aspeto que mais se destaca, não pela sua complexidade, mas pela maneira como está entrelaçada com a mitologia e o folclore japoneses. O jogo apresenta um bestiário rico em detalhes, oferecendo informações sobre as origens mitológicas dos inimigos que enfrentamos. Esta tentativa de integrar narrativa e jogabilidade é louvável e dá ao jogador um motivo adicional para continuar a avançar, além da simples ação.
No entanto, apesar da força narrativa e da rica construção de mundo, Son of the Dragon King ainda carece de conteúdo suficiente para manter o interesse a longo prazo. A promessa de uma experiência épica é manchada por uma execução que parece incompleta. Com problemas de jogabilidade que afetam a experiência geral, é difícil recomendar o jogo no seu estado atual, mesmo para os fãs mais dedicados do género. Um dos pontos positivos que merece destaque é a inclusão de um modo cooperativo local, algo cada vez mais raro nos jogos modernos. O couch co-op traz uma dimensão social ao jogo, permitindo que dois jogadores enfrentem os desafios lado a lado. Infelizmente, não tive a oportunidade de testar este modo, mas é certamente uma adição que poderá agradar a quem procura uma experiência de jogo mais tradicional e partilhada.
Son of the Dragon King é um jogo com muito potencial, mas que ainda não está pronto para brilhar. A sua estética cativante e a tentativa de integrar elementos de RPG e crafting numa fórmula beat ’em up são passos na direção certa, mas a execução ainda precisa de muito trabalho. A jogabilidade e os problemas de IA são questões que precisam de ser resolvidas antes que o jogo possa ser considerado uma experiência satisfatória.