Análise: Final Fantasy XIV: Dawntrailer

Final Fantasy XIV: Dawntrail é a mais recente expansão de um dos MMORPGs mais aclamados de sempre. O desafio de continuar uma narrativa que parecia ter alcançado o seu clímax com Endwalker não é pequeno, mas a Square Enix tomou a ousada decisão de prolongar a história. O resultado é uma expansão que, apesar de vacilar em alguns momentos, acaba por justificar a sua existência ao longo de uma jornada de altos e baixos. A primeira metade de Dawntrail leva-nos ao novo continente de Tural, onde o Guerreiro da Luz e alguns dos Scions embarcam numa espécie de férias de verão, para ajudar Wuk Lamat a lutar pelo trono contra outros pretendentes. Apesar de uma premissa que soa promissora, especialmente com alguns Scions a tomarem lados opostos, a execução deixa a desejar. O arco narrativo inicial parece demasiado leve e descomprometido, quase irrelevante. Lamentavelmente, o elenco de personagens introduzido neste período é pouco interessante, com Wuk Lamat a assumir o protagonismo, mas de forma bastante desinspirada. Embora a sua atuação vocal seja competente, a sua personalidade excessivamente alegre e um desenvolvimento forçado tornam-na numa das personagens mais esquecíveis da saga.

Outro problema que se destaca nesta fase inicial é a presença de alguns dos membros menos populares dos Scions, o que prejudica ainda mais a imersão. Enquanto personagens como G’raha Tia e Y’shtola não têm um papel significativo nesta história, a narrativa parece empurrar figuras menos cativantes para a linha da frente, tornando difícil encontrar um ponto de ligação emocional com a ação. Além disso, alguns personagens-chave parecem completamente irrelevantes, e é fácil questionar por que razão estão presentes, uma vez que pouco contribuem para a progressão da história. O potencial de uma narrativa que envolve disputas pelo trono e lutas internas perde-se devido à fraca execução desta metade inicial. No entanto, apesar das suas falhas narrativas, Dawntrail consegue brilhar em termos visuais e na conceção dos seus novos ambientes. O continente de Tural apresenta uma variedade impressionante de biomas, desde selvas luxuriantes até desertos vastos, com cada local a destacar-se pelo seu nível de detalhe e beleza. A atualização gráfica que acompanha a expansão permite que estas novas áreas sejam algumas das mais memoráveis da história do MMO. Mesmo quando a narrativa falha, os jogadores podem pelo menos encontrar consolo na exploração de ambientes deslumbrantes que recompensam a curiosidade e o espírito de aventura.

Além dos cenários, o conteúdo jogável também se destaca. As novas masmorras e provas são incrivelmente bem desenhadas, com mecânicas inovadoras e desafios que vão agradar tanto aos jogadores veteranos quanto aos novos. O sistema Trust, que permite jogar com NPCs, regressa mais robusto do que nunca, tornando as provas mais envolventes e acessíveis. As novas classes, Pictomancer e Viper, também acrescentam profundidade ao combate. Pictomancer apresenta-se como uma classe de suporte com um toque criativo, enquanto Viper traz um leque de combinações e mecânicas que agradará aos fãs de classes mais ágeis como Ninja. É na segunda metade da expansão que Dawntrail realmente ganha força e mostra o seu verdadeiro valor. A narrativa toma um rumo mais sério e envolvente, com a introdução de personagens muito mais interessantes e reviravoltas inesperadas. A cidade de Solution Nine marca uma mudança significativa de tom, dando à história uma profundidade emocional que estava ausente na primeira metade. As missões secundárias introduzidas nesta fase não só expandem o mundo de jogo, como também oferecem momentos tocantes que justificam o tempo investido. Há uma sensação de que a Square Enix finalmente encontrou o equilíbrio certo entre a leveza inicial e a seriedade que fez de expansões anteriores, como Shadowbringers e Endwalker, tão memoráveis.

Os momentos épicos da segunda metade, com sequências jogáveis e cenas cinematográficas espetaculares, ajudam a redimir a expansão. Estes momentos não só surpreendem os jogadores, como também oferecem uma dose generosa de fan service, sem nunca parecer forçado. Há uma sensação de que a equipa de desenvolvimento está a preparar o terreno para algo maior, enquanto tenta apelar à nostalgia e ao carinho dos fãs mais antigos. Esta secção eleva a experiência e coloca Dawntrail num patamar muito superior àquele em que começou. No geral, Final Fantasy XIV: Dawntrail é uma expansão que começa de forma hesitante, mas acaba por encontrar o seu caminho. A primeira metade pode ser difícil de ultrapassar, com personagens e uma narrativa que não estão à altura do legado do jogo, mas a jogabilidade e os visuais ajudam a mitigar essas falhas. A segunda metade, no entanto, prova que ainda há muito por explorar neste universo, e termina com uma nota alta que justifica o tempo investido pelos jogadores. Embora não atinja o nível de Shadowbringers ou Endwalker, Dawntrail mostra que Final Fantasy XIV ainda tem muito para oferecer.

Dawntrail pode não ser a expansão revolucionária que muitos esperavam, mas é um sólido passo em frente. Apesar dos seus momentos baixos, a Square Enix conseguiu mais uma vez entregar uma experiência divertida e visualmente arrebatadora.

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