Análise: SCHiM

SCHiM é uma nova abordagem ao género dos jogos de plataformas 3D, afastando-se das convenções típicas como personagens caricaturais, níveis caóticos e a necessidade de colecionar uma infinidade de itens. Em vez disso, oferece uma experiência mais calma, estética e narrativa, onde o foco não está em proporcionar uma diversão imediata e explosiva, mas sim em criar uma jornada memorável e visualmente apelativa. Este é um jogo que surpreende pelo seu conceito, mas também pode frustrar jogadores à procura de algo mais dinâmico. SCHiM destaca-se pelo seu design minimalista e proposta única, que o diferenciam do que habitualmente encontramos no género. A história de SCHiM é contada através de cenas sem diálogos, numa espécie de pantomima visual, permitindo ao jogador interpretar os eventos à sua maneira. O jogo começa com o jogador a controlar uma rã sombra que segue um rapaz através das suas memórias de infância. O jovem, entretanto, cresce rapidamente e experimenta as várias fases da vida, desde a felicidade despreocupada até às dificuldades como perder o emprego e terminar uma relação amorosa. Quando este é abruptamente separado da sua sombra, o jogador inicia uma longa jornada para reunir novamente os dois. Embora a narrativa não seja central no jogo, funciona como um pano de fundo interessante para a exploração das mecânicas e ambientes.

SCHiM distingue-se pela sua jogabilidade simples, mas engenhosa. O objetivo principal é guiar a rã sombra até ao seu destino, saltando de sombra em sombra. As mecânicas de saltos são o cerne do jogo, com o jogador a ter de calcular cada movimento para não cair na luz, o que resulta num retorno à última sombra ocupada. Se o jogador falhar um salto, há uma breve oportunidade de corrigir o erro com um salto extra, mas se também falhar essa tentativa, será enviado de volta para um ponto anterior no nível. Esta simplicidade mecânica é complementada por puzzles leves que envolvem interações com o ambiente, como fazer um pato grasnar ou manipular objetos para criar sombras úteis para progredir. No entanto, SCHiM peca em algumas áreas importantes no que toca à comunicação com o jogador. Em muitos momentos, as sombras parecem seguras, mas repentinamente o jogador é puxado para a luz devido a uma barreira invisível, algo que pode ser frustrante. Além disso, os pontos de verificação não são claramente indicados, levando a momentos de frustração quando a rã é enviada muito mais para trás do que o jogador poderia esperar. Embora estas falhas não quebrem o jogo, criam uma experiência mais tediosa do que seria necessário, especialmente num jogo que parece querer ser relaxante e tranquilo.

A estética é claramente o foco principal de SCHiM, e é aqui que o jogo realmente brilha. O estilo artístico de dois tons é deslumbrante e faz com que cada nível pareça uma obra de arte minimalista. As cores utilizadas em cada ambiente são cuidadosamente escolhidas para se destacarem e ajudarem o jogador a distinguir os diferentes elementos do cenário. O jogo recorre a um design simples, mas eficaz, com uma atenção ao detalhe nas animações que dá vida ao mundo que o jogador explora. Embora os ambientes sejam estáticos, pequenos detalhes, como pedestres a passear ou carros a passar, criam a sensação de um mundo vivo.

A banda sonora de SCHiM complementa perfeitamente a sua estética visual. Composta por melodias instrumentais suaves, muitas vezes baseadas no piano, a música ajuda a criar uma atmosfera relaxante e envolvente. A música nunca é intrusiva, misturando-se de forma subtil com o ambiente do jogo. É fácil esquecer que está lá, mas isso é um elogio, pois contribui para a sensação de serenidade que SCHiM tenta transmitir. Este jogo não se trata de criar momentos de ação frenética, mas sim de proporcionar uma experiência mais tranquila e contemplativa, onde a arte e o som trabalham em conjunto para criar uma sensação de paz.

Em termos de jogabilidade, SCHiM pode ser considerado um pouco básico. Embora os puzzles e desafios de saltar de sombra em sombra sejam interessantes e bem implementados, a curva de dificuldade é praticamente inexistente. O jogo raramente apresenta novos conceitos ou variações que possam desafiar o jogador ao longo da aventura. Para os jogadores que procuram uma experiência mais desafiante e cheia de ação, SCHiM pode acabar por ser uma desilusão. No entanto, para quem valoriza uma experiência mais visual e artística, SCHiM é uma lufada de ar fresco. O jogo não tenta competir com os gigantes do género, mas oferece uma alternativa única e cativante.

SCHiM é uma experiência que vale a pena experimentar para quem procura algo diferente no género de plataformas 3D. Embora tenha algumas falhas na comunicação com o jogador e a jogabilidade seja mais focada na estética do que em oferecer desafios, a sua proposta visual e o ambiente relaxante tornam-no numa experiência memorável. Não é um jogo para todos os tipos de jogadores, mas para quem aprecia uma abordagem mais artística e contemplativa nos videojogos, SCHiM será, sem dúvida, uma escolha interessante.

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