Metal Slug Tactics é uma interessante adaptação da icónica série de jogos de ação Metal Slug, mas desta vez com um enfoque em estratégia por turnos. Em vez de seguir o estilo clássico de shooter de deslocamento lateral, este novo título apresenta-se como um RPG tático isométrico, mantendo o inconfundível estilo de arte em pixel que os fãs tanto adoram. Desde o seu anúncio, Metal Slug Tactics gerou muita curiosidade e expectativas, mas também alguns receios, especialmente no que toca à profundidade das suas mecânicas. No núcleo de Metal Slug Tactics está um sistema de combate baseado em turnos que, apesar de não revolucionar o género, traz alguns elementos interessantes. Cada personagem tem direito a uma ação e a uma movimentação por turno, mas existe uma peculiaridade: se decidires realizar a ação primeiro, perdes a possibilidade de te movimentares. Esta escolha força os jogadores a pensarem cuidadosamente nas suas estratégias. Além disso, a presença de ataques de sincronização, que podem ser ativados ao flanquear inimigos, adiciona uma camada extra de profundidade, criando oportunidades para combinações mais complexas entre as personagens.
A jogabilidade de Metal Slug Tactics é complementada por várias pequenas funcionalidades de qualidade de vida que ajudam a melhorar a experiência. Podes desfazer movimentos e acelerar os turnos dos inimigos, embora haja restrições no desfazer de ações, algo que impede os jogadores de abusarem desta opção. Estes detalhes fazem com que o jogo tenha uma boa dose de estratégia, obrigando a um posicionamento cuidadoso das personagens e ao uso inteligente dos recursos disponíveis. Além disso, a introdução de recursos como a esquiva, gerada pela distância que uma personagem percorre, e a adrenalina, usada para ações especiais, são bem-vindos e adicionam variedade ao combate.
No entanto, nem tudo é perfeito. Apesar do seu charme visual, Metal Slug Tactics carrega consigo alguns problemas de design que podem ser desconfortáveis para o público atual. O retrato dos inimigos baseados em estereótipos do Médio Oriente, juntamente com a música e a arquitetura inspiradas na região, pode parecer antiquado e até ofensivo. O jogo parece preso a alguns elementos da década de 1990, e isso não funciona da melhor maneira. A questão da representação cultural é um aspeto que o estúdio poderia ter modernizado para tornar o jogo mais inclusivo e apelativo para uma audiência global. A progressão em Metal Slug Tactics oferece algum nível de personalização, com mods que podem ser aplicados às armas e habilidades das personagens. Após cada missão, é possível ganhar experiência e melhorar os teus heróis com novas habilidades. Isto dá ao jogador alguma liberdade para criar builds distintas e experimentar diferentes abordagens durante o jogo, o que aumenta a rejogabilidade e mantém o interesse ao longo do tempo. A inclusão de personagens conhecidas da série, como Marco, Eri e Fio, traz uma sensação de familiaridade, mas com novas habilidades e estratégias a explorar.
A direção artística de Metal Slug Tactics continua a ser um dos seus maiores pontos fortes. O estilo pixel-art é vibrante e carrega consigo toda a nostalgia dos jogos clássicos, o que certamente agradará aos fãs de longa data da série. No entanto, o jogo também apresenta desafios inesperados, como a incapacidade de atacar inimigos em diferentes níveis de elevação, algo que pode confundir os jogadores habituados a outros jogos de tática. Embora esta mecânica acrescente uma nova camada de estratégia, pode também frustrar quem não estiver preparado para a restrição. Metal Slug Tactics consegue trazer para o género de estratégia por turnos a essência da série Metal Slug, mantendo a ação divertida e o estilo de arte característico. No entanto, algumas decisões de design e problemas culturais podem manchar a experiência. Para os fãs de longa data e entusiastas de RPGs táticos, Metal Slug Tactics oferece uma proposta interessante e divertida, mas com espaço para melhorias antes do seu lançamento final.