Análise: Halls of Torment

Introdução

Halls of Torment é uma proposta interessante no género de jogos de sobrevivência que mistura a fórmula consagrada de Vampire Survivors com uma estética inspirada nos clássicos jogos de ação isométrica, como o icónico Diablo. Lançado em acesso antecipado e agora com uma versão completa disponível, o jogo traz uma combinação cativante de nostalgia com mecânicas modernas, oferecendo uma experiência que é tanto desafiante como gratificante.

Jogabilidade

Halls of Torment segue a fórmula básica do género survival, onde o objetivo principal é sobreviver a ondas intermináveis de inimigos enquanto se melhora o personagem com novas armas e habilidades. A jogabilidade é simples, mas cheia de nuances. Embora a mira automática seja a norma, o jogo oferece a opção de atacar manualmente, algo que se revela útil quando é preciso eliminar inimigos mais fortes. A progressão é gradual, e a satisfação não vem tanto do caos visual e das explosões de cores que enchem o ecrã, mas sim de uma abordagem mais ponderada e estratégica ao desenvolvimento do personagem.

Cada classe oferece uma jogabilidade distinta, desde o espadachim de combate corpo a corpo até à caçadora de feras que combate ao lado do seu fiel cão. A possibilidade de evoluir as habilidades de maneiras diferentes adiciona profundidade e personalização às jogadas, permitindo ao jogador criar estratégias únicas. No entanto, essa personalização não está isenta de frustração, uma vez que a aleatoriedade na seleção de melhorias nem sempre oferece as opções ideais. Além disso, as masmorras e hordas de inimigos, embora intensas, podem tornar-se repetitivas ao fim de algum tempo, devido à sua previsibilidade.

Mundo e história

Embora Halls of Torment se inspire claramente na estética sombria de Diablo, não oferece um mundo narrativo ou uma história profunda para acompanhar essa inspiração. O foco do jogo está na jogabilidade e não em contar uma história elaborada, o que pode desapontar os jogadores que preferem mergulhar num enredo cativante. No entanto, a falta de enredo é parcialmente compensada pela atmosfera envolvente que os níveis proporcionam. As masmorras são opressivas e escuras, cada uma com o seu próprio conjunto de desafios e inimigos, o que ajuda a criar uma sensação de urgência constante enquanto se luta pela sobrevivência.

O jogo também introduz um sistema de equipamento, no qual os jogadores podem coletar itens durante as suas jogadas. Estes itens oferecem bónus únicos, mas devem ser resgatados em segurança antes de serem usados em futuras jogadas, adicionando um elemento de risco-recompensa que aumenta a tensão. Apesar de não haver uma narrativa tradicional, Halls of Torment consegue manter os jogadores engajados através de um ciclo de progressão e recompensas bem afinado.

Grafismo

O aspeto visual de Halls of Torment é um dos seus maiores trunfos. O jogo recria com uma precisão impressionante a estética dos jogos isométricos de ação dos anos 90, particularmente evocando o estilo gráfico do primeiro Diablo. As animações são rígidas e os detalhes gráficos são simples, mas extremamente eficazes em transmitir a atmosfera sombria e opressiva que caracteriza o jogo. A escolha de cores escuras e as texturas detalhadas dão uma sensação de nostalgia, mas ao mesmo tempo conseguem manter o jogo visualmente interessante para os padrões modernos.

No entanto, essa dedicação à estética retro tem um preço. O jogo pode, em algumas ocasiões, tornar-se visualmente confuso, especialmente quando a ação atinge o seu auge com dezenas de inimigos e efeitos de habilidades a preencherem o ecrã. Em dispositivos como o Steam Deck, o jogo sofre de quedas significativas na taxa de fotogramas, o que pode comprometer a experiência durante os momentos mais intensos. Esse problema técnico, embora esporádico, pode prejudicar o prazer do jogo, especialmente em níveis mais avançados.

Som

O departamento sonoro em Halls of Torment é eficaz, mas não memorável. Os efeitos sonoros das habilidades e ataques são funcionais e proporcionam um bom feedback ao jogador, mas não há nada que se destaque particularmente. A música, tal como os visuais, está fortemente influenciada pela atmosfera sombria de Diablo, com tons graves e melancólicos a acompanhar as incursões do jogador pelas masmorras. No entanto, ao fim de algumas horas, a banda sonora torna-se um pouco repetitiva, o que pode levar alguns jogadores a optar por baixar o volume e ouvir a sua própria música enquanto jogam.

Onde o som brilha mais é na criação de ambiente. O eco de passos nas masmorras, o ranger de armas e os gritos dos inimigos ajudam a reforçar a sensação de imersão, tornando a experiência mais visceral. Contudo, o design sonoro geral poderia beneficiar de maior variedade, tanto em termos de música como de efeitos de som, para evitar a sensação de repetição ao longo de sessões mais longas.

Conclusão

Halls of Torment é um jogo que se destaca pela sua jogabilidade sólida e pela fidelidade com que recria a estética dos clássicos de ação isométrica. Embora não ofereça uma narrativa envolvente, o jogo compensa isso com uma mecânica de progressão interessante e uma vasta gama de classes e habilidades que mantêm o jogador envolvido. O sistema de loot e a possibilidade de melhorar permanentemente o personagem entre jogadas também acrescentam uma camada de estratégia que recompensa os jogadores mais atentos e estratégicos.

Share this post

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ComboCaster