Análise: Unusual Findings

Unusual Findings é um jogo que aposta forte na nostalgia dos anos 80, tentando capturar a essência de uma década que está mais presente do que nunca na cultura pop atual. Para quem cresceu com filmes como The Goonies e séries mais recentes como Stranger Things, este título promete uma viagem aos tempos em que os adolescentes andavam de bicicleta pelas ruas, enfrentavam mistérios sobrenaturais e se envolviam em travessuras. No entanto, apesar de se apoiar firmemente nesta estética, Unusual Findings peca por não conseguir fazer mais do que replicar o passado sem trazer algo verdadeiramente inovador à mesa. A história segue três amigos adolescentes, Vincent, Nick e Tony, que se deparam com uma invasão extraterrestre enquanto tentam piratear a televisão por cabo. Este ponto de partida leva-os numa aventura pela sua pequena cidade de Northforest, onde vão explorar uma instalação científica suspeita e enfrentar ameaças alienígenas. A estrutura do jogo divide-se em três atos, cada um oferecendo um novo ambiente para explorar e um conjunto de puzzles para resolver. O enredo é agradável, mas está longe de ser revolucionário. Muitas vezes parece que o jogo se limita a cumprir os clichés do género, sem acrescentar algo verdadeiramente surpreendente ou único.

Unusual Findings é uma aventura point-and-click à moda antiga, com todos os elementos clássicos que se esperariam de um título deste género. O jogador controla Vincent, interagindo com objetos e personagens através de uma interface simples de clicar. O inventário rapidamente se enche de itens que podem ser combinados e usados para resolver os puzzles ao longo do jogo. Embora a jogabilidade seja sólida, está longe de ser desafiante. Os puzzles são razoavelmente lógicos, mas raramente surpreendem ou exigem um grande esforço intelectual, o que pode ser uma desilusão para quem procura uma experiência mais cerebral. Além disso, o facto de haver escolhas ao longo do jogo que podem alterar a forma como os puzzles são apresentados, sem que estas escolhas sejam claramente relevantes para a história, acaba por confundir e frustrar.

Visualmente, o jogo apresenta uma arte em pixel vibrante e detalhada, que consegue capturar bem o espírito dos anos 80. Os cenários são variados e repletos de pequenos detalhes que evocam a nostalgia dessa era, desde as lojas de videojogos até às florestas enevoadas e laboratórios misteriosos. No entanto, embora o estilo retro seja bem executado, acaba por não trazer nada de novo ao género. É um estilo visual que já vimos antes, e que, apesar de ser agradável, não faz com que Unusual Findings se destaque verdadeiramente no panorama atual dos jogos indie. A banda sonora, por outro lado, é um dos pontos mais fortes do jogo. Com uma mistura de temas originais e faixas licenciadas, o jogo consegue recriar na perfeição a atmosfera da época. O uso de sintetizadores e faixas synthwave dá um toque autêntico aos momentos de maior ação e mistério. No entanto, a qualidade da atuação vocal fica aquém do esperado. As vozes dos personagens principais, embora adequadas, muitas vezes parecem mal dirigidas, com entoações erradas e erros gramaticais nas legendas. Isso acaba por prejudicar a imersão, especialmente em momentos mais dramáticos.

Infelizmente, um dos aspetos mais frustrantes de Unusual Findings é o seu sistema de gravação. Numa época em que a maioria dos jogos oferece a possibilidade de gravar o progresso de forma manual, aqui somos limitados a checkpoints automáticos. Este sistema, além de ser antiquado, acaba por limitar a liberdade do jogador, que pode querer revisitar áreas anteriores ou experimentar diferentes escolhas sem ter de reiniciar o jogo. Dada a natureza das escolhas ao longo da narrativa, este é um problema que poderia ter sido facilmente evitado com a implementação de um sistema de gravação mais flexível.

Unusual Findings é um jogo que promete muito mas entrega pouco. A nostalgia é claramente o seu principal ponto de venda, mas o jogo nunca consegue ultrapassar essa premissa para se tornar algo mais. Para os fãs de aventuras point-and-click e da cultura pop dos anos 80, o jogo oferece uma experiência agradável, mas não marcante. A banda sonora é memorável e a arte em pixel é bem-feita, mas a jogabilidade e a narrativa não são suficientemente inovadoras ou envolventes para que este título se destaque no meio de tantos outros que também tentam capitalizar na nostalgia retro.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ComboCaster