Análise: Wild Seas

Wild Seas é um jogo de tower defense em 2D que, à primeira vista, parece promissor. Desenvolvido pela Afil Games, uma editora que tem apostado em jogos acessíveis dentro dos géneros de auto-tiro e defesa de torres, Wild Seas apresenta-se com uma estética visual bastante apelativa. A arte em pixel vibrante remete para os tempos do Game Boy Advance, trazendo uma sensação de nostalgia. O protagonista é um crocodilo simpático que tenta proteger um cristal mágico de hordas de piratas e outros vilões. A simplicidade dos controlos e o ciclo básico de jogo, onde o jogador coloca torres e combate diretamente com o bastão do crocodilo, fazem com que a experiência seja de fácil aprendizagem.

Infelizmente, a simplicidade inicial que parece atraente rapidamente se torna o maior problema de Wild Seas. O jogo revela todas as suas mecânicas logo no primeiro nível, deixando pouco ou nada para descobrir nos restantes. Apesar de haver vários níveis e bosses para derrotar, a repetição do mesmo ciclo, sem introdução de novas estratégias ou desafios significativos, faz com que a experiência se torne monótona. Ao fim de algumas tentativas, ou o jogador desbloqueou todos os achievements disponíveis ou já se cansou do jogo, sem grande vontade de continuar.

Um dos grandes problemas de Wild Seas é a falta de profundidade na jogabilidade. Embora seja possível comprar e colocar torres, não há uma verdadeira necessidade de estratégia, já que as torres disparam em várias direções, independentemente de onde são colocadas. A ausência de um contador de inimigos e de uma progressão clara nas vagas de adversários torna a experiência ainda mais frustrante. Além disso, as diferenças entre as torres não são devidamente explicadas, deixando o jogador a adivinhar quais são as mais eficazes.

A gestão da saúde no jogo é outro ponto fraco. Não é claro desde o início se o jogador deve enfrentar os inimigos diretamente ou deixar que as torres façam o trabalho. Rapidamente se percebe que a segunda opção é mais viável, já que os inimigos maiores causam bastante dano e a saúde é obtida de forma aleatória, tanto em baús como nos próprios inimigos. Esta aleatoriedade pode tornar a experiência muito frustrante, especialmente quando o jogador precisa de arriscar para recolher saúde em pleno combate, correndo o risco de perder tudo por um pequeno erro de cálculo.

A ausência de um ecrã de fim de jogo ou de pontos de verificação agrava ainda mais os problemas de Wild Seas. Quando o jogador morre, o ecrã simplesmente limpa e o jogo reinicia na primeira vaga, sem qualquer progressão guardada. Além disso, os tokens de melhoria das torres também são distribuídos de forma aleatória, eliminando qualquer possibilidade de planear uma estratégia eficaz ao longo das vagas de inimigos. A sorte acaba por ter um papel demasiado importante, o que retira o controlo e a habilidade do jogador da equação.

Wild Seas é um jogo que, apesar de uma boa apresentação visual, falha em oferecer uma experiência de tower defense satisfatória. Com uma jogabilidade rasa, falta de inovação e demasiada dependência de mecânicas aleatórias, o jogo acaba por parecer mais um protótipo do que um produto acabado. Mesmo com um preço acessível, é difícil recomendar Wild Seas a quem procura uma experiência do género sólida e divertida. A falta de profundidade e as frustrações constantes tornam-no numa experiência que rapidamente se torna esquecível.

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