Análise: Shin chan: Shiro and the Coal Town

Introdução

Shin chan: Shiro and the Coal Town é a continuação de Shin chan: Me and the Professor on Summer Vacation -The Endless Seven-Day Journey-, um título que conquistou muitos jogadores pelo seu ambiente bucólico e pelas suas semelhanças com o estilo de jogos como Stardew Valley e Animal Crossing. A série, inspirada pelo popular anime e manga Crayon Shin-chan, atrai tanto o público jovem quanto os adultos que procuram uma experiência relaxante e nostálgica, repleta de tarefas simples num cenário rural japonês. Desta vez, os desenvolvedores trocaram a Millenium Kitchen pela h.a.n.d., conhecida pelo seu trabalho em diversos jogos licenciados, e esta mudança traz algumas diferenças significativas ao jogo. Shin chan: Shiro and the Coal Town apresenta-nos um novo ambiente, uma cidade construída sobre minas de carvão, que promete trazer uma experiência ligeiramente diferente do seu antecessor. Mas será que esta troca de estúdios e a introdução de uma cidade mais industrial comprometem o espírito da série, ou ajudam a enriquecer a sua narrativa e mecânicas?

Jogabilidade

A jogabilidade em Shiro and the Coal Town mantém-se semelhante ao jogo anterior, com o jogador a controlar Shin Chan, uma criança de cinco anos, nas suas explorações por uma cidade rural durante as férias familiares. A premissa é simples, com Shin Chan a ter liberdade para explorar e interagir com o mundo que o rodeia. O jogo oferece atividades como pesca, caça de insetos, cultivo de vegetais e exploração de trilhos, mantendo o seu foco em atividades relaxantes que encaixam bem no estilo cozy. A principal diferença no design de Shiro and the Coal Town é a introdução de uma nova cidade, acessível através de um misterioso comboio. Esta cidade construída sobre minas de carvão oferece um contraste visual e temático em relação à pacata cidade rural do jogo anterior, e proporciona novas atividades e colecionáveis, como minérios e lixo, substituindo as flores e plantas do primeiro jogo.

Este título também apresenta mudanças no sistema de missões. No jogo anterior, havia um loop temporal diário que obrigava o jogador a cumprir missões específicas, num certo ritmo, ou então ocupar o tempo com missões secundárias até ao próximo evento principal. Em Shiro and the Coal Town, este elemento de viagem no tempo foi removido, o que torna o progresso mais orgânico. O jogador tem liberdade para avançar na história ao seu ritmo, e após completar um capítulo, surgem novas missões secundárias em áreas desbloqueáveis, o que mantém o interesse nas explorações sem a pressão de um limite temporal.

Mundo e História

A narrativa em Shiro and the Coal Town é mais envolvente do que no jogo anterior, onde a história se centrava principalmente nos pequenos momentos e atividades diárias. A nova cidade introduzida, construída sobre minas de carvão, traz consigo uma história mais ambiciosa, em que a ameaça não é apenas a presença de dinossauros, mas a própria destruição iminente desta cidade. Este elemento contribui para que o jogador se envolva mais emocionalmente com o mundo e os seus habitantes. A cidade industrial, com as suas ruas sujas e a sua alta densidade populacional, contrasta fortemente com a pacata cidade rural, proporcionando uma dualidade interessante que enriquece a narrativa. A sugestão de que toda a cidade pode ser um sonho de Shin Chan adiciona um toque de fantasia que reforça a sensação de imersão e cria uma vontade de prolongar a experiência. Em termos de personagens, encontramos um elenco cativante e com personalidade própria, o que torna as interações divertidas e contribui para o tom ligeiro e humorístico do jogo. Shin Chan é acompanhado desta vez pelo seu cão, Shiro, que desempenha um papel importante, ajudando a encontrar itens raros e missões, além de ser uma companhia agradável ao longo da jornada.

Grafismo

Visualmente, Shiro and the Coal Town é um deleite para os fãs de ambientes detalhados e artísticos. Os cenários são desenhados com um esmero incrível, oferecendo uma sensação de imersão que é rara em jogos do género. A estética lembra o jogo anterior, com ambientes coloridos e bem trabalhados, que dão vida ao mundo de Shin Chan. Tanto o cenário rural quanto o urbano são representados com cuidado, e o design das áreas urbanas consegue transmitir uma sensação de familiaridade e simplicidade, mesmo sem o uso de um mapa, facilitando a navegação. No entanto, o jogo perde um pouco em comparação com o seu antecessor no que diz respeito ao tamanho dos mapas. Dividido entre dois ambientes distintos, nenhum dos mapas se destaca pela sua extensão. Em vez de uma exploração contínua e prolongada, o jogador desbloqueia as zonas da cidade rural cedo demais, o que pode cortar o prazer da descoberta. Ainda assim, os modelos de colecionáveis, os efeitos de transição entre o dia e a noite e os detalhes visuais impressionam, oferecendo uma experiência visual sólida e envolvente.

Som

A componente sonora em Shiro and the Coal Town é apropriada e contribui para o ambiente do jogo, embora não seja um aspeto tão marcante quanto os visuais. A música de fundo é calma e complementa o ambiente bucólico e industrial de forma eficaz, sem ser intrusiva. A sonoplastia, embora simples, cumpre o seu papel, com sons que reforçam a imersão nas atividades diárias e na exploração das diferentes áreas. Os efeitos sonoros, como o canto dos pássaros ou os sons dos ambientes urbanos e rurais, adicionam profundidade ao mundo e contribuem para criar uma atmosfera relaxante. A música de fundo acompanha bem o ritmo do jogo, sem se destacar demasiado, e os pequenos efeitos sonoros ligados às atividades ajudam a manter o jogador imerso, apesar de a trilha sonora não ser particularmente memorável.

Conclusão

Shin chan: Shiro and the Coal Town é uma continuação sólida que preserva o espírito do seu antecessor, enquanto introduz algumas novidades interessantes. A troca de desenvolvedores trouxe uma nova abordagem ao design do jogo, e a inclusão de uma cidade mais industrializada cria um contraste temático refrescante. No entanto, a divisão dos mapas faz com que nenhuma das áreas seja tão extensa quanto no jogo anterior, o que pode diminuir a sensação de descoberta. O sistema de missões, que agora se concentra em missões de recolha, torna-se repetitivo e diminui o ritmo da narrativa, o que pode ser frustrante para alguns jogadores. Ainda assim, o jogo brilha em termos de grafismo, com cenários lindamente desenhados e uma atenção ao detalhe que ajuda a compensar alguns dos seus pontos fracos. A introdução de Shiro como companheiro adiciona uma nova camada de interação, e a presença de personagens carismáticos torna o mundo mais envolvente e divertido. No geral, Shiro and the Coal Town é um jogo que deve atrair tanto fãs do título anterior quanto aqueles que procuram um jogo relaxante e agradável. Embora tenha algumas falhas, é uma experiência reconfortante e acolhedora, ideal para os que apreciam um estilo de jogo mais calmo e introspectivo.

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