Análise: Unknown 9: Awakening

Introdução

Unknown 9: Awakening é a mais recente incursão da Reflector Entertainment e Bandai Namco no mundo dos videojogos, um projeto integrado num universo transmedia que abrange livros, podcasts, banda desenhada e outros conteúdos. Esta obra expande um universo misterioso e profundo, onde a realidade se desdobra e segredos antigos se entrelaçam. A aventura, que decorre no início do século XX, apresenta-se como uma experiência de ação e aventura em terceira pessoa com um forte foco narrativo e elementos sobrenaturais. Neste título, jogamos como Haroona, uma jovem com a habilidade rara de interagir com uma dimensão alternativa, chamada de “The Fold”, que influencia o mundo que conhecemos. Ao longo de cerca de 15 horas, é possível mergulhar numa história que mescla ficção histórica com conceitos de fantasia e ficção científica, tornando-se uma jornada interessante para aqueles que procuram algo além dos moldes tradicionais.

Jogabilidade

Unknown 9: Awakening apresenta uma jogabilidade focada na exploração e combate, muito reminiscente de outros jogos de ação e aventura da última década. Através de áreas semi-lineares, Haroona percorre caminhos relativamente controlados, onde encontra vários desafios e colecionáveis que podem aumentar o seu arsenal de habilidades. O recurso principal de Haroona é a sua conexão com The Fold, que permite não só observar inimigos e objetos importantes, mas também realizar ataques e manobras únicas. No combate, Haroona pode extrair energia da dimensão paralela para executar movimentos especiais, como explosões de energia e ataques furtivos mais eficazes. Este poder torna-se especialmente útil em momentos de maior tensão, permitindo até que Haroona manipule temporariamente os seus inimigos para criar o caos. No entanto, apesar das ideias inovadoras, a jogabilidade por vezes torna-se repetitiva, devido a uma IA pouco desafiadora e à repetição de algumas mecânicas.

Mundo e história

Situado num universo transmedia complexo, o mundo de Unknown 9: Awakening leva-nos a vários pontos globais, como Índia, Portugal e Mauritânia, numa viagem entre culturas e cenários históricos. A narrativa, centrada na década de 1910, traz-nos Haroona e o seu mentor Reika, que a guia no entendimento e controlo das suas habilidades. The Fold é uma dimensão oculta acessível apenas a poucos, e a história explora as ramificações de seu uso e as organizações que conhecem os seus segredos, como a Leap Year Society e os Ascendants. A história de vingança de Haroona, desencadeada pela morte de Reika às mãos de Vincent, o líder dos Ascendants, guia o enredo por entre uma intriga de ideologias, tecnologia e mistérios antigos. A narrativa é intrigante, mas falta-lhe um pouco de profundidade na construção dos personagens e nas revelações que ocorrem. Embora a narrativa seja interessante e faça boas ligações ao universo maior de Unknown 9, não deixa de seguir alguns clichés do género.

Grafismo

A nível técnico, Unknown 9: Awakening não impressiona particularmente, embora ofereça ambientes detalhados e visuais sólidos. Os cenários, especialmente em áreas como montanhas e aldeias históricas, capturam bem o ambiente da época, mas sofrem de limitações técnicas visíveis. As animações dos personagens, por exemplo, apresentam-se algo rígidas e as transições entre cutscenes e jogabilidade revelam alguns soluços visuais. Existem também alguns problemas de desempenho, com quebras de framerate ocasionais e texturas que carregam com atraso em certas áreas. Estas limitações podem ser em parte justificadas pelo facto de o jogo também estar disponível para consolas da geração anterior, como a Xbox One e a PlayStation 4, mas é algo que o impede de estar ao nível dos grandes títulos AAA. De forma geral, Unknown 9: Awakening possui uma apresentação gráfica competente, mas sem grandes momentos de deslumbramento.

Som

A banda sonora e o design de som contribuem para criar a atmosfera misteriosa e sombria do universo de Unknown 9. A música varia entre temas discretos e intensos, criando momentos de tensão bem executados, especialmente em confrontos ou sequências de perseguição. O trabalho de voz é sólido, com destaque para a atuação de Anya Chalotra, que dá vida a Haroona. Os efeitos sonoros, particularmente os relacionados com os poderes de The Fold, são bem integrados e ajudam a criar uma sensação de outro mundo, especialmente quando Haroona usa as suas habilidades sobrenaturais. Contudo, não é um jogo que apresente uma banda sonora memorável ou que eleve a experiência para um nível superior. O som cumpre o seu papel, mas não oferece nada particularmente inovador ou que se destaque de forma notável.

Conclusão

Unknown 9: Awakening apresenta-se como um jogo ambicioso, inserido num universo vasto e cheio de potencial, mas acaba por não alcançar a profundidade narrativa e mecânica que o poderia tornar inesquecível. A história, embora rica e intrigante, acaba por se tornar previsível em certos pontos, e o combate, embora interessante com a adição de The Fold, é prejudicado pela simplicidade dos inimigos e pela repetição. Ainda assim, o jogo oferece uma experiência sólida para os fãs de ação e aventura, com uma narrativa rica em lore que incentiva a explorar mais sobre o universo de Unknown 9 através dos outros projetos transmedia. Com um preço acessível, Unknown 9: Awakening pode ser uma escolha interessante para aqueles que procuram uma nova aventura em mundos sobrenaturais, apesar das suas limitações. Em suma, Reflector Entertainment e Bandai Namco criaram uma fundação promissora e, com alguns ajustes, o universo de Unknown 9 tem potencial para se tornar um ponto de referência na ficção interativa.

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