Análise: Back Then

Introdução
Back Then é um jogo que procura destacar-se pela sua temática incomum, abordando de forma direta e emocional a progressão da doença de Alzheimer. Num meio saturado por fantasias de poder e mobilidade, a proposta de controlarmos um idoso em cadeira de rodas, lidando com a perda de memórias e de capacidades, é indiscutivelmente original e ousada. Contudo, mesmo com a força emocional e a importância de sua temática, a execução deixa muito a desejar, resultando num jogo que dificilmente cativa.

Jogabilidade
Enquanto jogo, Back Then falha em oferecer uma experiência satisfatória. As mecânicas, limitadas e inconsistentes, tornam a interação frustrante. Movimentar-se na cadeira de rodas, por exemplo, é penoso, com dificuldades em manobrar e em realizar movimentos simples. A interação com o ambiente, como abrir portas, não tem consistência e muitas vezes parece ter sido implementada sem consideração pela fluidez do jogo. Além disso, os quebra-cabeças, como o da biblioteca com engrenagens coloridas ou a busca de poemas num labirinto, carecem de clareza e acabam por frustrar mais do que desafiar. É uma experiência que, em vez de imersiva, se torna cansativa.

Mundo e história
O foco de Back Then está na narrativa e na tentativa de representar a progressão da doença no protagonista. A história acompanha um escritor e a sua família, explorando os desafios emocionais de lidar com a perda de identidade causada pelo Alzheimer. Embora a premissa tenha potencial, a escolha de apresentar uma família de artistas e intelectuais pode alienar o jogador comum, afastando-se de uma abordagem mais universal. A metáfora da casa que se vai desmontando é interessante, mas muitas das ideias acabam por ser mal comunicadas, deixando a narrativa aquém do esperado.

Grafismo
Visualmente, Back Then é limitado. A resolução parece baixa e muitos elementos importantes, como as etiquetas que o protagonista coloca na sua casa para se orientar, são difíceis de ler devido ao tipo de letra e à falta de ferramentas adequadas para ampliar os textos. A estética geral tem boas intenções, mas a execução compromete a experiência. O design da casa, que se altera com o avançar da doença, é uma ideia promissora, mas não suficiente para compensar os restantes problemas técnicos.

Som
O aspeto sonoro de Back Then é funcional, mas pouco memorável. A banda sonora e os efeitos de som cumprem o seu propósito básico, mas não conseguem criar um ambiente envolvente ou emocionalmente impactante. Num jogo com um tema tão pesado, esperava-se que o som tivesse um papel mais significativo na criação de atmosfera e na ligação emocional com a história. Infelizmente, isso não acontece de forma eficaz.

Conclusão
Back Then é uma obra que tem o coração no lugar certo, mas que falha em quase todos os aspetos da sua execução. Apesar de abordar uma temática importante e de trazer uma perspetiva rara aos videojogos, as mecânicas frustrantes, a narrativa pouco envolvente e os problemas técnicos comprometem seriamente a experiência. É um exemplo de como uma boa ideia pode ser ofuscada por uma execução deficiente. Para quem procura um jogo que trate de temas complexos de forma envolvente, Back Then dificilmente será a escolha certa.

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