Análise: Beyond Galaxyland

Introdução
Beyond Galaxyland é um RPG que presta homenagem aos clássicos dos anos 90, tanto em termos de estilo visual como de jogabilidade. Criado por um único desenvolvedor, Sam Enright, o jogo é uma ode à ficção científica e aos RPGs daquela época. O resultado é uma aventura que, embora repleta de influências claras, consegue manter uma identidade própria, com uma história envolvente, personagens memoráveis e mecânicas bem executadas. Para além de um excelente trabalho de design, o jogo mistura combate por turnos com elementos de captura de criaturas, tudo envolto numa apresentação artística bastante cativante. A simplicidade visual, no entanto, não impede Beyond Galaxyland de ser um título impressionante tanto na sua profundidade como no seu charme.

Jogabilidade
A jogabilidade em Beyond Galaxyland combina combate por turnos com exploração em 2D, oferecendo uma experiência rica em termos de mecânicas. O sistema de combate, que se afasta dos encontros aleatórios clássicos, permite aos jogadores ver os inimigos a vaguear pelos níveis e, com um golpe bem cronometrado, iniciar o combate com uma vantagem. O jogo introduz também um sistema de captura de inimigos, semelhante ao que encontramos em Pokémon, onde os jogadores podem capturar criaturas e usá-las como invocações durante as batalhas. Cada criatura capturada pode ser equipada e evolui com o uso, adicionando uma camada de estratégia ao sistema de combate. Além disso, o jogo inclui um sistema de exploração com puzzles, reminiscente dos jogos Zelda, o que ajuda a quebrar a monotonia dos combates e oferece momentos de reflexão ao jogador. O combate, embora simples, oferece momentos de tensão, especialmente contra bosses, onde o timing dos ataques e defesas é crucial.

Mundo e história
A narrativa de Beyond Galaxyland é uma mistura de isekai e ficção científica clássica. O protagonista, Doug Dwyer, é um adolescente que se vê transportado para um mundo completamente novo, Galaxyland, onde uma misteriosa entidade conhecida como “The End” ameaça destruir o seu planeta. A DreamCore, uma corporação que parece benevolente à primeira vista, oferece refúgio aos sobreviventes, mas à medida que a história avança, surgem dúvidas sobre as verdadeiras intenções da empresa. A cidade de Arcadia serve como ponto central da narrativa, onde Doug conhece diversas personagens que ajudam a dar vida à história, desde um robô reformado até um misterioso assassino corporativo. A jornada de Doug leva-o a explorar diferentes biomas, cada um com o seu próprio visual e ambiente, o que não só contribui para a diversidade do jogo, mas também oferece uma sensação de exploração constante. A trama, embora familiar, é envolvente o suficiente para manter o jogador interessado ao longo da aventura.

Grafismo
Visualmente, Beyond Galaxyland faz uso de um estilo pixel art que, embora simples, é altamente detalhado. Cada mundo em Galaxyland é distinto, com biomas que variam desde paisagens futuristas até cenários alienígenas mais exóticos. A capacidade de Doug transitar entre o fundo e o primeiro plano adiciona dinamismo ao design dos níveis, criando caminhos alternativos que recompensam a exploração. O jogo faz um excelente trabalho ao utilizar a perspectiva e a rotação da câmara para realçar a escala dos mundos, dando ao jogador uma verdadeira sensação de imersão. As animações são fluidas, e embora o jogo utilize uma estética retro, não parece antiquado. Pelo contrário, os detalhes no design dos ambientes e das criaturas capturam a essência dos jogos clássicos, mas com um toque moderno que os torna apelativos para a audiência atual. Apesar do estilo visual modesto, o jogo consegue surpreender com momentos de puro esplendor visual, principalmente nos cenários espaciais.

Som
A banda sonora de Beyond Galaxyland é um dos seus pontos mais fortes. A música mistura batidas eletrónicas com temas mais clássicos de ficção científica, criando uma atmosfera que complementa perfeitamente o estilo e o tom do jogo. As músicas de batalha são energéticas e cativantes, proporcionando uma camada extra de intensidade durante os combates. Nos momentos mais calmos, a música ambiente relembra os tons serenos de jogos como FEZ, oferecendo ao jogador uma pausa emocional durante a exploração. O design sonoro em geral é de alto nível, com efeitos sonoros que se integram bem na experiência de jogo, desde os sons dos ataques até os ruídos subtis de fundo. Esta atenção ao detalhe sonoro contribui para o sentimento de imersão, especialmente nas secções mais tensas da narrativa, onde a música consegue elevar a experiência.

Conclusão
Beyond Galaxyland é uma excelente homenagem aos RPGs de ficção científica dos anos 90, mas é muito mais do que apenas uma colagem de influências. A sua narrativa forte, personagens bem desenvolvidas e mecânicas de combate e exploração oferecem uma experiência rica e envolvente. Embora apresente alguns pequenos problemas, como a navegação em certas áreas e a dificuldade nos puzzles de plataformas, esses defeitos são facilmente compensados pelo charme geral do jogo. O estilo visual retro, a banda sonora envolvente e a profundidade das mecânicas fazem de Beyond Galaxyland uma aventura obrigatória para os fãs do género. Mesmo sendo criado por um único desenvolvedor, o jogo destaca-se pela sua qualidade e paixão, proporcionando uma jornada espacial memorável e digna de destaque.

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