Análise: FAIRY TAIL 2

Introdução

FAIRY TAIL 2 é a sequela do RPG desenvolvido pela Gust Studios, conhecido pelo seu trabalho na série Atelier. Desta vez, o estúdio continua a explorar o universo da popular série anime e manga FAIRY TAIL, oferecendo uma nova adaptação focada no arco Alvarez. Apesar de ser um jogo licenciado, que geralmente levanta dúvidas quanto à qualidade, FAIRY TAIL 2 consegue ser uma experiência de RPG que, embora não revolucionária, proporciona alguns momentos agradáveis para os fãs. No entanto, mesmo com melhorias em relação ao seu antecessor, o jogo apresenta vários problemas que impedem que brilhe verdadeiramente.

Jogabilidade

A jogabilidade em FAIRY TAIL 2 apresenta uma estrutura mais linear em comparação com outros RPGs de mundo aberto, mas ainda assim oferece zonas relativamente amplas para explorar. Estas áreas estão recheadas de inimigos, tesouros, marcos e missões secundárias. O design dos mapas é menos ambicioso do que o de jogos como Xenoblade Chronicles, mas ainda consegue manter o interesse pela exploração. A progressão da equipa é também recompensadora, uma vez que desbloquear novos membros permite aceder a habilidades de campo que facilitam superar barreiras e incentivam a revisitar áreas anteriores para apanhar itens adicionais. O sistema de combate foi reformulado em relação ao primeiro jogo. Abandonou-se o modelo tradicional por turnos em favor de um sistema semelhante ao ATB (Active Time Battle), utilizado nos últimos jogos Atelier. Cada personagem tem uma barra de ação que, quando preenchida, permite atacar, enquanto os inimigos não esperam pela nossa decisão. Esta mudança dinamiza os combates, obrigando a tomadas de decisão rápidas e bem calculadas. É possível usar três ataques básicos para acumular SP, que pode ser gasto em ataques especiais. Esta mecânica adiciona alguma profundidade, permitindo encadear combos ou usar versões mais poderosas dos ataques. O sistema de progressão é gerido através de árvores de habilidades simples. Cada personagem tem três árvores onde se podem desbloquear novas habilidades ou melhorias de atributos. No entanto, este sistema acaba por ser demasiado superficial e não proporciona uma sensação real de crescimento ou evolução das personagens.

Mundo e história

FAIRY TAIL 2 centra-se principalmente no arco Alvarez, um dos pontos altos da narrativa original. Este arco apresenta a guilda FAIRY TAIL a enfrentar uma invasão massiva por parte de um império rival composto por centenas de guildas de magos poderosos. A história começa no meio deste conflito e raramente abrandada, o que compromete o ritmo e a capacidade de envolver emocionalmente o jogador. A adaptação toma algumas liberdades criativas, o que pode dividir opiniões entre os fãs da série. Apesar das mudanças, a narrativa ainda consegue ser coerente e interessante, especialmente para aqueles que já conhecem bem o universo de FAIRY TAIL. Um ponto positivo são os segmentos Fairy Tail Diaries, que são pequenas cenas de interações entre as personagens. Estas vinhetas adicionam momentos de leveza e sinceridade, permitindo uma melhor exploração das relações entre os membros da guilda. Enquanto a história principal é frenética e carece de profundidade emocional, os Fairy Tail Diaries conseguem capturar o espírito de camaradagem e amizade que define a série. Após o arco Alvarez, o jogo introduz um arco original que funciona como um epílogo. Embora esta parte adicional não traga grandes novidades, é uma adenda bem-vinda que permite concluir a narrativa de forma satisfatória.

Grafismo

O grafismo de FAIRY TAIL 2 é um dos seus pontos mais inconsistentes. O estilo artístico consegue captar bem a essência visual do anime, com modelos de personagens detalhados e bem animados. Contudo, os cenários deixam muito a desejar, apresentando sombras mal definidas e texturas de baixa resolução que retiram alguma imersão ao jogo. Em modo portátil, o jogo consegue esconder algumas destas falhas, mas em modo encaixado as limitações tão mais evidentes. O desempenho também é problemático. A taxa de fotogramas varia frequentemente, especialmente quando se movimenta rapidamente pelo cenário. Embora não seja o pior RPG visualmente na Nintendo Switch, é claro que o jogo tem dificuldades em tirar o melhor partido do hardware.

Som

A banda sonora de FAIRY TAIL 2 cumpre o seu papel, mas não se destaca particularmente. As músicas conseguem transmitir a energia e o tom das batalhas e dos momentos mais intensos da narrativa, mas poucas são memoráveis. Os efeitos sonoros são competentes, ajudando a dar peso aos ataques durante os combates. O destaque na parte sonora vai para as vozes das personagens. O jogo conta com áudio em japonês, e os atores fazem um bom trabalho em dar vida às personagens, mantendo-se fiéis à série original. Para os fãs do anime, este detalhe será um ponto positivo que ajuda a aumentar a imersão.

Conclusão

FAIRY TAIL 2 é uma melhoria em relação ao seu antecessor, mas ainda está longe de ser um RPG excecional. A Gust Studios conseguiu criar um sistema de combate mais dinâmico e uma exploração recompensadora, mas estes pontos positivos são prejudicados por problemas de ritmo na narrativa, um sistema de progressão superficial e um desempenho técnico inconsistente. Apesar das suas falhas, FAIRY TAIL 2 tem momentos agradáveis que os fãs da série vão apreciar. Os segmentos Fairy Tail Diaries ajudam a capturar o espírito da série, oferecendo uma ligação emocional que falta à história principal. Para os que jogaram o primeiro RPG de Fairy Tail, esta sequela é um passo em frente. No entanto, para os jogadores que não estão familiarizados com a série, o jogo pode parecer mediano e pouco envolvente. FAIRY TAIL 2 não é um título essencial, mas também não desilude completamente.

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