Introdução
Sky Oceans: Wings for Hire é um jogo de aventura e RPG que se apresenta como uma homenagem aos clássicos JRPGs, com uma clara inspiração em títulos icónicos como Skies of Arcadia. O jogo, desenvolvido pela Octeto Studios e publicado pela PQube, chega com promessas de uma narrativa ambiciosa, combates por turnos e um mundo de piratas no céu para explorar. No entanto, embora a proposta seja apelativa e nostálgica, diversos problemas técnicos e um design que deixa a desejar fazem com que este título não consiga alcançar as suas promessas iniciais. A experiência é, infelizmente, prejudicada por falta de polimento, limitando o seu potencial e tornando-o difícil de recomendar.
Jogabilidade
Sky Oceans: Wings for Hire oferece combates por turnos que lembram clássicos do género, como Bravely Default, com a opção de definir todas as ações no início do turno. Esta abordagem simplifica a jogabilidade, sendo fácil de aprender, mas peca pela falta de profundidade. A experiência de combate é funcional, mas carece de inovação e, embora a diversidade de habilidades e efeitos de status esteja presente, é difícil perceber o seu impacto real durante as batalhas. Para além disso, o modo de exploração nas secções de dirigíveis, onde podemos voar pelos céus e explorar o mundo, acaba por ser uma decepção. Estes momentos deveriam ser emocionantes, mas o controlo complicado e a ausência de incentivos para a exploração ativa tornam-nos entediantes e muitas vezes frustrantes. Em algumas partes, é fácil perder o rumo devido a uma câmara desajeitada e a paredes invisíveis que limitam a liberdade, um aspeto incoerente num mundo onde o céu deveria ser o limite.
Mundo e história
O enredo de Sky Oceans centra-se na história de Glenn Windwalker, um jovem que aspira a tornar-se piloto para proteger a sua cidade natal. Numa linha narrativa que se inspira fortemente nos arquétipos dos JRPGs, o pai de Glenn desapareceu anos antes em circunstâncias misteriosas, o que leva o protagonista a querer aventurar-se e descobrir os segredos da sua família. Acompanhado por um grupo de amigos que partilham o seu sonho de se tornarem pilotos, Glenn explora várias ilhas e enfrenta desafios pelo caminho. A construção de personagens é um dos pontos mais fortes do jogo. A escrita é bem desenvolvida e cria uma ligação suficiente para nos deixar curiosos sobre o passado dos Windwalker e sobre os mistérios da Aliança, uma entidade que aparenta esconder mais do que demonstra. No entanto, a história e as personagens acabam por ser insuficientes para compensar as deficiências na jogabilidade e na exploração.
Grafismo
Visualmente, Sky Oceans: Wings for Hire deixa algo a desejar. Os gráficos, embora coloridos e adequados ao estilo JRPG, parecem datados, com modelos de personagens que pouco se movem e uma falta geral de dinamismo. Estes visuais estáticos contrastam com o nível de detalhe e de animações que se espera de um jogo moderno, o que pode ser uma desilusão para quem está habituado a títulos mais polidos na Nintendo Switch. A falta de polimento também se reflete nas cenas de corte, que, embora tenham uma introdução visual promissora e cativante, não conseguem manter o mesmo nível de interesse devido à rigidez dos modelos e à simplicidade dos cenários.
Som
O design de som de Sky Oceans: Wings for Hire é outro aspeto problemático. Embora o jogo comece com uma introdução musical agradável ao som de J-pop, o impacto positivo rapidamente se perde. Logo nas primeiras horas, encontramos problemas graves, como efeitos sonoros que continuam a tocar mesmo depois de terminados certos eventos, criando situações inusitadas que prejudicam a imersão. Um dos momentos mais irritantes acontece quando o som de um inimigo derrotado persiste mesmo após o combate, acompanhando o jogador durante várias secções do jogo, até aos ecrãs de carregamento e novos locais. Esses problemas de som, aliados a uma banda sonora que não consegue trazer muito de novo, tornam a experiência auditiva repetitiva e cansativa, mesmo com a tentativa de criar uma atmosfera épica.
Conclusão
Sky Oceans: Wings for Hire é uma tentativa ambiciosa de homenagear o género JRPG e criar uma experiência nostálgica, mas falha em cumprir o que promete. A jogabilidade básica e limitada, os gráficos desatualizados e os inúmeros problemas técnicos tornam o jogo difícil de recomendar. Mesmo que os bugs e os problemas técnicos sejam corrigidos, o jogo permaneceria como uma experiência genérica e mediana, sem a profundidade ou a inovação necessárias para se destacar entre os JRPGs disponíveis no mercado. Em última análise, Sky Oceans é um título que tenta, mas não consegue, capturar a magia dos clássicos que procura homenagear. A história e os personagens são intrigantes, mas não são suficientes para sustentar uma experiência de jogo completa e satisfatória. Para os fãs do género, há opções melhores disponíveis na Switch, deixando Sky Oceans: Wings for Hire como uma oportunidade perdida, que não consegue descolar.
