Análise: The Bridge Curse 2: The Extrication

Introdução

The Bridge Curse 2: The Extrication é a mais recente entrada numa série de terror que mistura o sobrenatural com o folclore taiwanês. Baseado num jogo anterior e numa adaptação cinematográfica, o jogo é uma experiência narrativa que traz uma variedade de elementos de terror, explorando a cultura e os mitos sobrenaturais de Taiwan. Ao receber o código do jogo, mergulhei nesta franquia, começando pelo primeiro título e explorando os seus filmes para me situar neste estilo de terror muito específico. Embora não seja essencial ter conhecimento prévio da série, a atmosfera é melhor compreendida com essa base. O jogo apresenta uma abordagem interessante ao género de terror, sendo ao mesmo tempo divertido e assustador, mas apresenta algumas falhas de design que interferem na experiência de jogo.

Jogabilidade

A jogabilidade de The Bridge Curse 2: The Extrication combina exploração com resolução de quebra-cabeças, numa estrutura que se desenrola em quatro histórias interligadas. À medida que avançamos, desbloqueamos novas partes da narrativa, o que incentiva a exploração cuidadosa e atenção aos detalhes do ambiente. A interação com elementos sobrenaturais e o uso de objetos específicos para progredir são características marcantes, e a presença de elementos tradicionais como lâmpadas para afastar “névoas” de corrupção traz uma mecânica única. No entanto, a experiência sofre com uma dependência exagerada de sequências cinematográficas, o que reduz a liberdade do jogador e interfere com o ritmo da exploração e do terror. Além disso, a presença de eventos rápidos, onde precisamos de reagir para escapar, adiciona tensão, mas a frequência das interrupções pode cansar, sobretudo quando somos obrigados a esperar os ciclos dos inimigos para avançar.

Mundo e história

A história de The Bridge Curse 2 é o verdadeiro destaque, e o seu enredo baseia-se numa combinação de lendas urbanas e mitologia taiwanesa, criando uma atmosfera autêntica e imersiva. O jogo acompanha a jornalista Sue Lian, que investiga um mistério sobrenatural na Universidade Wen Hua, relacionado com um vídeo viral criado por um grupo de estudantes. Os elementos narrativos remetem para histórias de mistérios urbanos, como o caso da rapariga encontrada morta num tanque de água em LA. A história é contada através de textos e diálogos extensos que revelam detalhes do folclore local e adicionam profundidade ao enredo. Contudo, o ritmo da narrativa é prejudicado por diálogos longos e exposição em excesso, o que retira a surpresa de alguns momentos e pode cansar o jogador. Apesar disso, o uso de mitos regionais e histórias de fantasmas autênticas distingue-o de muitos jogos de terror ocidentais, oferecendo uma visão única do horror asiático.

Grafismo

The Bridge Curse 2: The Extrication aposta numa qualidade gráfica competente que contribui para a criação de uma atmosfera assustadora e envolvente. Os ambientes são bem detalhados, e a universidade onde se desenrola grande parte do jogo está bem construída, ajudando a imersão no mistério. O design dos personagens e dos inimigos reflete a estética de um filme de terror de baixo orçamento, com uma abordagem quase caricatural que acentua o tom “campy” do jogo. Esta escolha de estilo confere-lhe um charme peculiar, aproximando-o de filmes de terror de série B, o que é interessante mas pode não ser do agrado de todos. As sequências cinematográficas, apesar de frequentes, estão bem executadas e ajudam a criar uma experiência visualmente agradável, embora o seu excesso quebre o ritmo e retire parte da tensão que deveria acompanhar o jogador nas cenas de terror.

Som

O som é um dos elementos mais fortes em The Bridge Curse 2, ajudando a definir o ambiente do jogo com um design sonoro que utiliza bem os ruídos ambientais e trilhas de fundo subtis para aumentar a tensão. Os efeitos sonoros, como passos e sussurros, mantêm o jogador em alerta constante, e o uso de sons tradicionais do folclore asiático adiciona uma camada de autenticidade. No entanto, a presença de diálogos longos e exposição constante por vezes diminui o impacto do som ambiental, já que estas cenas interrompem a tensão. Durante as perseguições e confrontos com os fantasmas, o design sonoro intensifica a sensação de urgência, mas a frequência destes encontros e a repetição das mecânicas de fuga acabam por tornar o terror menos impactante à medida que se avança. Ainda assim, o som é bem trabalhado e é uma peça essencial na construção do ambiente sobrenatural do jogo.

Conclusão

The Bridge Curse 2: The Extrication é uma experiência de terror peculiar que se destaca pela sua exploração do folclore taiwanês e pela combinação de mecânicas de quebra-cabeças e exploração com elementos narrativos fortes. No entanto, sofre de alguns problemas de ritmo devido ao uso excessivo de sequências cinematográficas e diálogos que retiram ao jogador o controlo e a sensação de agência. O jogo consegue criar uma atmosfera interessante e única com os seus quebra-cabeças ambientais bem integrados e uma base cultural rica, mas a repetição de encontros com fantasmas e a previsibilidade dos mesmos diminuem o impacto do terror. Para quem gosta de horror com um toque de comédia e elementos de mistério, The Bridge Curse 2: The Extrication oferece momentos divertidos e interessantes. No entanto, para aqueles que preferem uma experiência de terror mais tradicional e imersiva, a falta de liberdade e o ritmo desigual podem ser fatores de desmotivação.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ComboCaster