Análise: Montezuma’s Revenge – The 40th Anniversary Edition

Montezuma’s Revenge é um daqueles jogos clássicos que marcaram uma era. Originalmente lançado nos anos 80, foi um dos primeiros exemplos do que viria a ser conhecido como metroidvania, combinando exploração, plataformas e desafios de precisão num templo cheio de perigos. Para celebrar o seu 40.º aniversário, foi lançada uma nova edição que tenta modernizar a experiência, trazendo um remake completo em 2.5D, bem como uma versão pixelada mais fiel ao original como DLC. Infelizmente, o resultado final fica muito aquém das expectativas. O remake falha em capturar a essência do jogo original e, apesar de algumas melhorias de qualidade de vida, a execução deixa muito a desejar. Desde os controlos pouco responsivos até uma apresentação visual e sonora que parece ter sido feita sem qualquer atenção ao detalhe, Montezuma’s Revenge – The 40th Anniversary Edition acaba por ser uma experiência frustrante que dificilmente irá agradar aos fãs do clássico ou a novos jogadores.

Jogabilidade

A estrutura de Montezuma’s Revenge mantém-se essencialmente a mesma. O objetivo é explorar um templo repleto de salas interligadas, evitando armadilhas e inimigos enquanto se recolhem chaves e itens essenciais para progredir. O conceito ainda tem potencial, e a versão original era um desafio de plataformas interessante, com uma progressão labiríntica que exigia planeamento e reflexos apurados. O problema surge com a execução da jogabilidade nesta edição. Os controlos são surpreendentemente maus para um jogo que depende tanto de saltos precisos e movimentos rápidos. O remake obriga o jogador a usar o analógico esquerdo em vez do D-Pad, o que torna a movimentação imprecisa e frustrante. Para piorar, a personagem responde com um atraso notável, tornando saltos difíceis ainda mais frustrantes.

Apesar de algumas melhorias, como a possibilidade de gravar progresso e continuar infinitamente, estes aspetos não conseguem compensar a frustração causada pelos maus controlos. A dificuldade do jogo acaba por ser artificialmente aumentada, não pelos desafios do design original, mas sim pelos problemas na execução deste remake.

Mundo e história

Montezuma’s Revenge nunca foi um jogo conhecido pela sua narrativa, e esta edição não faz nada para mudar isso. O conceito é simples: explorar um templo antigo cheio de tesouros e perigos. Não há qualquer tentativa de expandir a história ou dar um maior contexto ao que está a acontecer. Para um jogo de plataformas clássico, isto não é necessariamente um problema, mas num remake moderno, seria de esperar pelo menos alguma atenção à ambientação e ao mundo do jogo. O templo tem um design relativamente interessante, mantendo a estrutura labiríntica do original. No entanto, o ambiente acaba por ser genérico e sem grande identidade. A falta de carácter no design visual e sonoro torna a exploração menos envolvente, fazendo com que o jogador perca rapidamente o interesse.

Grafismo

O grafismo é, sem dúvida, um dos piores aspetos deste remake. Os modelos das personagens são incrivelmente genéricos e até assustadores, parecendo algo retirado de um jogo inacabado. O estilo visual em 2.5D não tem qualquer charme ou personalidade, e a interface é mal concebida, com menus desorganizados e destaques de seleção que confundem mais do que ajudam. É incompreensível como um remake de um jogo com um visual pixelado simples e eficaz consegue ter uma apresentação tão inferior ao original. A versão Director’s Cut, que preserva o estilo pixelado, tem um aspeto muito mais apelativo e coeso, tornando evidente que a transição para 2.5D foi um erro. A iluminação e os efeitos visuais também deixam muito a desejar, com cenários monótonos e sem vida. Se a ideia era modernizar o aspeto do jogo, o resultado final prova que nem sempre um grafismo mais “realista” melhora a experiência. Pelo contrário, acaba por prejudicar a atmosfera e a identidade do clássico.

Som

Se o grafismo é mau, o som consegue ser ainda pior. A banda sonora consiste em um conjunto de faixas genéricas e repetitivas que rapidamente se tornam irritantes. As músicas são tão descartáveis que dificilmente ficarão na memória de alguém, e o loop constante torna-se exaustivo ao fim de pouco tempo de jogo. Para piorar, o remake introduz um elemento que deveria adicionar personalidade, mas acaba por ser um dos aspetos mais insuportáveis do jogo. O espírito do templo provoca o jogador constantemente com falas repetitivas sempre que se morre ou se faz algo significativo. Como a dificuldade do jogo leva a mortes frequentes, estas provocações tornam-se incrivelmente irritantes em pouco tempo. Embora seja possível silenciar as vozes, o texto das provocações continua a aparecer, tornando-se uma distração constante e desnecessária. O jogo original tinha uma banda sonora minimalista, mas pelo menos não era uma distração negativa. Este remake consegue ter um som tão mau que acaba por prejudicar ainda mais a experiência.

Conclusão

Montezuma’s Revenge – The 40th Anniversary Edition é um dos piores exemplos de um remake mal executado. Apesar de algumas melhorias na qualidade de vida, como a possibilidade de gravar progresso e escolher diferentes dificuldades, a frustração gerada pelos controlos pouco responsivos e pela apresentação pobre torna a experiência pouco recomendável. A falta de suporte para D-Pad, a resposta de controlo inconsistente, os modelos de personagens genéricos e uma banda sonora insuportável fazem deste um remake que falha em quase todos os aspetos. Quando a versão pixelada incluída no DLC é claramente superior ao jogo base, fica evidente que esta edição especial foi uma oportunidade desperdiçada.

Se a Director’s Cut estivesse disponível separadamente, seria uma recomendação fácil para quem quer reviver o clássico com algumas melhorias. No entanto, como a edição principal é o remake em 2.5D, é difícil recomendar este lançamento a qualquer pessoa. Os fãs do original ficarão desapontados e novos jogadores não terão motivos para se interessar. No final, esta edição especial não passa de uma experiência frustrante e mal concebida.

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