SYNDUALITY Echo of Ada é um shooter de extração com uma temática futurista e um foco intenso na sobrevivência e na gestão de recursos. Num futuro distante, a humanidade foi quase erradicada por uma misteriosa chuva azul que transforma plantas e animais em criaturas hostis. Para sobreviver, os humanos refugiaram-se no subsolo e utilizam enormes mechs chamados Cradlecoffins para explorar a superfície em busca de cristais que fornecem energia. O jogo propõe um desafio constante, onde cada incursão representa um equilíbrio delicado entre risco e recompensa. Com um início algo moroso e um sistema de progressão exigente, SYNDUALITY pode afastar alguns jogadores antes que estes consigam realmente perceber o que o jogo tem para oferecer, mas para aqueles que persistirem, esconde uma experiência envolvente e imprevisível.
Jogabilidade
A base da jogabilidade de SYNDUALITY está no controlo dos Cradlecoffins, mechs que são um compromisso entre peso e mobilidade. Estes não são tão ágeis como os de Armored Core, mas também não são tão pesados como os de MechWarrior, oferecendo uma experiência que exige pensamento tático e gestão cuidadosa de recursos. Atravessar o mapa requer consideração, pois a munição é limitada, a durabilidade do mech é finita e os inimigos estão sempre à espreita. Um dos aspectos mais interessantes é o Magus, uma IA que acompanha o jogador e oferece suporte durante as incursões. Estes Magus podem ser personalizados tanto na sua aparência como nas suas funções, podendo marcar objetivos, alertar para ameaças e até fornecer bónus para a jogabilidade. Com diferentes personalidades disponíveis, vão desde assistentes encorajadores a companheiros mais sarcásticos, criando uma relação peculiar com o jogador ao longo da campanha.
A interação com outros jogadores também desempenha um papel crucial. O jogo coloca pilotos no mesmo mundo, criando situações tensas onde a decisão de atacar ou recuar pode significar a diferença entre ganhar equipamento valioso ou perder tudo o que foi conquistado. Há um sistema que desincentiva comportamentos excessivamente agressivos, colocando caças a recompensas em jogadores que atacam repetidamente outros pilotos, mas a imprevisibilidade de cada encontro torna cada expedição emocionante.
Mundo e história
O universo de SYNDUALITY é fascinante, mesmo que a história não seja o foco principal. A Terra está devastada pela misteriosa chuva azul, e os humanos refugiaram-se em colónias subterrâneas. Os Cradlecoffins permitem que os sobreviventes explorem o mundo exterior em busca de recursos, mas o perigo espreita a cada esquina. A atmosfera apocalíptica está bem implementada, e a sensação de isolamento e perigo constante reforça o ambiente do jogo.
Os Magus adicionam uma camada interessante à narrativa, pois cada um tem a sua própria personalidade e interage com o jogador de formas diferentes. Pequenos detalhes, como comentários sobre situações do jogo e conversas ocasionais, dão vida ao mundo de SYNDUALITY, tornando as incursões menos solitárias e conferindo algum caráter aos protagonistas. O jogo tem um forte elemento de gestão e progressão. Melhorar a base subterrânea e os Cradlecoffins é essencial para sobreviver, mas o progresso pode ser frustrante devido ao elevado tempo necessário para desbloquear melhorias. Esta mecânica de progresso prolongado pode desencorajar alguns jogadores, especialmente aqueles que esperam um avanço mais rápido.
Grafismo
Visualmente, SYNDUALITY apresenta um estilo futurista convincente, mas nem sempre impressionante. Os modelos dos Cradlecoffins estão bem detalhados e há uma boa variedade de designs, permitindo personalizações extensas. O mundo do jogo transmite bem a sensação de desolamento, com paisagens devastadas e efeitos climáticos que contribuem para a atmosfera apocalíptica. No entanto, a diversidade dos ambientes deixa um pouco a desejar. As áreas exploráveis são um tanto repetitivas e não apresentam grande variedade visual. O design dos inimigos também poderia ser mais inspirado, pois muitos dos Enders têm aparências genéricas e não são particularmente memoráveis. Apesar disso, os efeitos de iluminação e explosões são satisfatórios, e os momentos de combate têm um impacto visual adequado.
Som
O som em SYNDUALITY desempenha um papel essencial na criação de atmosfera e tensão. O ruído dos motores dos Cradlecoffins e os disparos das armas são satisfatórios, transmitindo peso e impacto a cada ação. O design de som dos inimigos também contribui para o suspense, com ruídos sinistros que alertam o jogador para ameaças iminentes. A trilha sonora é discreta, mas eficaz. Em vez de temas marcantes, opta-se por músicas de fundo atmosféricas que ajudam a reforçar a sensação de isolamento e perigo. As interações dos Magus com o jogador são um dos destaques do design sonoro, com atuações vocais que dão personalidade às IA assistentes e tornam as incursões menos solitárias.
Conclusão
SYNDUALITY Echo of Ada é um jogo que requer paciência e dedicação, mas que recompensa os jogadores que se envolvem com o seu loop de jogabilidade. A combinação de shooter de extração com combate de mechs resulta numa experiência tensa e envolvente, onde cada incursão pode significar um enorme lucro ou uma perda devastadora. A presença de outros jogadores acrescenta uma camada adicional de imprevisibilidade, tornando cada partida única. Contudo, a progressão lenta e o foco no grinding podem afastar alguns jogadores, especialmente aqueles que procuram uma experiência mais acessível e imediata. A falta de diversidade visual nos ambientes também limita um pouco a imersão, e o sistema de microtransações pode ser frustrante para quem prefere progredir apenas com o que ganha em jogo. No geral, SYNDUALITY é um jogo com um conceito sólido e um combate mecânico bem conseguido, mas que poderia beneficiar de um ritmo de progressão mais equilibrado. Para os fãs de shooters de extração e de ficção científica, há aqui uma experiência interessante e desafiante, desde que estejam dispostos a investir o tempo necessário para tirar o melhor partido dela.
