A série Atelier tem vindo a evoluir ao longo dos anos, deixando para trás algumas das suas mecânicas mais restritivas em prol de uma experiência mais acessível e envolvente. Atelier Yumia: The Alchemist of Memories & the Envisioned Land representa um dos passos mais ousados da franquia ao abraçar um mundo totalmente aberto, inspirando-se em alguns dos títulos mais populares do género. Este novo capítulo apresenta uma protagonista, Yumia, que deve usar as suas habilidades de alquimia para explorar um continente misterioso e superar os desafios que se lhe apresentam. Mas será que esta nova abordagem resulta num jogo coeso e divertido, ou será apenas uma tentativa superficial de modernização da série?
Jogabilidade
Atelier Yumia introduz um mundo aberto que permite ao jogador explorar ao seu próprio ritmo. Yumia, uma jovem alquimista, junta-se a uma equipa de pesquisa para investigar ruínas antigas no continente de Aladiss. Ao contrário de entradas anteriores da série, onde a alquimia era apenas uma ferramenta de progressão, aqui desempenha um papel essencial na exploração, sendo necessária para desbloquear certas áreas e avançar na narrativa. O sistema de alquimia é uma das mecânicas mais bem desenvolvidas do jogo, permitindo combinações criativas de ingredientes e a criação de itens essenciais para o progresso. O combate, porém, apresenta-se como um dos elementos menos conseguidos do jogo. Apesar de contar com habilidades de curto e longo alcance, o sistema de batalhas assenta demasiado na repetição de ataques, tornando-se algo monótono. Se nos confrontos com inimigos comuns o desafio é praticamente inexistente, os combates contra bosses revelam-se mais interessantes, exigindo uma maior atenção às mecânicas de esquiva e ao uso adequado das habilidades. Contudo, a progressão do jogador é tão rápida que o nível de dificuldade raramente se torna um obstáculo real.

Mundo e história
O mundo de Atelier Yumia é vasto e repleto de segredos para descobrir. Ao contrário de experiências anteriores na série, onde a exploração era segmentada por zonas interligadas, aqui temos um mundo totalmente aberto, com regiões distintas e biomas variados. A protagonista não é uma simples aventureira, mas sim uma alquimista vista com desconfiança pela sociedade, o que adiciona uma camada de profundidade à narrativa. A história desenvolve-se de forma gradual, através de momentos de slice-of-life que culminam em eventos mais dramáticos. Os membros da equipa de pesquisa oferecem missões secundárias que ajudam a aprofundar as suas personalidades, embora nem todas sejam igualmente envolventes. Alguns personagens destacam-se mais do que outros, sendo que Nina, por exemplo, apesar de ter um papel central na narrativa, acaba por ser menos carismática que outros membros do grupo. Os antagonistas também poderiam ter recebido um desenvolvimento mais cuidado, pois a falta de interação com eles acaba por enfraquecer a sua presença na trama. Apesar de terem histórias de fundo interessantes, o jogo não lhes dá tempo suficiente para se tornarem memoráveis. A atmosfera mais sombria de Atelier Yumia exigia vilões mais bem trabalhados para aumentar o impacto emocional dos momentos-chave da história.
Grafismo
Visualmente, Atelier Yumia é o título mais impressionante da franquia até à data. O jogo apresenta um design artístico vibrante, com cenários detalhados e um uso excelente de cores. As regiões iniciais destacam-se pela sua beleza, criando um forte impacto visual. No entanto, à medida que a aventura avança, nota-se uma certa desigualdade na qualidade dos ambientes, com algumas áreas a parecerem menos detalhadas. Em termos de desempenho, o jogo corre de forma estável na maioria das máquinas, embora sessões prolongadas possam causar tempos de carregamento mais demorados e, em certos casos, bloqueios inesperados. No PC, o jogo pode apresentar problemas de compatibilidade com placas gráficas AMD, o que pode resultar em crashes ocasionais. Felizmente, o sistema de gravação automática minimiza a frustração decorrente desses problemas.

Som
A componente sonora de Atelier Yumia segue a tradição da série ao apresentar uma banda sonora encantadora que complementa na perfeição o ambiente do jogo. As músicas de exploração são suaves e relaxantes, enquanto os temas de batalha tentam injetar um pouco mais de energia. No entanto, como os combates nem sempre são muito empolgantes, a banda sonora acaba por se destacar mais nos momentos de pausa do que nas sequências de ação. O trabalho de vozes está bem conseguido, com interpretações que ajudam a dar carisma aos personagens, mesmo que alguns sejam menos memoráveis do que outros. Os efeitos sonoros são competentes e acrescentam uma sensação de impacto, especialmente durante a exploração e interação com os elementos do mundo.
Conclusão
Atelier Yumia é um jogo ambicioso que traz a série para um novo patamar em termos de escala e exploração. O mundo aberto é bem concebido e a alquimia continua a ser um sistema profundo e recompensador. No entanto, o combate pouco desafiante e o desenvolvimento superficial de alguns personagens impedem o jogo de atingir todo o seu potencial. Para os fãs da série, esta é uma experiência a não perder, enquanto os novatos encontrarão aqui um bom ponto de entrada. Apesar das suas falhas, Atelier Yumia consegue cativar pela sua atmosfera e pelo sentimento de descoberta que proporciona, garantindo horas de diversão para quem aprecia RPGs de exploração. Se a Gust continuar a aprimorar esta abordagem nos próximos títulos, a franquia poderá encontrar um equilíbrio perfeito entre tradição e inovação.