Etrian Odyssey IV: Legends of the Titan é parte de uma série completamente desconhecida para mim, razão pela qual me surpreendeu tanto. Na realidade não estava à espera de nada, nem bom nem mau porque comecei a jogar completamente às cegas. Felizmente este é um daqueles casos raros em que isso é realmente bom e tudo me pareceu novidade e cada minuto do jogo me surpreendia pela sua qualidade.
Etrian Odyssey IV: Legends of the Titan é um dungeon crawler para 3DS que resolve praticamente todos os problemas dos antecessores, ou assim ouvi dizer uma vez que para mim o jogo não tem qualquer problema muito incomodo, mas pelo que li depois os antecessores apresentavam uma dificuldade enorme e um desprezo completo pelos jogadores menos habituados ao género. As masmorras eram gigantes e labirinticas e não havia qualquer cuidado a introduzir o jogador a estes aspectos.
Falando então de Legends of the Titan, todos estes problemas estão resolvidos. A dificuldade está presente pois o jogo é desafiante, no entanto esta aumenta de forma gradual e nunca nos deparamos com um cenário impossível. Quem procurar uma dificuldade ainda maior esta pode ser obtida pela escolha da dificuldade do jogo. Ninguém pode realmente reclamar da dificuldade a não ser que ache a dificuldade máxima demasiado fácil, algo que pessoalmente não achei.
Legends of the Titan assim como os antecessores é um jogo de exploração e aventura. Existe uma história obviamente, mas é um daqueles jogos em que o importante é a viagem e não o objectivo final. Não existe um protagonista como em jogos mais modernos, existindo sim uma escolha como nos RPGs de outros tempos, como os primeiros Final Fantasy onde no inicio escolhíamos o nome e classes do nosso grupo. Existem sete classes, com mais a serem desbloqueadas no decorrer do jogo e um sistema de subclasses passadas algumas horas de jogo.
Optando por deixar de fora qualquer tipo de vozes e cutscenes, podem imaginar que é um jogo com muito texto. Felizmente este é bem escrito e tem uma abordagem interessante, focada bastante naquilo que as personagens estão a sentir num determinado momento. A história como já disse é simples. Somos o líder de uma guild de aventureiros que tem como objectivo explorar e fazer descobertas importantes para o Conde de Tharsis. Tharsis é aliás a cidade onde tudo começa e serve também com centro principal do jogo, onde podem encontrar quests e comprar equipamentos.
Para viajarem para outras regiões vão utilizar uma airship, ao bom estilo Final Fantasy, mas ao contrário do jogo da Square aqui vão ter acesso a esse recurso desde o inicio do jogo. Toda a jogabilidade é por turnos, desde a movimentação da nave até ao combate. Assim que chegarem a uma das masmorras, a perspectiva do jogo muda para a primeira pessoa e vão controlar um movimento de cada vez. Os encontros são aleatórios, no entanto aqui não somos tão surpreendidos como em outros jogos do género, pois existe um medidor de perigo que basicamente nos mostra a probabilidade de encontrar um inimigo assim que nos mexermos.
O único aspecto do jogo que parece não ter sido alterado dos outros jogos da série e que talvez deve-se são os mapas. Estes continuam verdadeiros labirintos, algo que parecia ser um aspecto marcante dos jogos anteriores. Este é também um factor que aumenta um pouco a dificuldade do jogo, uma vez que quanto mais perdido o jogador estiver, mais combates irá encontrar. Aquilo que mais contribui para o jogador se sentir perdido é a falta de elementos característicos. Cada área pode parecer diferente da área seguinte, mas navegar em cada uma delas é como entrar num edifício onde todas as paredes são brancas e as portas todas iguais. Apesar de eu considerar isto um aspecto negativo, este parece ser um efeito pretendido, uma vez que existem uma série de formas de criar mapas para nos ajudarem a navegar nestas masmorras. Podem traçar linhas, colocar marcadores de vários tipos ou não fazer nada, mas as ultimas zonas do jogo quase que obrigam à utilização destas ferramentas.
As missões são pedidos que vamos aceitando na cidade de Tharsis. Apesar de nenhum pedido além dos do conde serem obrigatórios, é obviamente recomendado que assim o façam para receberem as recompensas. Cada personagem pode equipar quatro itens e felizmente o jogo não torna muito difícil a obtenção de novos itens para equipar, com os inimigos a largar boas quantidades de dinheiro e itens, assim como as recompensas das quests que ajudam também bastante a manter o jogador sempre bem equipado. Todos os itens podem também ser melhorados através de itens especiais que vão encontrando pelo caminho.
As habilidades das personagens estão também muito bem explicadas e a árvore que nos permite melhorar e adquirir novas habilidades é bastante simples e fácil de compreender. Isso não lhe tira profundidade e o poder do jogador para criar as suas personagens da forma que quer. Apesar de muito trabalho, Etrian Odyssey IV: Legends of the Titan tem ainda muito grinding envolvido, mas seria de esperar de um jogo deste género. Isto irá afectar mais uns jogadores do que outros, mas continua a ser um problema, não tanto como em outros jogos, mas a sua simples existência é um aspecto negativo.
Etrian Odyssey IV: Legends of the Titan é um jogo que nos agarra durante horas e horas. É o jogo que nos faz perder o autocarro, deixar passar a paragem de comboio e passar a noite a olhar para dois pequenos ecrãs em vez de dormir. É um jogo que nos dá um mundo fantasia para explorar e muitos desafios para superar, tudo com uma atmosfera própria e muitos labirintos. Infelizmente os labirintos são o seu ponto fraco, porque ficar perdido demasiado tempo simplesmente não é divertido, mas o caminho correcto acaba por aparecer e de resto este é um jogo fantástico na plataforma perfeita.