How to Survive podia ser um jogo fantástico. A ideia de um jogo de sobrevivência de zombies com elementos de RPG podia muito bem ser um dos melhores jogos de sempre. Apesar de boas propostas como DayZ ou State of Decay parece faltar sempre algo e How to Survive podia ter ser algo que falta, mas uma série de problemas faz com que além de este não ter o que falta a esses jogos, tornou-se uma experiência penosa de jogar ao fim de alguns minutos.
O jogador começa numa das quatro ilhas que compõem um arquipélago tropical onde dá à costa. Como se isso não fosse suficiente estas estão cheias de zombies. Felizmente não somos o único sobrevivente e juntamente com a companhia que vamos encontrando temos que encontrar combustível para um barco para podermos avançar para a ilha seguinte. É aqui que percebemos que How to Survive é composto apenas por missões ao bom mau estilo de um MMORPG. Ter que aguentar com essas mecânicas datadas num MMORPG já é um problema, mas aqui não faz realmente sentido e é a primeira de muitas más decisões de design que foram feitas aqui.
Se as missões fossem minimamente interessantes e a atenção à sobrevivência em si fosse melhor, este podia ser um bom jogo. À medida que vamos avançando nas missões existem horas de zombies para eliminar e mantimentos para recolher. A jogabilidade é mais ou menos aquela a que estamos habituados, com alguns botões pouco comuns mas de resto é o normal. Existem armas de corpo a corpo e de tiro. Podem aguentar os ataques corpo a corpo um pouco para lançar um ataque mais forte.
No que toca aos ataques com armas de fogo, existe um sistema de tiros na cabeça. Quando apontamos para um zombie começa a aparecer um circulo na sua cabeça que diminui com o tempo até nos dar um tiro na cabeça garantido. Isso funciona bem quando os combates são contra pequenos grupos, mas apontar para um zombie especifico num grupo grande é quase impossível a não ser que nos coloquemos a uma distancia pouco segura. Isto poderia tornar o combate mais táctico se apenas fossem estas as variáveis, mas cedo começam a aparecer outras como capacetes em alguns zombies que basicamente obrigam a que sejam disparados dois tiros na cabeça e alguns zombies que simplesmente são capazes de absorver doses de dano impossíveis.
Os sistemas de criação de armaduras e armas é talvez a melhor parte do jogo. Armas e armaduras são feitas juntando vários pedaços e peças que encontram. Os itens criados a partir deste sistema realmente parecem que são feitas a partir de itens encontrados perdidos, tendo assim uma estética que lembra a sobrevivência. Algo que não faz muito sentido é a quantidade de munições que os zombies deixam cair ao morrer, mas pelo menos não temos que nos preocupar com isso. Ao matar zombies ganhamos também pontos de experiência que nos permitem subir de nível e criar novo equipamento. Não há nada de extraordinário aqui realmente, mas pelo menos a execução é boa.
A comida e água é relativamente fácil de encontrar também, especialmente à medida que vamos avançando no jogo e temos melhor equipamento. O descanso é realmente o único problema. A nossa personagem apenas pode descansar numa zona segura e sempre que encontramos uma destas temos que a conquistar aos zombies. Estas batalhas são grandes portanto não convém tentar descansar desarmado ou demasiado fraco. How to Survive tem um problema na progressão que ao contrário do bom senso faz-se de difícil para fácil. No inicio grande grupos são realmente uma ameaça, mas perto do final do jogo nem grandes grupo são realmente um desafio. Isto faz com que no final não exista realmente um sentimento de vitória.
O maior problema de How to Survive é a sua insistência em tutoriais desnecessários. O jogo trata-nos como se nunca tivéssemos jogado nada na vida e não o faz apenas uma vez, chegando ao ponto de repetir tutoriais nas várias ilhas como se não tivéssemos jogado a primeira. A história tenta ser interessante, mas é demasiado previsível e a meio já sabemos como tudo vai acabar. Graficamente é apenas mediano com texturas funcionais, más sombras e personagens pouco detalhadas. Não há muito para recomendar aqui apesar das boas ideias que certamente existiam no inicio. O próprio conceito deixou-me entusiasmado mas o resultado final é pobre e pouco entusiasmante.