Aurora é a heroína de Child of Light. Depois de uma doença a deixar em coma, Aurora acorda em Lemuria, sem saber o que se passa, mas cedo sabe que para voltar para casa tem que recuperar, o Sol, Lua e Estrelas de Lemura, roubadas pela rainha negra Umbra. A história não é o seu ponto forte. É um conto de rainhas malvadas e mundos fantásticos que apesar de alguns elementos únicos de Child of Light é algo que parece sempre demasiado familiar.
No entanto a apresentação e cenários são soberbos e são aquilo que mais realça a originalidade de Child of Light. Tal como os cenários, também as personagens e inimigos são soberbamente criados. O seu design é exatamente o que deveria ser. Os inimigos são arrepiantes, variando desde aranhas até ogres, nenhum deles parecendo entrar em contraste com o mundo de Lemuria. Os heróis e restantes personagens receberam também a atenção devida, desde Aurora até aos seus companheiros que vamos conhecendo pelo caminho.
A atenção ao pormenor é impressionante, com todos os elementos do cenário a serem bem pensados, havendo pequenos pormenores deliciosos durante a aventura de Aurora. Junto com Aurora está sempre Igniculus, uma pequena bola brilhante que serve como guia, mas também é utilizado pelo jogador. Podemos controlar Igniculus para recolher desejos, pequenas luzes que flutuam pelo cenário e que nos dão HP e MP. Durante o combate, que irei falar mais à frente, também podemos controlar esta pequena personagem para abrandar o ataque dos inimigos.
A exploração no jogo é bastante semelhante à de um platformer com elementos de puzzle, mas rapidamente adquirimos a habilidade de voar, o que traz uma nova dimensão ao jogo. Os puzzles não são muito desafiantes, mas a união de elementos de um puzzle platformer com RPG torna Child of Light bastante único tanto no seu aspecto como jogabilidade e é o que o diferencia da concorrência. Em parte poderia compará-lo com Dragons Crown, mas em Child of Light o combate é por turnos e nada tem a ver com a jogabilidade brawler do jogo da Atlus.
Child of Light não é um jogo muito difícil, portanto a exploração ao pormenor dos cenários acaba por não ser muito importante. Esta exploração acaba normalmente por resultar na obtenção de algumas poções, mas o ritmo a que as recolhemos é bem superior ao ritmo com que as usamos, o que nos permite ir armazenando uma boa quantidade. Tal como já referi, o combate é por turnos. Sempre que tocamos num inimigo iremos ser transportados para um cenário de combate onde se desenrola um combate por turnos no estilo mais clássico possível.
Durante o combate podemos ver um temporizador que nos diz quanto tempo falta até podermos escolher a ação seguinte e quanto tempo até essa ação acontecer, assim como a mesma informação relativamente aos inimigos. Podemos usar o nosso companheiro para atrasar os inimigos, mas essa habilidade gasta-se, portanto o importante é tentar atacar no tempo certo para cancelar o ataque do inimigo e tentar evitar que este nos faça o mesmo. O timing é talvez o aspecto mais importante do combate, mas também o é saber as fraquezas de cada inimigo e usar ataques mágicos eficazes contra cada um. Apenas controlamos duas personagens no combate, mas podemos trocá-las sem gastar uma ação. Conhecer cada uma das personagens e trocar várias vezes é uma das melhores estratégias.
Devemos alternar entre as várias personagens, usando algumas para atacar e outras como suporte. A árvore de habilidades permite variar um pouco a formula, mas é importante manter cada personagem com um papel especifico e ir trocando durante o combate. Com o aspecto de Child of Light era pedir demais que todos os inimigos fossem diferentes, e nota-se claramente que os mesmos assets são usados talvez em demasia. Mas por outro lado não é também um jogo muito longo, portanto podem nem notar este problema em demasia. Child of Light é um jogo para quase todos os jogadores. É um jogo para quem gosta de RPGs, é um jogo para quem gosta de platformer e de puzzles.