Análise: Inertial Drift

Tiago Roque

3 anos ago

Como o nome sugere, o foco de Inertial Drift é o drift, algo que por si já é ligeiramente diferente do que temos noutros jogos mas é a forma como o drift é realizado que é original. Este não é um jogo de corrida típico em que o analógico esquerdo serve para conduzir e derrapar é geralmente obtido apertando os travões. Na verdade, este não é um jogo em que conduzir com o analógico esquerdo nos leva muito longe já que fazer isso apenas vira o carro um pouco. Em vez disso, Inertial Drift também faz uso do analógico direito para controlar o drfit. Ao movê-lo para a esquerda ou para a direita, deslizamos com o carro nessa direção e, ao combiná-lo com o controle esquerdo, podemos alterar o ângulo e a intensidade do slide para abordar cada curva da melhor maneira. Pelo menos, essa é a teoria, já que além de serem necessárias horas de prática para fazerem o que querem aqui, a realidade é que o analógico esquerdo é de tal forma inutil para conduzir que quase poderia arruinar a ideia que Inertial Drift pretende apresentar.

Quando finalmente tudo se encaixa, os resultados podem ser muito satisfatórios, dependendo do nível de habilidade e empenho do jogador. Se estão à espera de um jogo de corrida estilo arcade onde normalmente até é mais fácil pegar num carro e conduzir, Inertial Drift não é um jogo para vocês. Aqui é preciso muito tempo até para conhecer cada um dos carros do jogo. Cada caro funciona e controla-se de forma diferente, o que faz com que seja necessário treinar sempre que trocamos de carro e voltar a pensar na forma de abordar cada curva dos circuitos que já conhecemos. Essa ligação entre jogador e carro estende-se aos próprios modos de jogo porque nenhum deles oferece qualquer situação em que haja mais de dois carros na pista. O foco está muito em dominar os controlos e aprender a aperfeiçoar as derrapagens em cada curva.

Três dos seis tipos de corrida no jogo são essencialmente os mesmos. O Time Trial desafia o jogador a vencer um determinado tempo, Ghost Battle faz o mesmo, mas com um carro fantasma na pista mas essencialmente é a mesma coisa com a diferença de em vez de sabermos o tempo previamente vemos o carro, e Race faz o mesmo novamente mas com um carro físico na pista, algo que poderia ser realmente diferente mas como não há detecção de colisão nem consigo perceber a ideia aqui. Os outros três tipos de corridas misturam as coisas um pouco, mas todos eles ainda se encaixam no mesmo “pacote” geral. O duelo é outra corrida um contra um mas onde ganhamos pontos por se antecipar ao seu oponente e quem chegar a 1000 pontos ganha. Endurance é um modo baseado em checkpoints em que se tem que chegar o mais longe possível antes que o tempo acabe e por fim temos um modo que nos premeia pela qualidade do nosso drift.

Esses seis tipos de corrida são apresentados de algumas maneiras diferentes ao longo dos modos de jogo disponíveis. O modo História é uma campanha muito curta que consiste em cinco pistas, cada uma com três corridas e entre cada uma, temos algumas seções da história onde um grupo de personagens não muito memoráveis discutem sobre corridas enquanto se preparam para um Grande Prêmio qualquer. Cada um dos quatro personagens tem a sua própria história, mas o diálogo é igualmente aborrecido e enfadonho. Os únicos outros modos para um jogador são Desafio, com as suas 12 corridas únicas diferentes que desbloqueiam carros novos, Arcade e Grande Prémio, que não é o que parece e são apenas mais cinco desafios juntos. Em termos de multijogador temos split screen, o que é ótimo de ver em 2020 e um modo online.

Visualmente Inertial Drift não procura o realismo, evocando em vez disso os clássicos dos anos 90 e toda uma estética synthwave e neon. Técnicamente o jogo é estável, mas tem algum pop-in que pode estragar algumas curvas, mas sinceramente não notei nada de realmente grave no jogo e no geral foi sempre uma experiência agradável, até porque vão falhar muito mais curvas por outras razões. Inertial Drift foi projetado para ver o jogador a esbarrar-se por toda a pista até que finalmente domine os controlos e aprenda as nuances de cada pista. Mesmo sendo o seu o próprio jogo, a realidade é que há muito de Ridge Racer aqui, com a particularidade da jogabilidade “twin sticks” que o distingue e não vejo mal nenhum nisso.

Inertial Drift é um jogo super original que nem sempre consegue ser tão diferente como gostaria. É um jogo arcade diferente, onde precisamos de treinar muito para este se tornar uma experiência tão gratificante como o seu potencial permite.

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