King of Seas é uma aventura de piratas gerada de forma processual da 3DClouds (All-Star Fruit Racing). Há um toque de Sid Meier’s Pirates e de Sea of Thieves, no entanto, aquilo que começa de forma bastante promissora logo se revela uma experiência desapontadoramente superficial, repleta de ciclos intermináveis que se repetem até à exaustão. As coisas começam muito bem com uma configuração inicial da história que parece prometer intriga e vingança, assim como doses enormes de aventura.
Para começar escolhemos se queremos jogar como uma versão masculina ou feminina do protagonista do jogo, seguido de um rápido tutorial que nos ensina como comandar um pequeno navio. Depois somos lançados de cabeça na história, que nos dá a tarefa de vingar o pai da nossa personagem e limpar o seu nome. O jogo tem todos os clichés que nos habituámos dentro do género, incluindo uma dose de magia voodoo para tornar tudo uma pitada mais interessante. Controlar os navios do jogo é bastante fácil e divertido. A velocidade é controlada por quantas das três velas do navio estão abertas. É um sistema simples, mas que permite que executar algumas manobras interessantes durante as batalhas. A simplicidade poderia significar que não seria possível extraír grande coisa da jogabilidade mas existe profundidade suficiente para isso não ser verdade.
Continuando na jogabilidade, os navios têm obviamente canhões e controlá-los é também muito simples. Se jogarem com um gamepad irão encontrar o disparo de canhões nos gatilhos, com cada lado a corresponder a um dos lados do navio, bombordo e estibordo. Ter sucesso requer bom timing e posicionamento para obter um tiro certeiro num navio inimigo. É no combate que King of Seas mais brilha, sendo muito gratificante, ainda mais quando juntamos ao movimento e ataque, uma série de habilidades mágicas. King of Seas permite equipar o navio nave com uma série de poderes mágicos para nos ajudar a abordar os inimigos.
Estas habilidades que podem ir desde um tentáculo de Kraken a sair das profundezas para atacar navios inimigos até transformar o navio numa versão fantasma durante algum tempo, transformam por completo o combate. Novos poderes e melhorias de navios podem ser encontrados no mapa do jogo, recolhendo detritos a flutuar na água, completando missões ou comprando-os num mercado portuário, entre outras formas. Parte da jogabilidade dos jogos do género consiste em comprar e vender itens para ter lucro e aqui também podemos fazer tudo isso.Todo o dinheiro que ganhamos permite-nos comprar novos equipamentos ou navios e os pontos de experiência que ganhamos podemos usar na árvore de habilidades.
Infelizmente, King of Seas torna-se um festival de grind depois de uma ou duas horas. As missões que o jogo nos pede para cumprir são bem acima do nosso nível atual, o que nos obriga a ganhar dinheiro e melhorar o nosso equipamento de formas altamente repetitivas. Tentar fazer algo de diferente é quase inútil já que maior parte das missões secundários são exatamente iguais às missões principais. Para tornar as coisas ainda mais aborrecidas e frustrantes, não é óbvia a razão porque conseguimos por vezes abatar um navio inimigo em dois ou três disparos e outras vezes o inimigo parece imune a todos os nossos ataques. O dano é dividido em três seções, tripulação, casco e velas, o que devia funcionar para dar ao combate um pouco de estratégia, no entanto não parece realmente fazer muita diferença. Quando a batalha se arrasta também tudo se complica porque os combates de um para um se tornam rapidamente de muitos contra nós, com os navios que vão passando a juntarem-se ao nosso inimigo.
Tudo o resto que não faz parte do combate é também muito simples. A economia por exemplo poderia ser um sistema complexo e rico, mas não. A navegação é também um pouco confusa, não existindo uma indicação de onde ir. Felizmente o mapa do jogo continua a indicar o nosso destino, no entanto ter que abrir o mapa de minuto em minuto para encontrar o rumo certo não é divertido. King of Seas poderia ser um bom jogo, num género que está a pedir um bom novo jogo, no entanto continuamos a ter de ficar à espera de outra proposta.