Análise: Frail Hearts: Versicorae Domlion

Desenvolvido pelo estúdio italiano Section, Frail Hearts: Versicorae Domlion é um RPG por turnos com temática de terror. A história tem como palco o ano de 1938 numa cidade imaginária que tem o apelido de cidade vazia. Logo no início ficamos a conhecer as personagens Eria e Rans, dois gémeos que narram a história. Algo que também notamos rapidamente é que o jogo tem visuais muito originais, focando-se nos tons preto, branco e cinza, com pequenas nuances de cor para efeito dramática e ajudar a identificar personagens.

O que dá nome ao jogo, ou pelo menos a parte dele é a peça de teatro Versicorae que o jogo narra ao jogador, um drama que funciona como introdução ao jogo. É uma história cheia de mistério que garante uma entrada forte da narrativa de Frail Hearts: Versicorae Domlion. Maior parte da história inicial faz o bom trabalho de nos deixar com mais questões do que respostas. É a melhor forma de começar uma história e o jogo faz um bom trabalho de criar uma atmosfera de mistério.

Não é apenas na sua história que o jogo tem uma aura de mistério e terror. O oculto é toda uma mitologia Lovecraftiana está impregnada no jogo. Mas Frail Hearts: Versicorae Domlion não é apenas a sua história. Ao final de contas este é um RPG e como tal tem combate. O combate por turnos do jogo segue as regras do género, sem grandes inovações. Este é aliás um jogo mais focado em misturar as coisas de uma forma nova e original do que em criar algo novo e estranho.

Cada personagem tem a sua própria especialização que funciona como uma classe e conseguimos encontrar paralelos com as classes que conhecemos do género. Uma personagem é facilmente descrita como um tanque ou um mago DPS, ou curandeiro ou outra qualquer, mesmo que não seja esse o nome aqui neste jogo. Os inimigos tentam trocar-nos as voltas, tendo várias fases diferentes em que trocam as suas fraquezas e padrões de ataque. À medida que avançamos vamos ganhar acesso ao altar onde podemos melhorar as nossas estatísticas e habilidades. Aquilo que estou a descrever pode parecer igual à maioria dos RPGs e isso é porque realmente é. Existem níveis para subir, habilidades para melhorar e armas e equipamentos para equipar.

A navegação é principalmente feita através de ícones no mapa do jogo. Aqui podemos aceder às localizações chave e progredir na história. A história do jogo é contada como uma peça de teatro, contendo muitos elementos dessa expressão artistica, quebrando a quarta parede com alguma frequencia. A história é um dos melhores aspetos do jogo e a forma como a narrativa é apresentada é sem dúvida o principal ponto forte. O jogo em si não é muito complexo. Não temos que pensar muito onde queremos ir e normalmente o próximo passo encontra-se destacado.

Frail Hearts: Versicorae Domlion é um jogo que talvez seja mais estilo do que substância em alguns aspetos. O combate por exemplo acaba por se tornar quase secundário, não que não exista com frequencia, mas não é de todo o foco da experiência. Visualmente é um jogo que se destaca pela direção artistica também e não pelo poderio gráfico. No geral não senti que o esforço que tentamos colocar no jogo seja recompensado. Este é um daqueles jogos que podemos ir avançando sem nos preocuparmos muito com o que fazemos. A história é o verdadeiro destaque, mas isso pode não ser aquilo que muitos procuram num RPG.

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