Análise: The Callisto Protocol

Os jogos de terror são muito abrangentes, indo desde experiências mais cinematograficas, a jogos 2D, a jogos de ação e outros mais focados na exploração. O género esteve meio dormente durante anos, mas jogos como Dead Space, Amnesia e os mais recentes Resident Evil revitalizaram o género. O responsável por um destes jogos, Dead Space, está de volta agora com The Callisto Protocol, com um novo estúdio, mas com muito ADN partilhado com Dead Space.

The Callisto Protocol é um jogo creative e interessante. Isto nem sempre é um elogio. Um jogo pode ser realmente creativo, mas não apresentar nada que eu queira experimentar nessa criatividade. The Callisto Protocol nem sempre consegue apresentar algo muito bom com as suas ideias. Existem ideias novas aqui e o objetivo é claramente criar um dos jogos mais assustadores de sempre, ou talvez o survival horror mais assustador de sempre.

Com este objetivo em mente, The Callisto Protocol é sem dúvida um jogo visceral. O jogador controla Jacob Lee enquanto ele tenta sobreviver numa prisão na lua Calisto. Como num qualquer bom jogo de terror, as coisas são ainda pior do que parecem e além de uma perigosa prisão em Calisto, Jacod tem também de se preocupar com algo que está a tornar os habitantes ainda mais violentos e grotescos. Estas criaturas são conhecidas como Biophages e variam este criaturas remanescentes de zombies, para outras mais evoluídas e também mais perigosas.

As criaturas são verdadeiramente assustadoras, mas The Callisto Protocol assusta sobretudo com a sua atmosfera. O mundo do jogo é a estrela da coroa e aquilo que realmente faz levantar os pelos atrás do pescoço. Infelizmente o jogo acaba por repetir muitos dos mesmos truques várias vezes. Um bom jump scare é eficaz, mas convém que nem todos os momentos de tensão crescentes se resolvam com um jump scare. Isto torna o jogo repetitivo e previsível.

Existem muitos paralelos que podemos fazer entre The Callisto Protocol é outros jogos e filmes. A atmosfera do jogo é a forma como nos deixa sempre com um pé atrás e os nervos à flor da pele é algo que vai buscar à filmes clássicos como Alien, mas há muito de jogos como os primeiros Silent Hill à mistura. Os ambientes do jogo são assustadores e o design do som é perfeito para o jogo, tornando a experiência muito mais imersiva.

Mas The Callisto Protocol não se fica por aí. Há muito lore para descobrir através de áudio logs e outros momentos mais tradicionais que nos vão contando a história emocional do jogo. Ao longo do jogo conseguimos criar uma ligação emocial às personagens e tanto a história como o lore são realmente bons. Este também não é um jogo que ladra muito e não morde, já que é um jogo onde morremos e muito. Mas morrer não é a pior experiência do mundo já que pelo menos podemos ver Jacob a morrer de todas as formas possíveis e imaginaveis. Apesar de não ser exatamente um jogo de ação, The Callisto Protocol tem um arsenal muito maior do que a grande maioria dos outros jogos do género. Apesar de nos sentirmos sempre bem armados e preparados, o jogo consegue na mesma fazer-nos sentir quase insignificantes já que qualquer erro é recompensado com uma morte grotesca.

The Callisto Protocol pode não revolucionar o género, nem sequer conseguir que todas as suas ideias sejam bem sucedidas, mas é uma evolução do género e uma espécie de melhoria daquilo que tornou Dead Space um clássico. Falta saber o que Dead Space vai trazer com o seu remake/reboot, mas há muito para gostar aqui. A ação é tensa, a história e personagens são fortes e as prestações dos actores muito boas. Não é de todo um jogo que possa recomendar a todos os jogadores. É um jogo de terror que irá satisfazer os verdadeiros fãs do género, mas que irá ajugentar todos os outros.

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