Análise: The Knight Witch

Criar algo verdadeiramente único é por si difícil, mas criar algo único num género tão concorrido como o Metroidvania, é uma tarefa ainda mais complicada. O género em si tem visto muitos lançamentos ao longo dos anos, mas as regras foram estabelecidas à muito tempo, com os lançamentos seguintes a tentar melhorar uma fórmula vencedora. A solução tem sido quase sempre encontrar um pequeno gimmick ou influência de outros géneros e no caso de The Knight Witch esse género é o bullet hell.

A história do jogo começa anos antes dos eventos do jogo, quando a sociedade era governada por um clã preocupado apenas com o progresso, mesmo que este viesse às custas do ambiente. Isto resultou numa guerra civil que terminou com a vitórias das bruxas que dão nome ao jogo. O jogo decorre anos depois de tudo isto, com o jogador a controlar Rayne, uma bruxa que não conseguiu ser poderosa o suficiente para se juntar às companheiras, vivendo numa das aldeias no subsolo que foram necessárias construir, já que a guerra tornou a superfície praticamente inabitável.

Os tempos de paz infelizmente não duram para sempre e o antigo inimigo está de volta, cabendo a Rayne defender a sua aldeia. O jogo passa uma boa parte da sua duração a desenvolver a sua história. Não é muito comum dentro do género, mas a história do jogo é forte o suficiente para justificar este foco. Infelizmente o jogo não é muito longo e algumas partes da história podem parecer um pouco apressadas.

A jogabilidade em si é talvez onde o jogo tem a sua identidade mais vincada. O foco na história é por si um factor diferenciador, mas é a parte bullet-he’ll da jogabilidade que mais fica na memória dos jogadores. A união de um Metroidvania com Bullet-he’ll funciona bastante bem e não havia grandes razões para não funcionar. Muitos roguelikes com jogabilidade similares já tinham utilizado mecânicas de bullet-he’ll com bons resultados antes. Os níveis em si são o tradicional labirinto do género, tão cheios de inimigos como de armadilhas. O jogador tem de explorar estes níveis para encontrar melhorias que possam por um lado tornar o jogo mais simples, como também abrindo áreas inacessíveis.

Tendo em conta que The Knight Witch é um jogo relativamente curto, as melhorias são introduzidas a um ritmo alto, dando ao jogo um progresso rápido que mantém as coisas sempre interessantes. O combate é feito através de um ataque básico e outros feitiços que usam mana. A energia mágica pode ser recuperada por energia deixada pelos inimigos ou partindo objetos do jogo que também nos dão alguma energia. Podemos apontar manualmente ou deixar o jogo apontar, mas a segunda opção tem uma penalidade no dano infligido. Os feitiços que podemos usar vêm de cartas de feitiços e apenas podemos ter três disponíveis ao mesmo tempo, que são escolhidos de forma aleatória da lista que temos equipada.

Além das melhorias que vamos recebendo através da exploração, Rayne também tem um nível que indica a fé que a população tem nela. Podemos aumentar este nível falando e ajudando NPCs. Existem também uma espécie de entrevistas que nos deixam escolher algumas respostas. Estas podem ser verdade ou mentira e terão consequencias, no entanto, ter uma imagem pública forte faz com que o nível aumente mais, por isso podemos jogar com isso. Quando aumentamos o nível podemos melhorar os atributos de cavaleiro ou de bruxo, cada um é importante e dá-nos melhorias em aspetos diferentes, como a nossa durabilidade ou mana.

Visualmente o jogo é sobretudo colorido e tem um estilo “desenhado à mão” que gostei bastante. Os ambientes são bastante distintos uns dos outros também e há uma atenção ao detalhe impressionante. Tecnicamente no entanto o jogo sofre de alguns problemas. Existem várias quebras da framerate e existem outros pequenos problemas técnicos que vamos reparando ao longo do jogo, mesmo que nenhum seja grave e quebre o jogo.

The Knight Witch é um jogo interessante e consegue ocupar um espaço diferente dos outros jogos do género. Vai agradar tanto aos fãs do género Metroidvania como de Bullet-hell. A história é interessante e a jogabilidade forte o suficiente. O principal problema acaba por ser a sua curta duração.

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