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Análise: Unholy

Unholy apresenta uma abordagem única ao horror psicológico, afastando-se dos jumpscares típicos que saturam muitos ou a maioria dos jogos do género. A atmosfera criada é sombria e inquietante, repleta de temas perturbadores e cenas que provocam desconforto. A Duality Games demonstra um domínio em criar uma sensação de desconforto nos jogadores, transformando ambientes aparentemente simples em algo sinistro e inquietante. Ao longo do jogo, o ambiente desempenha um papel crucial na construção de uma atmosfera de desespero e apocalipse. A Cidade Eterna é retratada como um lugar devastado, onde edifícios em ruínas e vinhas ameaçadoras contribuem para a sensação de que o mal está se infiltrando e corroendo tudo à sua volta.

A história começa com a protagonista, Dorothea, em busca do seu filho, Gabriel. O cenário é um culto enigmático e sombrio, o qual parece estar mergulhado em mistérios e segredos. A figura misteriosa e mascarada que inicia um ritual sinistro é apenas o começo de uma série de eventos que catapultam Dorothea para uma realidade alternativa, onde ela se depara com uma versão distorcida e aterrorizante do mundo que conhece. O foco no resgate do filho e na fuga deste mundo distorcido cria um enredo envolvente e cheio de reviravoltas emocionais. Dorothea, como personagem principal, evolui à medida que confronta os seus próprios demónios internos e se aventura numa jornada emocionalmente intensa.

A jogabilidade de Unholy é multifacetada, oferecendo aos jogadores uma série de atividades para enfrentar os desafios que se apresentam. A evasão é uma parte crucial, uma vez que o combate direto é desencorajado. Isso leva os jogadores a adotar abordagens furtivas, como espiar cantos, esconder-se em cacifos e evitar os olhares atentos dos inimigos. A mecânica de arremessar cristais com uma fisga adiciona uma camada estratégica à jogabilidade. Os cristais transmitem emoções e cada emoção, desde desejo até raiva, serve a um propósito único, permitindo que o jogador manipule o ambiente e inimigos de formas variadas. A exploração é essencial, uma vez que a cidade se desenrola como um labirinto de mistérios e enigmas a serem resolvidos.

A arte do jogo é um elemento central para criar a atmosfera única e perturbadora. A Cidade Eterna é retratada com uma estética apocalíptica, onde a decadência e a destruição reinam. Os edifícios em ruínas, as vinhas entrelaçadas e os ambientes sombrios contribuem para a sensação de opressão e medo. O jogo consegue capturar o equilíbrio entre o belo e o assustador, criando uma experiência visual que deixa uma impressão duradoura. Apesar das realizações do jogo, Unholy não está isento de desafios técnicos. Bugs, incluindo problemas de câmara e controlos não responsivos, podem interromper a fluidez da jogabilidade e prejudicar a experiência do jogador. Esses problemas podem causar frustração, mas também revelam a complexidade da criação de um ambiente interativo e imersivo. Ainda assim, a força da narrativa e a atmosfera única muitas vezes conseguem superar essas questões técnicas.

Unholy é uma experiência de horror psicológico que desafia as convenções do género, oferecendo uma abordagem menos baseada em sustos óbvios e mais focada em criar uma atmosfera perturbadora. Apesar das limitações técnicas e bugs, o jogo consegue contar uma história envolvente e apresentar uma narrativa bem desenvolvida. A ênfase na evasão e a mecânica de arremesso de emoções conferem profundidade à jogabilidade, exigindo táticas estratégicas por parte dos jogadores. A estética visual e a construção do ambiente são notáveis, adicionando à sensação de desespero e apocalipse. No geral, Unholy oferece uma experiência de horror psicológico intrigante e única.