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Análise: Fireside

Fireside é uma verdadeira joia indie desenvolvida pela Nordcurrent Labs, que proporciona uma experiência encantadora e envolvente. Este jogo destaca-se pela sua narrativa cativante e uma abordagem única à exploração e criação de objetos, tudo ambientado num mundo que parece ter saído diretamente de um esboço rabiscado. Ao mergulhar em Fireside, o jogador é rapidamente envolvido numa atmosfera acolhedora que se foca mais na jornada do que no destino final, o que é uma lufada de ar fresco no panorama dos jogos atuais.

O protagonista de Fireside é Knick, um comerciante de tom azul que, após um naufrágio, se vê encalhado numa ilha misteriosa. Com a ajuda de Costa, um homem peculiar vestido com um barril, Knick inicia uma nova vida na ilha, onde a curiosidade rapidamente o leva a ativar acidentalmente um portal místico. Este encontro coloca-o frente a frente com Knack, um espírito guardião descontente, que lhe confia a tarefa de restaurar o equilíbrio dos santuários da ilha. Para tal, Knick deve recolher energia de almas através de atos de bondade e gratidão, ao mesmo tempo que tenta reconstruir o seu negócio de comércio.

A jogabilidade de Fireside é centrada na exploração e na interação com os habitantes da ilha. Os jogadores têm três dias para explorar o Delta do Rio, um dos principais locais do jogo, onde podem interagir com diferentes personagens em acampamentos espalhados pela área. Cada visita a um acampamento oferece cinco ações, que podem variar desde conversar com os habitantes, negociar mercadorias, recolher receitas ou cozinhar refeições. Esta mecânica cria um ritmo de jogo que combina a exploração com a gestão estratégica de recursos e tempo, sendo necessário planear cuidadosamente cada movimento para maximizar os benefícios.

Um dos aspetos mais interessantes de Fireside é a sua combinação de criação de objetos e exploração. À medida que os jogadores encontram novas receitas, tornam-se mais eficientes na troca de itens com os habitantes da ilha. Por exemplo, é possível cozinhar arroz a vapor e trocá-lo por vários itens de uma só vez, desde que o valor dos itens seja favorável. No entanto, existe uma limitação: no último dia no Delta do Rio, só é possível levar dois itens de volta ao reino espiritual, o que obriga os jogadores a planearem com antecedência as suas escolhas, adicionando uma camada extra de estratégia ao jogo.

À medida que se avança em Fireside, novas áreas e personagens são desbloqueadas, oferecendo oportunidades para criar receitas mais complexas e descobrir novas histórias. O jogo é continuamente refrescante, com conteúdo novo a cada avanço, o que mantém a experiência de jogo envolvente e interessante. Mas o que realmente distingue Fireside são as personagens únicas e peculiares que habitam a ilha. Cada uma tem as suas próprias necessidades e desafios, desde desejos culinários específicos até disputas excêntricas que requerem a intervenção do jogador. Estas histórias, embora muitas vezes humorísticas, têm uma profundidade surpreendente, reforçando o tema central do jogo de que até os menores atos de bondade podem ter grandes repercussões. A banda sonora suave complementa perfeitamente o ambiente, criando uma atmosfera relaxante que é ideal para jogar enquanto se saboreia uma chávena de chá ou café.

Fireside não é isento de falhas. Um dos poucos pontos negativos é o sistema de gravação do jogo. Só é possível gravar o progresso quando se retorna ao reino espiritual, e a gravação é automática, o que pode levar à perda de progresso caso se decida sair do jogo a meio de uma sessão na ilha. Este detalhe pode ser frustrante para alguns jogadores, mas não é suficiente para ofuscar as qualidades do jogo. No geral, Fireside é uma experiência envolvente que combina narrativa, exploração e criação de objetos de uma forma harmoniosa e cativante. É um jogo que valoriza a jornada e que recompensa o jogador por se imergir no seu mundo encantador e nas suas histórias peculiares. Para quem procura um jogo relaxante e cheio de coração, Fireside é uma excelente escolha.