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Análise: Flame Keeper

Flame Keeper é um roguelite com um estilo visual cartoon que ainda se encontra em desenvolvimento, estando disponível na Steam e na Nintendo eShop. O jogo propõe-se a oferecer uma aventura desafiante em que o jogador assume o papel de Ignis, uma brasa viva, numa missão para restaurar uma chama primordial roubada pelas forças das trevas. O conceito central do jogo é relativamente simples. Ignis, a personagem principal, tem de atravessar áreas dominadas pela escuridão, divididas em três ou quatro segmentos, e restaurar a chama primordial. A estrutura dos níveis segue um padrão previsível: os dois primeiros segmentos são dedicados a acender uma fogueira, o terceiro segmento envolve uma defesa de torre contra ondas de inimigos, e o quarto, quando disponível, é um confronto com um boss. Embora esta estrutura ofereça uma base sólida para a jogabilidade, a falta de variação e a repetição tornam-se evidentes ao longo do tempo.

Durante os primeiros segmentos de cada nível, o objetivo é recolher lâmpadas e acender uma fogueira, utilizando a saúde de Ignis como recurso. A gestão da saúde é crucial, uma vez que muitas das ações no jogo, desde acender lâmpadas até erguer defesas, consomem parte da barra de vida. Este sistema coloca o jogador constantemente numa posição de risco, especialmente se calcular mal a quantidade de saúde necessária para enfrentar os inimigos que surgem rapidamente. A ideia de usar a saúde como um recurso para realizar várias ações é interessante, mas a sua execução acaba por ser frustrante em alguns momentos, especialmente quando o jogador se vê sem energia suficiente para completar um nível e é forçado a recomeçar.

Um dos aspetos mais desafiantes de Flame Keeper é a sua perspetiva de topo, que, combinada com a necessidade de executar saltos precisos, pode tornar-se problemático. O jogo inclui alguns desafios de plataforma ocasionais, e a perspetiva inclinada dificulta o cálculo dos saltos, resultando em situações frustrantes. Adicionalmente, os ambientes monótonos e pouco detalhados tornam difícil identificar objetos importantes, como as lâmpadas, quando são largadas após um ataque inimigo. Estes problemas afetam negativamente o ritmo da jogabilidade e retiram parte do prazer que poderia advir da exploração e combate. Apesar de ser um roguelite, Flame Keeper falha em trazer uma sensação de progressão interessante ou gratificante. As habilidades desbloqueáveis e os bónus passivos são demasiado genéricos e pouco inspirados. Em vez de oferecerem opções criativas para construir diferentes estilos de jogo, os upgrades são básicos e previsíveis, como aumentar o poder dos socos de Ignis ou adicionar um ataque de carga. Nada que incentive verdadeiramente o jogador a experimentar novas abordagens ou a personalizar a personagem de forma significativa. Esta falta de profundidade nas opções de personalização é uma das maiores fraquezas do jogo, especialmente num género em que a variedade de builds e estratégias é frequentemente um dos principais atrativos.

Flame Keeper oferece várias áreas diferentes, seguindo o mesmo esquema de jogabilidade descrito anteriormente. Apenas algumas dessas áreas incluem uma batalha contra um boss após o segmento de tower defense. O problema é que, após a primeira vez que o jogador enfrenta este esquema, o padrão repete-se sem qualquer variação significativa. A ausência de uma mudança de ritmo ou de novos desafios mais elaborados torna a experiência previsível e, eventualmente, aborrecida. Esta repetição torna-se especialmente evidente quando se compara Flame Keeper com outros títulos do género que conseguem manter a frescura e a diversidade ao longo do jogo.

Keeper tem um conceito promissor e apresenta algumas ideias interessantes, mas o estado atual do jogo deixa muito a desejar. A sua estrutura repetitiva, a falta de variação nas habilidades e a ausência de uma progressão satisfatória tornam-no uma experiência mediana, sobretudo quando comparado com outros roguelites disponíveis no mercado.