Análise: Riven

Riven, lançado originalmente em 1997, foi a sequência de Myst, um dos jogos mais influentes e icónicos da década de 90. A sua atmosfera única, a mecânica de puzzles e a narrativa enigmática cativaram milhões de jogadores na época, tornando-o um marco nos jogos de aventura. Agora, após mais de 25 anos, Riven recebe um remake, trazendo de volta o seu mundo intrigante e expansivo para uma nova geração de jogadores. Esta versão modernizada, embora se mantenha fiel à essência do original, consegue atualizar o jogo tanto visual como mecanicamente, oferecendo uma experiência que não só apela à nostalgia dos jogadores veteranos como também cativa quem nunca jogou o original. O jogo coloca-nos numa aventura em primeira pessoa onde a exploração e a resolução de quebra-cabeças são os pilares centrais. Riven transporta-nos para um ambiente silencioso e misterioso, com paisagens de cortar a respiração, que nos incitam a explorar cada canto. O sentimento de isolamento, um dos pontos fortes de Myst, está aqui mais uma vez presente, com o jogador a vaguear por ilhas quase desertas, onde a imaginação pode correr livremente. A narrativa vai-se revelando através da nossa interação com o mundo e os seus puzzles, com recompensas significativas em forma de novos conhecimentos sobre o misterioso poder da “Escrita”, que permite a criação de mundos através de livros de ligação.

Uma das grandes questões que paira sobre qualquer remake é se este consegue manter a alma do original. No caso de Riven, a resposta é sim. Embora o jogo original fosse um exemplo impressionante do que era possível fazer com a tecnologia da altura, a sua interface de apontar e clicar limitava um pouco a experiência. No remake, o jogador tem agora maior liberdade de movimento, podendo explorar as ilhas de forma mais natural. Este novo sistema não só facilita a navegação como também permite uma apreciação mais profunda das paisagens e dos detalhes que compõem o mundo de Riven. Esta liberdade de movimento, aliada a uma apresentação visual impressionante, enriquece a sensação de imersão, mantendo o foco na observação cuidadosa e na compreensão dos mecanismos intricados que regem o universo do jogo.

Visualmente, o remake é uma obra-prima. A versão original de Riven já impressionava com a sua utilização de vídeo de movimento completo e as suas texturas detalhadas, mas a versão modernizada eleva esses elementos a um nível superior. Desde a água cristalina que reflete o céu até à vegetação detalhada e às estruturas de pedra desgastadas pelo tempo, tudo é apresentado com um nível de detalhe e beleza que captura a essência do jogo original, mas com o refinamento que a tecnologia atual permite. Um dos aspetos mais memoráveis é a forma como a iluminação foi trabalhada para criar uma atmosfera misteriosa e envolvente, particularmente em áreas como a Ilha do Templo, onde a luz entra através de janelas estrelares e cria um jogo de sombras que realça o ambiente quase místico do jogo. Se por um lado os gráficos são um ponto forte, o som também desempenha um papel crucial em Riven. A banda sonora, subtil e ambiental, ajuda a construir uma atmosfera de solidão e mistério, enquanto os efeitos sonoros detalhados, desde o som da água a correr até aos rangidos das antigas estruturas de madeira, adicionam camadas à imersão. No entanto, é a ausência de música em certos momentos que destaca o silêncio e o isolamento, elementos chave na experiência de Riven. O jogador é muitas vezes deixado sozinho com os sons naturais do ambiente, o que intensifica a sensação de exploração e descoberta.

Os puzzles, claro, são outro dos elementos principais de Riven, e no remake foram mantidos com a mesma complexidade e lógica que tanto caracterizou o original. O jogador é desafiado a explorar e a resolver enigmas que estão integrados de forma orgânica no mundo do jogo. Seja a descodificar mecanismos antigos ou a interpretar pistas deixadas por outros personagens, a resolução dos puzzles é satisfatória e inteligentemente conectada à narrativa. Algumas mudanças foram feitas para melhorar o fluxo da jogabilidade, tornando certos momentos menos frustrantes, mas sem comprometer a sensação de conquista que se obtém ao resolver um enigma particularmente difícil.

Riven é um jogo que valoriza a paciência e a atenção ao detalhe. Não há ação frenética nem combates; o foco está inteiramente na exploração e na resolução de quebra-cabeças. O remake consegue preservar esta essência, oferecendo uma experiência que é ao mesmo tempo fiel ao jogo original e inovadora no que toca à apresentação e jogabilidade. Para os fãs de longa data, é uma oportunidade de revisitar um mundo fascinante e misterioso com novos olhos. Para os novatos, é uma porta de entrada para uma das séries de aventura mais influentes e respeitadas da história dos videojogos. Riven, no seu remake, reafirma-se como um dos maiores exemplos do que pode ser alcançado com um design inteligente e uma narrativa envolvente.

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