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Antevisão: Deck of Souls

Deck of Souls, desenvolvido pela Bigboot Studios, apresenta-se como um jogo de construção de baralhos com elementos rogue-like. À primeira vista, pode parecer um título genérico dentro do género, mas à medida que nos envolvemos com a sua jogabilidade, torna-se evidente que muito esforço e dedicação foram aplicados na sua criação. O jogo destaca-se por uma combinação de gráficos pixelizados, uma banda sonora atmosférica e uma interface simples, mas funcional, que facilita a navegação e a experiência de jogo. Além dos aspetos básicos da construção de baralhos, Deck of Souls introduz um sistema de equipamento, melhorias e decisões morais que trazem frescura e profundidade ao género, influenciando diretamente o estilo de jogo e a progressão.

A escolha estética do jogo pode inicialmente parecer pouco impressionante, mas com o tempo, os gráficos pixelizados acabam por se revelar um dos seus pontos fortes. Os sprites são incrivelmente detalhados, com alguns inimigos a transmitirem uma sensação de desconforto e terror, o que adiciona uma camada de imersão ao ambiente sombrio do jogo. Os cenários, embora poucos em variedade, complementam bem os personagens e o estilo visual geral, criando uma atmosfera coerente. Seria interessante ver mais diversidade nos cenários, mas o que é apresentado é suficiente para não cansar o jogador. Cada classe disponível no jogo tem uma sensação única e oferece diferentes abordagens à jogabilidade, especialmente com o equipamento que se encontra ou se compra ao ferreiro, que permite variar bastante a forma como se enfrenta os desafios. O sistema de equipamento é um dos elementos mais interessantes de Deck of Souls. Podes comprar, vender ou melhorar o teu equipamento junto do ferreiro, e cada peça que encontras pode ter um impacto significativo no teu estilo de jogo. Algumas peças de equipamento fazem parte de conjuntos que oferecem bónus adicionais quando equipados, enquanto outras são armas muito mais poderosas que te ajudam na tua missão. Além disso, o jogo permite imbuir as armas com as almas de chefes, conferindo-lhes habilidades passivas úteis. Este é um aspeto bastante gratificante do jogo, pois oferece ao jogador a capacidade de adaptar o seu equipamento às suas preferências de jogabilidade, proporcionando variedade e personalização. No entanto, o jogo continua a centrar-se principalmente nas cartas, que desempenham o papel mais importante na progressão.

Um dos pontos fortes de Deck of Souls é a sua simplicidade em termos de interface. Tudo é apresentado de forma clara e fácil de entender, sem sobrecarregar o jogador com informações desnecessárias. No entanto, há algumas lacunas na experiência de qualidade de vida. Um exemplo disso é a impossibilidade de alterar uma jogada após a colocação de uma carta, o que pode ser frustrante em alguns momentos. Além disso, no início de cada jogada, escolhemos um item de um conjunto de relíquias aleatórias, mas o item escolhido não está automaticamente equipado. Embora seja possível alterar o equipamento após qualquer combate ou no acampamento, parece uma oportunidade desperdiçada de simplificar o processo. Estas pequenas falhas, embora notórias, não prejudicam significativamente a experiência global do jogo, que continua a ser agradável e envolvente. Outro aspeto interessante de Deck of Souls é o seu sistema de Decisão Moral. No final de cada capítulo, o jogador é confrontado com uma escolha que pode ter um impacto significativo na jogabilidade. As decisões não são apresentadas como boas ou más, mas sim como questões morais ambíguas que deixam ao jogador a responsabilidade de escolher o que é mais importante para si. Estas escolhas adicionam uma camada de profundidade ao jogo, fazendo com que cada decisão tenha peso e consequências, o que contribui para a sensação de imersão e envolvimento na história. Este sistema, embora não seja completamente inovador, é bem executado e complementa a narrativa do jogo, proporcionando uma experiência mais rica e personalizada.

A história de Deck of Souls também é digna de nota. Embora o enredo principal ainda esteja em fase de desenvolvimento, o que já está implementado desperta bastante interesse. Em vez de seguir a narrativa típica de um herói solitário a lutar contra hordas de inimigos até chegar ao objetivo final, o jogo coloca o jogador no papel de Tohuel, o “Mestre do Ciclo”. Sem revelar spoilers, é possível afirmar que a história oferece mais do que aparenta à primeira vista, com momentos de humor inesperados e referências subtis que adicionam leveza a um enredo que, de outra forma, seria bastante sério. Este equilíbrio entre o tom sério e o humor leve faz com que a narrativa seja envolvente sem se tornar demasiado pesada ou previsível.

Deck of Souls é um jogo com grande potencial, que já oferece uma experiência de qualidade apesar de ainda estar em desenvolvimento. Com uma jogabilidade sólida, gráficos pixelizados encantadores e uma história que cativa, é fácil recomendá-lo a fãs de jogos de construção de baralhos e rogue-likes. Embora não seja perfeito, especialmente com algumas funcionalidades de qualidade de vida ainda por melhorar, o jogo mostra claramente a paixão e o esforço da equipa de desenvolvimento. Por um preço acessível, Deck of Souls oferece horas de diversão e promete ainda mais com as futuras atualizações durante o seu período de Acesso Antecipado. É um título que vale a pena acompanhar de perto, especialmente para os jogadores que procuram algo novo no género.