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Análise: A Quiet Place: The Road Ahead

Introdução

A Quiet Place: The Road Ahead tenta adaptar para os videojogos o ambiente aterrorizante e silencioso do universo de A Quiet Place, uma popular franquia de filmes de terror. Desenvolvido pela Stormind Games, o jogo apresenta-se como uma experiência de furtividade em primeira pessoa, onde o jogador deve enfrentar criaturas sensíveis ao som, que atacam a mínima provocação auditiva. Lançado com o apoio da Saber Interactive, conhecida por jogos como World War Z e Space Marine 2, A Quiet Place: The Road Ahead é uma adaptação que tenta capturar a tensão e o medo de sobreviver num mundo onde o silêncio é uma questão de vida ou morte. No entanto, apesar da premissa promissora, o ritmo lento e alguns problemas técnicos impedem o jogo de alcançar a excelência que ambiciona.

Jogabilidade

A jogabilidade de A Quiet Place: The Road Ahead assenta numa série de mecânicas de furtividade e gestão de recursos, desafiando o jogador a monitorizar o som de cada passo e ação. A protagonista, Alex, tem asma, o que adiciona uma camada extra de dificuldade, pois o uso constante do inalador e o cuidado para evitar crises respiratórias são essenciais para a sua sobrevivência. O jogador deve explorar ambientes e tomar decisões cuidadosas, evitando superfícies barulhentas, lançando objetos para distrair as criaturas e usando uma lanterna para iluminar o caminho. Esta abordagem requer um planeamento meticuloso e uma constante atenção ao ambiente, enquanto a presença de criaturas torna qualquer erro potencialmente fatal. Embora estas mecânicas sejam eficazes em criar tensão, alguns momentos revelam-se frustrantes devido à programação inconsistente do comportamento das criaturas, que nem sempre reagem de forma previsível.

Mundo e história

A narrativa de A Quiet Place: The Road Ahead acontece após o início da invasão das criaturas, funcionando em paralelo ao primeiro filme. Aqui, acompanhamos a história de Alex, uma mulher grávida com asma que luta para sobreviver num mundo onde qualquer som pode ser fatal. A gravidez da protagonista serve de motivação emocional para a sua jornada, mas também coloca em questão a repetição de temas do primeiro filme. Ao longo do jogo, conhecemos alguns personagens secundários que ajudam a criar uma ligação com o mundo e a dar peso às motivações de Alex, embora a história não explore o seu destino de forma tão completa como poderia. A ausência de referências diretas aos personagens do filme é uma decisão inteligente, permitindo que o jogo tenha uma identidade própria, mas sem o toque emocional de um final mais completo ou momentos de ligação mais profundos, a história acaba por ser apenas satisfatória.

Grafismo

Visualmente, A Quiet Place: The Road Ahead consegue capturar o ambiente sombrio e opressivo de um mundo devastado pelas criaturas sensíveis ao som. As áreas estão bem desenhadas, com cenários sombrios e detalhados que reforçam a sensação de tensão e medo. No entanto, o design de alguns níveis nem sempre ajuda a jogabilidade, colocando o jogador em situações que parecem injustas, como corredores apertados onde é difícil escapar das criaturas. A criatura em si é bem representada e consegue assustar quando surge, mas a repetição das suas aparições e o comportamento previsível diminuem o impacto que poderia ter. Adicionalmente, o jogo sofre com problemas de desempenho e bugs, principalmente em áreas como o capítulo Trainwreck, onde a performance é instável e certos elementos do cenário não funcionam corretamente, o que prejudica a imersão.

Som

O design sonoro é um dos aspetos mais cruciais em A Quiet Place: The Road Ahead, e é aqui que o jogo mais se destaca. O som ambiente é fundamental para a experiência, criando uma tensão constante à medida que o jogador se move em silêncio e ouve cada passo e ruído ao seu redor. A adição de uma mecânica que usa o microfone do comando para alertar as criaturas sobre o som emitido é uma ideia interessante e inovadora, embora muitos jogadores optem por desativá-la após algumas horas. Esta funcionalidade contribui para o ambiente de terror, mas poderia ter sido explorada de forma ainda mais criativa. A banda sonora é discreta, como seria de esperar num jogo onde o silêncio é essencial, mas os efeitos sonoros, como o som dos passos e o bater do coração de Alex em momentos de tensão, estão bem implementados e ajudam a criar uma experiência de terror envolvente.

Conclusão

Apesar de uma premissa interessante e de alguns momentos de tensão genuína, A Quiet Place: The Road Ahead é uma experiência que acaba por desapontar devido a problemas de ritmo e algumas falhas técnicas. O jogo consegue criar um ambiente opressivo e manter a tensão graças à sua jogabilidade de furtividade e gestão de recursos, mas a repetição de algumas mecânicas e a falta de uma história mais profunda e conclusiva fazem com que perca impacto ao longo do tempo. Com algumas atualizações para corrigir os problemas de desempenho e a inteligência artificial das criaturas, The Road Ahead poderia ser uma experiência de terror mais gratificante. Para os fãs de jogos de furtividade e do universo de A Quiet Place, vale a pena experimentar pelo menos algumas horas, mas quem procura uma experiência de terror completa e polida poderá sentir-se frustrado.