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Análise: Songs of Steel: Hispania

Introdução

Songs of Steel: Hispania é um jogo de estratégia que se destaca por trazer à vida o confronto histórico entre a República Romana e os celtiberos de Numância, ocorrido entre 153 a.C. e 133 a.C. Com duas campanhas distintas à escolha, o jogador pode assumir o controlo de um exército romano ou celtibero e mergulhar numa série de batalhas que não só recriam os eventos históricos dessa época, mas também desafiam as suas habilidades estratégicas. A promessa de batalhas táticas profundas, juntamente com a recriação fiel das figuras históricas, são os grandes atrativos iniciais, mas será que o jogo cumpre as expectativas ao longo da campanha?

Jogabilidade

Songs of Steel: Hispania apresenta-se como um jogo de estratégia para todos, sejam jogadores iniciantes ou veteranos do género. A base da jogabilidade assenta num sistema de combate por turnos, onde o posicionamento, o flanqueamento e a utilização inteligente de coberturas são cruciais para o sucesso. A gestão de recursos fora do campo de batalha também desempenha um papel importante, permitindo que os jogadores melhorem o equipamento das suas tropas e planeiem cada movimento com cuidado.

No entanto, apesar de um início promissor, o jogo rapidamente mostra algumas limitações. A liberdade de tomar decisões táticas é bastante restrita, com muitos cenários a forçarem o jogador a utilizar composições de exército específicas, limitando a capacidade de personalizar a estratégia. Além disso, o recrutamento de tropas e a evolução das unidades estão presos a apenas três árvores de habilidades, o que limita bastante a diversidade entre as unidades, mesmo quando estas pertencem a tipos bastante diferentes. Para os jogadores que apreciam liberdade total na construção e gestão de exércitos, isto pode ser uma desilusão.

Por outro lado, o jogo oferece batalhas onde a sorte tem pouco impacto, focando-se inteiramente na habilidade estratégica do jogador. Se és um bom comandante, terás a oportunidade de vencer consistentemente, independentemente dos desafios. Isto torna o jogo ideal para quem gosta de ter controlo total sobre o resultado das suas decisões, sem que fatores aleatórios interfiram no processo.

Mundo e história

A história de Songs of Steel: Hispania segue fielmente os acontecimentos reais, transportando o jogador para uma era de conquistas e conflitos entre os romanos e os celtiberos. O enredo é enriquecido pela presença de personagens históricas importantes, como o general romano Públio Cornélio Cipião e os guerreiros celtiberos Rhetógenes, Megara, Ambo e Leuco. A narrativa gira em torno das suas lutas e decisões, o que ajuda a dar profundidade à experiência, transformando cada batalha numa peça de uma história maior.

Contudo, as escolhas oferecidas ao jogador nas secções de história não são tão impactantes quanto poderiam ser. Embora seja possível tomar decisões políticas e enfrentar dilemas morais, estas opções tendem a resultar em pequenas recompensas e não alteram significativamente o desenrolar da história ou da guerra. Para quem procura uma narrativa com ramificações e consequências profundas, este aspeto pode ser algo desapontante.

Grafismo

Um dos pontos mais fortes de Songs of Steel: Hispania é o seu estilo visual. As ilustrações desenhadas à mão são verdadeiramente impressionantes e conseguem capturar tanto a beleza como a brutalidade da época. As paisagens variam desde florestas densas a montanhas majestosas e cidades antigas, oferecendo uma grande diversidade visual que mantém o jogador envolvido e imerso no mundo do jogo.

Cada traço dos desenhos reflete o ambiente sombrio e intenso das batalhas, enquanto as animações dos combates são fluídas e satisfatórias. As personagens principais, tanto romanas como celtiberas, são bem representadas e possuem um design que lhes confere personalidade própria. A estética geral do jogo é, sem dúvida, um dos seus maiores trunfos, ajudando a criar uma atmosfera autêntica e evocativa.

Som

A banda sonora de Songs of Steel: Hispania complementa bem o ambiente do jogo, com composições épicas que acompanham as batalhas e momentos de tensão, contribuindo para aumentar a intensidade da experiência. A música adapta-se aos diferentes cenários e contextos, com temas mais suaves durante as fases de planeamento e outros mais dramáticos durante os confrontos. Este equilíbrio é eficaz, ajudando a manter o jogador imerso.

Os efeitos sonoros, por sua vez, são competentes. Cada batalha é acompanhada pelo som das armas a embater, os gritos de guerra das tropas e o caos generalizado dos confrontos. Embora não se destaque particularmente, o trabalho sonoro faz um bom trabalho em reforçar a atmosfera do jogo e nunca se torna repetitivo ou intrusivo.

Conclusão

Songs of Steel: Hispania é um jogo de estratégia sólido, com um bom equilíbrio entre acessibilidade e profundidade tática. Embora a sua abordagem à liberdade estratégica possa ser um ponto negativo para alguns jogadores, outros irão apreciar o foco nas decisões racionais e a ausência de sorte como fator determinante nas batalhas. As duas campanhas oferecem uma experiência diversificada, com os romanos e celtiberos a sentirem-se verdadeiramente distintos.

Apesar das suas limitações, especialmente na personalização de exércitos e nas ramificações narrativas, o jogo compensa com um estilo visual atraente e uma recriação fiel da história de Numância. As ilustrações desenhadas à mão são um destaque, e a banda sonora ajuda a criar uma experiência imersiva. Songs of Steel: Hispania é recomendado para fãs de estratégia que procuram um jogo focado no combate tático e histórico, embora aqueles que procuram mais liberdade ou um enredo mais dinâmico possam encontrar algumas frustrações ao longo do caminho.