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Análise: Back 4 Blood

A Valve parece ter um problema com lançar o terceiro jogo das suas séries. Ninguém esperou que o segundo Left 4 Dead saísse tão pouco tempo depois do primeiro, mas depois também ninguém estava à espera que nunca existisse um terceiro. Back 4 Blood pretende ser essencialmente esse terceiro jogo. Com parte da equipa igual e um nome semelhante, Back 4 Blood pode ser aquilo que os fãs estavam à espera e o único custo é a falta de apoio da Valve.

Uma das primeiras coisas que irão notar é que Back 4 Blood mistura nostalgia com moderno, misturando um jogo que vai buscar muito daquilo que fez de Left 4 Dead um sucesso, mas acrescentado todas aquelas coisas que são agora normais em quase todos os jogos, desde cartas e progressão, isto num jogo que nunca precisou nada disso. Mas ao jogar Back 4 Blood vemos que maior parte das novidades são bem vindas e acrescentam ao jogo. Back 4 Blood consegue parecer familiar na grande maioria do tempo, mas também refrescante e original.

Parte daquilo que faz do jogo bastante único é o seu sistema de execuções. Back 4 Blood é um sucessor espiritual de Left 4 Dead, sendo desenvolvido pelo estúdio original e muito do seu ADN está aqui presente. Left 4 Dead não era um jogo que se jogava apenas uma vez. Não existia progressão, mas o jogo era pensado para que os jogadores jogassem os mesmos níveis várias vezes e Back 4 Blood também é um jogo que jogamos mais de uma vez, mas desta vez é construído dessa forma. Existe uma campanha central em Back 4 Blood, que é PvE e projetada para co-op. Podemos jogar sozinhos, mas temos sempre um grupo de quatro pela campanha, portanto ou jogamos com bots ou com outros jogadores e não há grande razão para jogar com bots, apesar de estes serem bastante competentes.

Um aspeto que torna o jogo menos frustrante é que o progresso dentro das missões é guardado. Isto significa que se alguém sair a meio do jogo podem começar novamente a partir do sítio onde ficaram. Cada “partida” que jogamos pode partilhar o nível, mas há razões válidas para jogar várias vezes. Existem três dificuldades para escolher quando começamos uma partida, que aumentam dramaticamente a dificuldade. Enquanto que a mais fácil é descontraída, a mais difícil é um verdadeiro apocalipse e precisamos de uma boa equipa. Completar uma missão da campanha com qualquer outro jogador online dá-nos pontos em forma de uma moeda no jogo. Estes pontos podem ser gastos para desbloquear a progressão do jogo, na sua forma de árvore de habilidades. A progressão concede-nos cartões que podem ser muito úteis até simplesmente cosméticos.

Todos os cartões que vamos desbloqueando têm algum tipo de vantagem única, como dar-nos alguma saúde e com o tempo vão tornando-se mais variados e complexos, oferecendo vantagens maiores mas prejudicando em algum aspeto. O jogador pode escolher quinze das cartas que desbloqueou para formar um baralho e criar um baralho para usar ao iniciar uma nova partida. Entre cada nível, cinco cartas de seu baralho são compradas pela ordem de como montámos o deck. Também a horda de zombies tem o seu deck próprio, onde vários modificadores aleatórios são adicionados. Este tipo de aleatoriedade juntamente com a progressão obtidas das cartas fazem com que a experiência seja bem diferente da experiência de jogar Left 4 Dead. O que permite que este sistema funcione é ter cartas suficientes para construir um deck interessante em primeiro lugar e para isso precisamos de jogar online com outros jogadores, já que não podemos desbloquear cartas de outra forma.

Para ser muito honesto, o início sem boas cartas do jogo é bem menos divertido do que podia. É possível construir decks especializados que levam alguns aspetos do jogo ao limite e tratando-se de um jogo cooperativo é realmente divertido experimentar com algumas dessas builds. Tudo isso combina com o design de nível extremamente divertido e temos um jogo onde podemos ocupar uns bons meses. Alguns níveis são frenéticos e fantásticos de repetir uma e outra vez. Mas Back 4 Blood tem também PvP onde uma equipa joga como humanos e outra como zombies. O que torna este jogo diferente de Back 4 Blood é que os pequenos modificadores adicionados aos níveis dão uma dose de estratégia adicional ao jogo.

Left 4 Dead ficou marcado por inimigos inónicos e Back 4 Blood não fica atrás. Existem três inimigos principais, um grande zombi que absorve uma boa parte do dano e usa um grande braço para nos atacar, um zombie ágil e furtivo que cospe, salta e agarra e um gigante que explode. O jogo depois adiciona um pouco de variedade a cada um destes tipos standard. O jogo não tem uma grande variedade e os bosses são bastante desinspirados também, sendo pouco mais do que grandes zombies que levam muito dano. O sistema das cartas também pode parecer uma ideia excelente e é, mas tem alguns problemas. As cartas obrigam-nos a pensar de forma estratégica, mas como os inimigos também têm modificadores que mudam de cada vez, podemos fazer ajustes ao nosso deck que irão completamente contra o ideal na partida seguinte.

Back 4 Blood pode precisar de alguns ajustes e acredito que irá receber uma quantidade generosa de DLCs no futuro, mas começou no bom caminho. Há muito aqui para gostar e muito conteúdo para desbloquear. A jogabilidade em si é ótima, é muito bom visualmente e no geral é muito divertido. Desbloquear as cartas dá longevidade ao jogo e aquilo que não funciona pode ser resolvido com algumas alterações cirúrgicas numa atualização.