Análise: Sifu

Inspirado pelo cinema de artes marciais e moldado pelo jogo anterior da Sloclap, Absolver, Sifu consegue ser altamente inovador e gratificante ao mesmo tempo que frustrante e recheado de falhas. É raro o jogo inovador que não sofre de dores de crescimento, mas é realmente pena que Sifu tenha pontos altamente positivos e negativos praticamente em igual número. O combate de Absolver foi muito aclamado e a Slocap utiliza tudo o que aprendeu aí para criar uma experiência mais focada em Sifu, juntando uma série de mecânicas inovadoras, como o facto de a nossa personagem envelhecer a cada “morte”.

Apesar de eventualmente honrar as suas inspirações, Sifu exige muito ao jogador. É um daqueles jogos em que quando nos tornamos bons é realmente gratificante, mas até chegarmos a esse ponto temos que lidar com horas de frustração, onde morremos e morremos e morremos. Felizmente, a morte não é o fim em Sifu. É, paradoxalmente, a força vital do jogo, já que podemos ressuscitar, mas tal como referi acima, pagamentos com a idade da nossa personagem. Existe um contador que marca o número de mortes e que começa por acrescentar um ano à nossa idade, mas depois adiciona dois e três e por aí fora. Isto faz com que as primeiras mortes não sejam preoccupants, mas com o tempo começamos adicionar muitos anos à nossa idade e quando atingimos os 70 anos, jogamos a nossa última cartada.

Este é verdadeiramente o conceito mais inovador do jogo. O combate em si tem as suas raízes em Absolver, mas esta mecânica da idade é completamente nova para mim. É um conceito que começa por trazer bem mais confusão do que entretenimento e a dificuldade excessiva do jogo faz com que pareça que o jogo está constantemente a punir o jogador. O combate forma a carne do jogo e é feito de partes familiares, ataques leves e pesados, uma esquiva, um conjunto agradável de combos e muitos movimentos graciosos. No entanto mesmo os veteranos de jogos de luta corpo a corpo irão ter dificuldades em colocar tudo isto em prática.

O jogo não parece favorecer nem o ataque nem a defesa, mas sim um misto dos dois já que os nossos combos são desviados ou bloqueados com alguma facilidade e a nossa própria guarda é facilmente quebrada por rajadas de golpes inimigos. Se defender não é fácil, atacar também não é e qualquer janela de oportunidade que aparece, também desaparece a uma velocidade impressionante. A ação ocorre em cinco níveis que são standard em qualquer filme de kung fu. Os níveis em si são longos e difíceis do início ao fim.

Quando morremos verdadeiramente podemos tentar novamente com a idade e melhorias mantidas. No entanto, quando finalmente derrotarem o boss podem ser já bem velhos e o nível seguinte não irá recomeçar tudo do início. Isto faz com que seja preciso manter a idade da personagem baixa durante o máximo que conseguirem. Mesmo que consigam chegar ao nível seguinte, não basta poderem começar o nível de novo caso morram, já que caso comecem o nível com por exemplo 60 anos, irão recomeçar esse nível com 60 anos sempre. Isto faz com que acabem por recomeçar de novo várias vezes.

O que isto também provoca é um nível de repetição exagerado. Recomeçar implica começar do zero, sem melhorias nenhumas por exemplo. Caso demorem a tornarem-se bons no jogo irão ver os primeiros dois níveis vezes e vezes sem conta. Sifu não pede aos jogadores que sejam bons no jogo, mas sim que sejam essencialmente perfeitos. Não basta serem bons no combate também, precisam de decorar o mapa, aprender padrões e onde estão os inimigos. Quando finalmente dominarem o jogo irão então encontrar toda a graficiação que o jogo tem para oferecer e quando isso acontece, bem, Sifu torna-se tremendo.

Sifu é um jogo difícil que pune o jogador. Demora muito tempo a dominar o jogo e a repetição que exige é sobretudo frustrante, mas os mais persistentes irão encontrar uma jogabilidade fantástica e um dos melhores sistemas de combate de que tenho memória.

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