Análise: Ragnorium

Desenvolvido pelas mãos da Vitali Kirpu Productions e publicado pela Devolver Digital, Ragnorium é um simulador de colónia que consegue entusiasmar com algumas das promessas que faz. O mundo do jogo é definido de forma clara, assim como qual é o inimigo. O jogador é o comandante de um grupo de colonos numa zona remota. Na zona existe um grupo religioso que nos ataca, sendo essa a motivação para construir e defender o grupo.

A progressão é extremamente profunda, com uma árvore de objetivos a oferecer ao jogador muito para este fazer. A tecnologia e os objetivos são principalmente bloqueados pelo nível de comandante. Este nível aumenta à medida que desenvolvemos a nossa colónia. O progresso é incremental, com cada tecnologia dando acesso a uma melhoria discreta, como um novo edifício por exemplo. Os objetivos são desbloqueados em lotes através das opções de pesquisa nas entradas de tecnologia e são fáceis de identificar. Cada objetivo vem também acompanhado de uma recompensa.

Podemos começar Ragnorium essencialmente onde quisermos, já que este tem um sistema de seleção de local de pouso bastante inovador. Este sistema é usado tanto para escolher o local inicial da colónia como para escolher onde as futuras missões de abastecimento aterram. Os jogadores usam a Influência que ganham cumprindo objetivos no jogo para comprar módulos de em uma nave de abastecimento. Esta nave uma vez lançada, dá-nos uma visão de alta altitude que permite ao jogador ver o mapa. Clicar num qualquer local permite especificar quais dos módulos adquiridos aterram aí. O jogador pode ter várias naves lançadas para trazer colonos e abastecimentos adicionais. Os únicos limites são a influência que conseguimos ganhar. O jogo conta com uma variedade fantástica de materiais para interagir e o jogo em si é grande o suficiente para que ao fim de largas horas ainda encontremos algum elemento que não explorámos.

Os criadores de Ragnorium tomaram algumas decisões questionáveis ​​na forma como o jogo é apresentado. O jogo parece meio granulado e saturado, especialmente quando se tratam de unidades móveis. O resultado final destas decisões é que o jogo acabe por parecer que está atrás de um filtro de um monitor antigo de baixa resolução. A paleta de cores do jogo é outro problema, já que aquilo que é essencial acaba por ser o que menos destaque tem, com muita informação a ficar remetida a um pequeno ponto branco. Os problemas visuais não se ficam por aqui já que o zoom máximo é frustrantemente pequeno e nos dá muito pouca noção do ambiente. Podemos deslocar e rodar a câmara mas a velocidade de movimento da câmara faz com que a sua utilização não seja agradável.

Este é um jogo de gestão e como a maioria dos outros jogos do género, a gestão bem-sucedida depende em grande parte do jogo conseguir mostrar a informação de forma simples, dando destaque aos dados mais relevantes. Infelizmente Ragnorium é fraco neste aspeto, com poucas dicas e ferramentas que contêm informações relevante. A gestão do jogador das tarefas e equipamentos é feita estritamente a nível individual, não existindo nenhuma maneira de ver o desempenho geral. No geral há também uma falta de sentido de orientação global. Nunca senti que o jogo me estivesse a ligar para um lugar ou numa direção sequer. O jogo é também muito limitado em termos de opções de dificuldade, limitando-se a três que parecem ter mais em comum do que a separá-las. O jogo no geral é difícil, especialmente no nível de dificuldade mais alto.

Há muito para gostar em Ragnorium e no geral é um jogo agradável de jogar, mas não é um jogo que se possa assumir como uma das melhores experiências do género. A pouca leitura visual do que está a acontecer, uma câmara pouco responsiva e algumas mecânicas punitivas no jogo fazem com que Ragnorium nunca atinja as marcas que poderia, com algumas melhorias e escolhas diferentes no desenvolvimento, ter atingido.

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