Análise: Blacken Slash

Blacken Slash é um roguelite minimalista passado num sistema informático corrompido. O jogo é desenvolvido essencialmente por uma pessoa apenas e consegue ser impressionante por esse facto. Os visuais são simples, mas mas têm uma direção artistica interessante. A nossa personagem por exemplo é simplesmente uma pirâmide. Mas o jogo consegue apresentar ideias interessantes.

A UI por exemplo é realmente simples, mas interessante, tendo até alguns elementos integrados no jogo, como o mostrador da vida que é mostrado no interior da pirâmide. Interessante é também a forma como o dano é representado com a vivacidade das cores. Quanto mais vivas forem as cores do jogo mais vida tem a nossa personagem e à medida que vamos sofrendo dano vamos vendo as cores a ficar mais escuras.

A nossa pirâmide é uma espécie de programa que pode evoluir, ganhar novas habilidades e poderes à medida que avançamos no jogo. Enquanto que os jogos do género se focam muito na personagem em si, Blacken Slash é um roguelite que vai um pouco mais além, incluindo coisas como o número de movimentos por turno por exemplo. As variáveis são muitas e o jogo oferece ao jogador um poder imenso para definir muitas das mecânicas através dos powerups que recebe.

Blacken Slash é muito simples de aprender e joga-se bastante rápido, apesar de ser um jogo baseado em turnos. A jogabilidade assemelha-se a um RPG de ação tático, mas muitos dos níveis demoram menos de 30 segundos, pelo menos os iniciais que vamos jogar mais vezes. Não existe no entanto urgência nenhuma. Podemos demorar o tempo que quisermos em cada nível. Jogar é realmente simples e resume-se a clicar para mover a personagem e se aproximarem de um inimigo ataca-o. Cada movimento consome um movimento disponível, tendo no início três disponíveis, mas como vimos acima isso pode mudar. Espalhados pelos niveis estão equipamentos que nos dão bonus ativos ou passivos.

O grafismo simples do jogo vem com uma vantagem, a facilidade com que identificamos os inimigos do jogo. Isto faz com que se torne bastante simples usar a melhor estratégia para cada um. Isto não quer dizer que o jogo seja fácil ou previsível, muito pelo contrário. Blacken Slash é realmente desafiante. A liberdade que nos dá faz com que cometamos muitos erros. Cada transmissor e circuito tem um conjunto de estatísticas, que podem variar de dano, chance de evasão ou estatísticas especiais. Também ganhamos kernels, a moeda do jogo, e uma das coisas em que podemos gastá-los é melhorias de qualquer estatística de qualquer peça de equipamento que tenhamos ou pedir uma nova aleatória para um tipo diferente de estatística.

O jogo torna-se assim uma experiência muito pessoal e aquilo que pode parecer óbvio traz consigo problemas. Podemos focar todos os nossos esforços em aumentar o número de movimentos que temos, mas isso não garante que eliminemos todos os inimigos e corremos o risco de ficar sem nenhuma defesa. Conseguimos sentir muito quando aumentamos o nosso dano, mas como este é um roguelite, iremos perder tudo quando morremos. Na realidade não é bem assim, já que podemos guardar equipamentos no arquivo, uma mecânica não muito óbvia, mas essencial para termos sucesso no jogo. O arquivo é essencialmente importante para as corridas seguintes, já que nos permite guardar equipamentos bons mas que não nos dão jeito neste momento por exemplo, ou se conseguirmos guardar um bom equipamento mesmo antes de morrer também é ótimo.

Blacken Slash é um jogo interessante e inteligente, cheio de boas ideias e que consegue esconder muito bem o facto de ser criado por apenas uma pessoa. Quando digo esconder não quero dizer que o jogo realmente esconda isso, já que abre praticamente com essa informação. Digo esconder na medida em que o jogo tem uma qualidade bem acima do normal para um projeto de apenas uma pessoa. A jogabilidade central é simples de entender, mas a sua construção de personagens vai muito além do óbvio e o resultado final é um jogo em que facilmente gastamos horas sem dar conta. .

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